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Faceira

Foi num samba
De gente bamba
Ô, gente bamba
Que eu te conheci, faceira
Fazendo visagem
Passando rasteira
Que bom
Que bom
Que bom

E desceste lá do morro
Pra viver cá na cidade
Deixando os companheiros
Quase loucos de saudade
Linda criança
Tenho fé
Tenho esperança
Que algum dia hás de voltar
Direitinho ao teu lugar

Tu

Teu olhar é um sonho azul
Teu sorriso, uma promessa louca
Teus lábios, duas jóias de coral
No engaste sensual de tua boca

O mais lindo luar, tu
A grandeza do mar, tu
Só te quero a ti
Só te sinto a ti
Só palpito por ti
És minha vida, querida

Jogada pelo mundo

A felicidade não manda avisar
Quando vai chegar a ninguém, a ninguém
Pode vir de noite ou de dia
É sempre um motivo de alegria

Eu tenho sol, a flor e o mar
Tenho o luar e o arrebol
Tenho as mais lindas alvoradas
Tenho montanhas azuladas
Tenho a canção dos pescadores
Tenho essa vida de mil amores
Molho os meus pés
Nas águas limpas dos igarapés
Eu tenho sol, a flor e o mar
Tenho o luar e o arrebol
Tenho as mais lindas alvoradas
Tenho montanhas azuladas
Pois tendo tudo, não tenho nada
Ando jogada por esse mundo
Não tenho um bem
Nem o amor de ninguém

A felicidade não manda avisar
Quando vai chegar a ninguém, a ninguém

Folha morta

Sei que falam de mim
Sei que zombam de mim
Oh, Deus, como eu sou infeliz
Vivo à margem da vida
Sem amparo ou guarida
Oh, Deus, como eu sou infeliz

Já tive amores, tive carinhos
Já tive sonhos
Os dessabores levaram minha alma
Por caminhos tristonhos
Hoje sou folha morta
Que a corrente transporta
Oh, Deus, como eu sou infeliz, infeliz
Eu queria um minuto apenas
Pra mostrar minhas penas
Oh, Deus, como eu sou infeliz

Camisa amarela

Encontrei o meu pedaço na avenida
De camisa amarela
Cantando a Florisbela
A Florisbela
Convidei-o a voltar pra casa em minha companhia
Exibiu-me um sorriso de ironia
E desapareceu no turbilhão da galeria
Não estava nada bom
O meu pedaço na verdade
Estava bem mamado
Bem chumbado, atravessado
Foi por aí cambaleando
Se acabando num cordão
Com um reco-reco na mão
Mais tarde o encontrei num café do rapa
Do Largo da Lapa
Folião de raça
Bebendo o quinto copo de cachaça
Voltou as sete horas da manhã
Mas só na quarta-feira
Cantando a Jardineira
Ô, a Jardineira
Me pediu ainda zonzo um copo d’água com bicarbonato
Meu pedaço estava ruim de fato
Pois caiu da cama e não tirou nem o sapato
E roncou uma semana
Despertou mal-humorado
Quis brigar comigo
Que perigo!
Mas não ligo
O meu pedaço me domina
Me fascina
Ele é o “tal”
Por isso não levo à mal
Pegou a camisa
A camisa amarela
Botou fogo nela
Gosto dele assim
Passou a brincadeira
E ele é pra mim

É luxo só

Olha, essa mulata quando samba
É luxo só
Quando todo seu corpo se embalança
É luxo só
Tem um não sei quê
Que faz a confusão
O que ela não tem meu Deus,
É compaixão
Êta, mulata quando, ah
Olha, essa mulata quando dança
É luxo só
Quando todo seu corpo se embalança
É luxo só
Porém seu coração quando se agita
E palpita mais ligeiro
Nunca vi compasso tão brasileiro

Êta, samba, cai pra lá
Cai pra cá, cai pra lá, cai pra cá
Êta, samba, cai pra lá
Cai pra cá, cai pra lá, cai pra cá
Mexe com as cadeiras, mulata
Seu requebrado me maltrata

No tabuleiro da baiana

No tabuleiro da baiana tem
Vatapá, oi
Caruru
Mungunzá
Tem umbu
Pra ioiô
Se eu pedir você me dá
O seu coração
Seu amor de iaiá

No coração da baiana tem
Sedução
Canjerê
Ilusão
Candomblé
Pra você

Juro por deus
Pelo senhor do bonfim
Quero você, baianinha, inteirinha pra mim
Sim, mas depois, o que será de nós dois?
Seu amor é tão fulgáz, enganador

Tudo já fiz
Fui até num canjerê
Pra ser feliz
Meus trapinhos juntar com você
E depois vai ser mais uma ilusão
Que no amor quem governa é o coração

No tabuleiro da baiana tem
Vatapá, oi
Caruru
Mungunzá, oi
Tem umbu
Pra ioiô
Se eu pedir você me dá
O seu coração
Seu amor de iaiá

No coração da baiana também tem
Sedução
Canjerê
Ilusão
Candomblé
Pra você

Aquarela do Brasil

Brasil!
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus ver…sos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
Ó Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim, pra mim
Ó abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil!
Brasil!
Deixa cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Brasil!
Pra mim, pra mim
Brasil!
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiferen…te
O Brasil, verde que dá
Para o mundo admirar
Ó Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim, pra mim
O esse coqueiro que dá côco
Oi, onde amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil!
Brasil!
Oi estas fontes murmurantes
Oi onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
O, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil!

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