Despejo na favela

Quando o oficial de justiça chegou
Lá na favela
E, contra seu desejo
Entregou pra seu narciso
Um aviso, uma ordem de despejo

— Assinada, seu doutor
Assim dizia a ‘pedição’
“Dentro de dez dias
Quero a favela vazia
E os barracos todos no chão”

— É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
É uma ordem superior

— Não tem nada não, seu doutor
Não tem nada não
Amanhã mesmo vou deixar meu barracão
Não tem nada não, seu doutor
Vou sair daqui
Pra não ouvir o ronco do trator

— Pra mim não tem ‘probrema’
Em qualquer canto eu me arrumo
De qualquer jeito eu me ajeito
Depois, o que eu tenho é tão pouco
Minha mudança é tão pequena
Que cabe no bolso de trás

…Mas essa gente aí, hein?
Como é que faz?
Mas essa gente aí, hein?
Com’é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí
Como é que faz?
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí, hein?!
Como é que faz?


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1 comentário em “Despejo na favela”

  1. Vital Ferreira

    Gosto como as letras de Adoniran Barbosa retratam o problema habitacional que aflige as grandes cidades desde sempre. Apesar da tristeza do tema, acho lindo como o choro do cavaquinho se junta a voz de um Adoniran que consegue transmitir o sentimento de alguém que perdeu tudo. Na minha visão, Despejo na Favela, Saudosa Maloca e Abrigo de Vagabundo são uma espécie de “trilogia” de canções em que Adoniran aborda esse tema, e mostram o quanto o trabalho dele é importante e atemporal.

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