Da Lama ao Caos

Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar
Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu ví um chié andando devagar
E um aratu pra lá e pra cá
E um carangueijo andando pro sul
Saiu do mangue, virou gabiru

Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça

Peguei um baláio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
“Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir”
E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu ví um chié andando devagar
E um aratu pra lá e pra cá
E um carangueijo andando pro sul
Saiu do mangue, virou gabiru

Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça

Peguei um baláio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
“Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir”
E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana


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Álbum:
Ano:
Estilo Musical: Maracatu

8 comentários em “Da Lama ao Caos”

  1. Chico Science gostava muito de ficção científica e tinha um forte engajamento social.
    “Da Lama ao Caos” conta a historia de um “homem-Caranguejo” que sai do mangue e vai para a cidade afim de mudar de vida. Só que ele percebe que não há muita diferença entre a sujeira da “lama” do mangue e o caos da grande cidade. Pois ele se sente “roubado” onde quer que esteja (mangue ou cidade).

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  2. Acredito que o autor ao falar o nome “Josué”,ele faz Referência a Josué de Castro que escreveu o livro Chamado de Geografia da fome, onde esse mapeou determinadas áreas geográficas do Brasil para descobrir as causas naturais e sociais da fome nesse País.Claro que ainda há mais o que interpretar.

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  3. lbcarvalho

    Lama ao Caos, seria o homem, nordestino vivendo aqui na “lama” e migra para o “caos” que pode ser qualquer cidade brasileira nordestina ou sulista com a falsa promessa de melhorar de vida.

    O sol queimou, queimou a lama do rio
    Eu ví um chié andando devagar
    E um aratu pra lá e pra cá
    E um carangueijo andando pro sul
    Saiu do mangue, virou gabiru. O sol queima a lama, remete a seca nordestina. Chié carangueijo pequeno da Mao grande que se movimenta rapido. Aratu carangueijo vermelho. Carangueijo indo pro sul, remete ao homem que migra pra fora e vira gabiru, rato que vive no esgoto comendo lixo.
    Urubu, interpreto como politicos.
    Começar a pensar, nao da pra pensar com fome, e com um pouco de comida no bucho posso fazer uma revoluçao.
    Organizando posso desorganizar, Nossa capacidade de mudar apos recebermos educaçao e mudar a situaçao da nossa vida e de outros.
    Desorganizando posso me organizar, ou seja, posso roubar ser corrupto e me organizar mas deixando o outro se desorganizar.

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  4. No Recife, os mangues ficam dentro da cidade. Daí surgiu o carangueijo com cérebro, ou o homem carangueijo. O Home come o carangueijo e defeca no mangue, o carangueijo se alimenta no mangue e o homem come o carangueijo. Um sistema auto-sustentável.

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  5. Antônio Neto

    Ele faz referência direta a Max, Foucault na parte em que fala “posso sair daqui pra me organizar, posso sair daqui pra desorganizar…” E clara referência a Josué de Castro ao abordar a fome e a implicância disso na sociedade e no modo de pensar do cidadão que vive no mangue

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  6. Maria Conceiçāo Sousa Fernandes

    Insperado em Josué de Castro refaz a migraçāo que traz o organizar e desorganizar, tanto faz… com fome, da lama ao caos e vice-versa.

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  7. Da lama ao caos, faixa de número três do disco homônimo de 1994, de Chico Science & Nação Zumbi. Composição: Chico Science.

    “Posso sair daqui para me organizar
    Posso sair daqui para desorganizar
    Posso sair daqui para me organizar
    Posso sair daqui para desorganizar
    Da lama ao caos, do caos à lama
    Um homem roubado nunca se engana
    Da lama ao caos, do caos à lama
    Um homem roubado nunca se engana”

    Posso sair daqui para me organizar (eu), posso sair daqui para desorganizar (O sistema).
    Se a massa se organiza, ela pode desorganizar muita coisa (exemplo as revoluções mundo a fora).

    “O sol queimou, queimou a lama do rio
    Eu ví um chié andando devagar
    E um aratu pra lá e pra cá
    E um carangueijo andando pro sul
    Saiu do mangue, virou gabiru”

    Homem-caranguejo x homem-gabiru.
    Antes é preciso entender os termos. O primeiro é o homem que vive do mangue, passa fome, tal qual o eu lírico da musica (fala-se mais sobre isso na faixa número 10 do mesmo disco, “Antene-se”. “Gabiru” é o termo atribuído ao nordestino do sertão, subnutrido, de baixa estatura, que vive da seca, passa fome, tal qual o Severino (de Morte e Vida Severina). No livro da década de 50, o autor conta a vida de um homem que contraria sua própria história, saindo da seca e indo pro mangue tentar melhorar de vida. Porém seria inútil fazer o caminho contrário, fome por fome, melhor deixar pra lá. E por falar em fome, o verso seguinte frisa exatamente isso.

    “Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça
    Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça”

    Ou seja, quanto mais pobre um povo, mais gente querendo sua morte há.

    Peguei um balaio, fui à feira roubar tomate e cebola
    Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
    “Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
    Com a barriga vazia não consigo dormir”
    E com o bucho mais cheio comecei a pensar
    Que eu me organizando posso desorganizar
    Que eu desorganizando posso me organizar
    Que eu me organizando posso desorganizar

    A situação de miséria era tão grande, que além de roubar comida para sobreviver, estavam roubando comida uns dos outros. Quando o eu lírico se vê aliviado da fome, o pensamento revolucionário que o pegou no primeiro verso volta ainda mais claro (confirmando a explicação da primeira estrofe).

    “Da lama ao caos, do caos à lama
    Um homem roubado nunca se engana
    Da lama ao caos, do caos à lama
    Um homem roubado nunca se engana”

    Ao final da primeira parte da música, o refrão, o título e o propósito da letra ficam enfim claros, Da lama ao caos, se não for assim, nada se resolve, só com briga e revolução se faz a mudança, caso contrário só se troca uma miséria por outra.

    Por Bruno Martelli

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