Tropicália

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés, os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz

Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país

Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,
Feia e morta,
Estende a mão

Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis

Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele pões os olhos grandes sobre mim

Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém, o monumento
É bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a banda, da, da
Carmen Miranda, da, da, da, da


Letra Composta por: Caetano Veloso
Melodia Composta por:
Álbum: Caetano Veloso
Ano: 1968
Estilo Musical:

30 comentários em “Tropicália”

  1. carlos ferreira viana

    Essa letra basicamente, relaciona a diversidade do Brasil e seus simbolos, com a tropicalia e sua diversidade musical.
    Nessa letra Caetano Veloso tenta explicar o que é a tropicalia(que representa o Brasil, por isso muitas vezes na letra, a tropicalia=movimento=monumento=coisas do Brasil) de forma concreta como se fosse um pintor pintando um quadro, onde pudesse dizer:-O Brasil e a tropicalia está sintetizado nesse quadro que eu pintei.
    No meio desse “quadro” que ele comeca a imaginar, supostamente existe um monumento desenhado , tipo uma estátua.Essa estátua é a própria tropicalia=brasil tb.Ele refere-se a ela em vários trechos da letra.A estátua está no MEIO do quadro, que seria o Brasil, uma coisa mais ampla que a própria tropicalia.
    Pra começar essa idéia, o Caetano resolve começar a letra dentro de um contexto:Ele se imagina numa estrada, viajando, indo em direção ao monumento para inaugura-lo(Na estrada, ele olha pra cima, ve aviões, olha pros lados vê caminhões, e seu nariz aponta para os chapadões, na direção do planalto central,ou seja, ele se imagina indo pro planalto central inaugurar o monumento.
    Metaforicamente, os caminhões e aviões representam o progresso assim como a tropicalia.
    Como o monumento está no Planalto Central, da pra entender que a “estátua contida no quadro”, vai ser a IDEIA CENTRAL da letra, mas que além do “monumento”, vão existir outras coisas pintadas no quadro também.
    Depois ele começa a pintar seu quadro com coisas do brasil mostrando sua diversidade(através da antitese entre sofisticação-simplicidade
    “Viva a bossa”(bossa nova=sofisticação)
    “Viva a palhoça”(palhoça=simplicidade)
    Lembrando, que ele está exultando coisas do Brasil, através da palavra VIVA.

    “O monumento é de papel crepom e prata”
    “Os olhos verdes da mulata”
    Nesse trecho ele começa a dar vida a sua estátua(que representa a tropicalia e o brasil):
    Ele indica que ela é feita de papel crepom(simples) e prata(sofisticado)
    Tem olhos verdes e pele morena(mistura de raças, é a mesma idéia de sofisticado misturado com simples)

    “A cabeleira esconde atras da verde mata o luar do sertão”

    Nessa frase ele indica que seu monumento tem cabeleira. Como o monumento representa o Brasil, a cabeleira da “estátua” representa a mata do brasil.(igual ao verde da bandeira).
    E quando se está dentro da mata a noite por exemplo, não é possível ver o luar(do sertão, da mata, do brasil, a lua é uma só).

    “O monumento não tem porta
    A entrada é uma rua antiga,
    Estreita e torta”

    Esse trecho em outras palavras diz: A tropicalia no passado já existia mas ninguém a enxergou porque ela não tinha porta, porém ela era a entrada sem porta de uma rua ANTIGA(que já existia faz tempo), e mesmo que se descobrisse a entrada(Já que não tinha porta), a tropicalia era de dificil acesso, pois a rua era ESTREITA e TORTA.

    Essa metáfora acima ele concretiza(diz a mesma coisa de forma concreta) no seu “monumento” no trecho abaixo:

    “E no joelho uma criança sorridente,
    Feia e morta,
    Estende a mão”

    Aqui fica claro que sua estátua(que representa a tropicalia e o brasil), é concretizada na forma de homem/ou mulher), ele já tinha dito da cabeleira,olhos, agora joelho, e mais pra frente fala da mão do monumento.

    Em outras palavras ele diz: A criança sorridente pode ser o povo, que deveria estar seguro no joelho do país, mas que morreu feio e estendendo a mão, pedindo ajuda.
    O fato de ele usar uma criança sorridente e estendendo a mão, que é um contraponto de feia e morta,mostra um certo otimismo no futuro, pois a criança representa esperança ainda.
    A criança também pode ser a própria tropicalia que ficou abandonada na rua estreita e antiga(não se desenvolveu, por isso é criança, e acabou morrendo estendendo a mão).
    Isso até o momento que os tropicalistas ressuscitam essa criança, pois descobrem a rua que leva a tropicalia.

    “Viva a mata”
    Viva a mulata”

    Exultando a mata e a mulata do brasil

    “No patio interno há uma piscina”
    No quadro que ele pinta que é o brasil existe um pátio, uma piscina(os mares,rios, do brasil) com

    “com água azul de Amaralina”
    Amaralina é onde Caetano viveu na infancia, portanto o quadro de brasil que ele pinta, ele deixa claro que está pintando com os seus pontos de vista pessoias.

    Os coqueiros, as brisas, a fala nordestina, os fárois são elementos Do brasil, que ele coloca no seu “quadro” também

    “Na mão direita tem uma roseira
    Autenticando eterna primavera”

    Na mão direita da sua estátua tem uma roseira, que representa(autentica) a primavera do brasil

    “E no jardim os urubus passeiam
    A tarde inteira entre os girassóis”

    No quadro que ele pinta do brasil, ele além de coisas boas, coloca as coisas ruins também, ou estranhas, como os urubus.(esse quadro multicolorido, preto com amarelo,verde azul,rosa, dá uma idéia geral do brasil e da tropicalia)

    Viva Maria(Nome comum no brasil)
    Viva Bahia(exultando a Bahia)

    “No pulso esquerdo o bang-bang
    Em suas veias corre muito pouco sangue
    Mas seu coração
    Balança a um samba de tamborim
    Emite acordes dissonantes
    Pelos cinco mil alto-falantes
    Senhoras e senhores
    Ele pões os olhos grandes sobre mim”

    Esse trecho, pode ser resumido na ultima frase

    “Ele põe os olhos grandes sobre mim”

    Os olhos da sua estátua, representa os olhos do país, que tudo vigia, ou deveria vigiar.
    Os olhos são na verdade o governo que vigiava o país,através da ditadura e especialmente vigiavam os tripicalistas.

    “Viva Iracema”(referencia ao indio, e a literatura, pois existe um livro chamado iracema)
    “Viva Ipanema”(Referencia ao Rio, e a Tom Jobim, por causa da Garota de Ipanema)

    “Domingo é o fino-da-bossa
    Segunda-feira está na fossa
    Terça-feira vai à roça
    Porém, o monumento
    É bem moderno
    Não disse nada do modelo
    Do meu terno
    Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
    Que tudo mais vá pro inferno, meu bem”

    Nessa parte final, ele surpreendentemente critíca todos estilos de música, menos a tropicalia

    Ele chama o fino da bossa de antiquado, e à compara com roça, e fossa

    Dominho é o fino da bossa(programa que passava de domingo)
    Segunda é fossa(nada de bom nesse dia pra ouvir)
    Terça é roça(nada de bom nesse dia pra ouvir)
    Porém, o monumento é bem moderno(ou seja, não tinha nada de bom, em nenhum dia da semana, pórem surgiu um monumento(tropicalia) bem moderno e legal)

    “Não disse nada do modelo do meu terno”(Não disse nada do meu estilo musical, ele se identificou comigo, e eu me identifiquei com ele)
    Nesse trecho, Caetano diz que só conseguiu se enquadrar na tropicalia, foi o unico terno que lhe caiu bem”

    “Que tudo mais vá pro inferno meu bem”(Que todos os outros estilos vão pro inferno, com referencia e crítica especial a Jovem Guarda aqui, por causa da frase do Roberto Carlos numa letra, que foi inserida aqui:”Quero que vc me aqueça nesse inverno,E que tudo mais vá pro inferno”

    E pra terminar ele faz uma referencia a Chico Buarque, na frase VIVA A BANDA(música A BANDA de Chico), e a Carmem Miranda.(termina com uma figura totalmente TROPICAL)

    A ídéia no fim é terminar com um contraponto também, já que o estilo de Chico Buarque é totalmente diferente da Tropicalia.(representada pela figura tropical da Carmem Miranda)

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    1. Bira Porto

      Boa noite! Correta sua interpretação. Moro em Amaralina. Mas Caetano morou aqui já adulto, com Gil, acho. Sua infância foi em Santo Amaro, onde nasceu. Também o “No pátio interno há uma piscina com água azul de Amaralina, Coqueiro, brisa e fala nordestina E faróis” se refere ao quartel do exército aqui do bairro. Talvez esses “faróis” se refiram à vigilância no tempo da ditadura. É só uma dica. Abraços.

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  2. Eu acredito que em Tropicália, Caetano esteja expondo sua indignação pela substituição das músicas de protestos, as quais denunciavam o autoritarismo e a intolerância da época, pela bossa nova, um gênero musical que tinha toda liberdade no mercado por não ter em suas entrelinhas nenhum cunho político-social…

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  3. Carlos, muito boa sua análise. Mas no verso “Segunda-feira está na fossa”, ‘fossa’ não se refere àquela fossa séptica, mas sim um estilo musical, ou algo assim. Caetano esplica no seu livro “Verdade Tropical”.

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    1. Fossa é referência ao Solar da Fossa, pensão onde Caetano morou e que foi a morada da contracultura brasileira na década de 1960, habitada, além de Caetano Veloso, pelos Novos Bahianos, Mutantes, Paulinho da Viola, Ruy Castro, José Wilker e Paulo Leminski, entre outros. Lembremos que a Tropicália é um movimento contracultural.

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  4. JADSON NOBRE

    Essa música é um canto contra a ditadura. Não se pode analisar um texto sem levar em consideração o contexto no qual ele “nasceu”. Essa interpretação é aceitável, porém está longe de abarcar a profundidade dos versos, cheios metáforas. Podemos considerar a música toda como uma alegoria da mudança, um apelo ao novo (modo de governar), em oposição ao que estava estabelecido (A ditadura). O monumento de que Caetano fala está em Brasília, é o Palácio do Planalto. Claro que a interpretação aqui exposta é válida, mas é muito aquém do propósito do discurso do eu-lírico (eu-autor) apresentado na letra em questão.

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  5. Falta uma coisa nessa interpretação.
    Ao falar no tá tá tá nas estrofes onde ele exalta a mulata e as coisas do Brasil, Caetano quer, visivelmente, remeter ao som das metralhadoras do regime militar . Essa exaltação que a ‘mata verde’ do Brasil causa, é usada para esconder as os pontos tortos da ordem vigente. É tudo uma crítica oculta á ditadura militar.

    Iracema, Ipanema. ma ma ma, juntando a outro refrão onde havia tá tá tá. Mata, mata, mata. As mortes causadas pelo regime.

    A Banda, a música de Chico Buarque, de leve conotação militante ( convite ao movimento social ) e a exaltação do Brasil pela imagem exportada, de Carmen.

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    1. “No pulso esquerdo o bang-bang
      Em suas veias corre
      Muito pouco sangue
      Mas seu coração
      Balança um samba de tamborim”

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  6. Muito boa a análise do Carlos, mas peca em alguns pontos.

    A ideia da música é fazer uma critica a ditadura, a censura e a situação social do país. E ao mesmo tempo exaltar a principal característica do Brasil: O antropofagismo.

    Pesquise e entenda o MODERNISMO no Brasil, se não não entenderá a música.

    A primeira parte analise do Carlos está errada:

    “Sobre a cabeça os aviões
    Sob os meus pés, os caminhões
    Aponta contra os chapadões, meu nariz”

    Aviões e caminhões militares. (Lembre do contexto histórico: Ditadura MILITAR)
    A última frase é a repressão da ditadura.

    “Eu organizo o movimento
    Eu oriento o carnaval
    Eu inauguro o monumento
    No planalto central do país”

    Movimento: Modernismo!!!
    Carnaval, mistura, ANTROPOFAGISMO(palavra chave quando se fala de Brasil)
    As outras duas frases fazem referência a mesma coisa. (não vou explicar frase por frase: Já disse pra pesquisar o Modernismo)

    “Viva a bossa, sa, sa
    Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça”
    O Carlos está certo. Leia a explicação dele.

    “O monumento é de papel crepom e prata”

    A simplicidade e o requinte. Crepom e Prata.
    Ele está igualando a arte simplista com as grandes obras.

    (Agora vou ter que dar uma breve explicação do modernismo se não você não entenderá: Antes do Modernismo arte só era considerada arte se fosse estudada e seguisse um padrão. Escolas de música, de pintura e blá, blá, blá.
    Você é acostumado com os dias de hoje que qualquer musiquinha de 3 acordes que você faz e poem na net é chamada de ARTE, mas não era assim não.
    Se você pintasse um super quadro mas ele não se adequasse ao padrão da época, ou seja, se a crítica não achasse arte: NÃO ERA. Simples assim. Ninguém compraria seus quadros.
    Então surgir o MOVIMENTO MODERNISTA ou MODERNISMO, que agora aceitava seu quadro como arte, mas não pense que foi assim do nada e PUFF. Os críticos passaram a aceitar tudo, teve toda uma luta pra isso.)

    “Os olhos verdes da mulata
    A cabeleira esconde atrás da verde mata
    O luar do sertão”

    Exaltando o Brasil.

    “O monumento não tem porta”
    A entrada é uma rua antiga,
    Estreita e torta”

    O Modernismo, nada de estátua. É uma forma de ironizar: Para fazer parte da elite de artistas antes do modernismo? Estude arte como condenado nos melhores colégios, faça oque os críticos querem, blá, blá, blá.
    E o modernismo?? Nem porta tem. Faz lá o seu quadro pintado com papel crepom molhado que ta tudo certo.
    O negócio da rua é porque antes você tinha que fazer tudo certinho, tudo linearzinho, tudo retinho. Agora é tudo desregular, não-linear.

    “E no joelho uma criança sorridente,
    Feia e morta,
    Estende a mão”

    Carlos errou aqui também. Isso é uma critica social ao país mesmo. E o estender de mão da criança é para pedir esmola ou comida.(Ditadura lembram? Não se analisa sem saber o contexto da época)

    “Viva a mata, ta, ta
    Viva a mulata, ta, ta, ta, ta”

    Exaltando o Brasil de novo e fazendo referência ao sons das metralhadoras: ta, ta, ta, ta!

    “No pátio interno há uma piscina
    Com água azul de Amaralina
    Coqueiro, brisa e fala nordestina
    E faróis
    Na mão direita tem uma roseira
    Autenticando eterna primavera
    E no jardim os urubus passeiam
    A tarde inteira entre os girassóis”

    Aqui é bom que você leia a explicação do Carlos. Ela está quase lá.
    Mas a a roseira que representa a primavera é foda. (Vou explicar não, pesquise primaveras)
    O pátio interno azul(azul), depois os girassóis(amarelos) e jardim(verde). BANDEIRA DO BRASIL.(Eu adoro isso, é admirável não?)
    Os urubus passeando no BRASIL, são os militares.(Contexto de novo: Ditadura Militar)

    “Viva Maria, ia, ia
    Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia”

    O Carlos está certo aqui, leia a explicação dele.

    “No pulso esquerdo o bang-bang
    Em suas veias corre muito pouco sangue
    Mas seu coração
    Balança a um samba de tamborim
    Emite acordes dissonantes
    Pelos cinco mil alto-falantes
    Senhoras e senhores
    Ele pões os olhos grandes sobre mim”

    Ditadura, ditadura e ditadura. Mais blá, blá, blá. Você já tem contexto, pense um pouco.

    “Viva Iracema, ma, ma
    Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma”

    Opa, aqui é importante eu explicar. Iracema, do livro IRACEMA (José de Alencar), é o ideal de beleza do ROMANTISMO.
    Ipanema, da música GAROTA DE IPANEMA (Tom Jobim), é o ideal de beleza do MODERNISMO.
    Romantismo e Modernismo são escolas literárias (Pesquise um pouco, quer tudo mastigado, que diacho!)

    (Informação adicional inútil à análise: IRACEMA é um anagrama de AMERICA. No livro, ela representa a America com sua pureza e beleza. E Martin Soares representa o Colono português, que desmata a America e acaba com sua beleza. Iracema morre depois que faz sexo com o Martin e perde a sua pureza.)

    “Domingo é o fino-da-bossa
    Segunda-feira está na fossa
    Terça-feira vai à roça”

    Fino da bossa era um programa de TV.
    Um brasileiro comum no domingo vê o fino da Bossa, na segunda esse brasileiro está na fossa(na merda, sem grana, fodido, ou seja, NA DITADURA.), terça feira ele ta trabalhando(trabalho pesado ainda: ROÇA).
    E sua vida por ai vai na politica de pão e circo (se você não sabe oque é a politica de pão circo, por todos os Deuses, vai estudar e para de ler isso aqui.)

    “Porém, o monumento
    É bem moderno”

    MODERNISMOOOOOO!!!!

    “Não disse nada do modelo
    Do meu terno”

    Modernismo não tem frescura, não tem blá, blá, blá. Não tem crítica e nem censura. Não precisa ser certinho, se vestir certino. Pode usar essa bosta desse terno ai mesmo, O MODERNISMO NÃO TE JULGA!

    “Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
    Que tudo mais vá pro inferno, meu bem”

    Pense oque você quiser desse trecho.

    “Viva a banda, da, da
    Carmen Miranda, da, da, da, da”

    Aqui eu não posso deixar de falar: Exalta o Brasil novamente, porém, o “DA, DA, DA, DA” é uma referência ao DADAÍSMO.
    É importante você pesquisar o dadaísmo, essa música foi composta com alguns princípios do dadaísmo.

    Obrigado a todos que leram até aqui, se vocês gostaram dê um prato de comida a um esfomeado na próxima oportunidade que tiver.
    Se não gostaram, basta não fazer nada.

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    1. Acredito que falta algumas observações sobre o próprio Caetano que você não comentou, como o uso da palavra “Fossa” a qual remete o “Solar da Fossa”, é a pensão onde Caetano morou, também quero fazer uma observação na parte do “não disse nada do modelo do meu terno”, não considero como uma visão do modernismo e sim de uma situação vivida pelo próprio Caetano no festival de música da Record em que sua entrada foi barrada pois ele não estava usando uma “roupa adequada” então ele teve que improvisar um blaiser para sua entrada ser permitida, inclusive ele fez alvo de vaias no festival, porém conquistou o publico com a música “Alegria, Alegria”.

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    2. Harlisson Araújo de moura

      Mn , muito obgd por essa sua explicação, eu usei a do Carlos , e acabei errando , depois ranquei as duas folhas que escrevi a explicação dele , pois é para um trabalho da escola e eu lembrei da prof ter falado de algo da ditadura , muito obgd pela a ajuda aí mn

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  7. Gostei bastante das análises, me esclareceu alguns pontos, mas em outro achei que todas as explicações falharam um pouco.
    “Tropicália” é na verdade a “Revista Pau-Brasil” do tropicalismo (pra quem não sabe, essa revista publicava, nos anos 20, o pensamento da vanguarda modernista da época). serei mais claro: o tropicalismo surgiu da junção de cultura engajada universitária da época, que ainda estava muito ligada a valores tradicionais com a jovem guarda de Roberto e Erasmo, estava ligada à cultura de massa e a um pensamento mais moderno. Uma pitada de nacionalismo e antropofagia e “voilá”.
    A música é menos cheia de linguagens do que as análises anteriores citaram.
    A análise do Fabio acabou se apegando muito ao contexto histórico da época, mas de maneira equivocada: a música é de 1967, ou seja, ditadura militar, porém ANTES da decretação do AI-5 (1968)
    que acabou com a liberdade de expressão.
    Neste momento específico, a ditadura incomoda, porém não eram ainda os “anos de chumbo”.
    Os aviões e caminhões, por exemplo, não são uma referência à ditadura: eles indicam o avanço da industria automobilística e aeronáutica, proporcionada pelos investimentos em rodovias e na implementação de montadoras estrangeiras por JK.
    Eu organizo o Movimento (o movimento estudantil, referência à cultura engajada), Eu oriento o Carnaval (Festa ligada aos costumes populares e que representa a fusão das festas religiosas europeias ao modo de celebrar africano), eu inauguro o Monumento no Planalto central do país (simples: Brasília, com seu projeto urbanístico concebido por Lúcio Costa e edifícios projetados por Oscar Niemeyer).
    Viva à Bossa (representa o que havia de mais moderno nos quesitos musicais da época)
    Viva à palhoça (de volta aos costumes populares).
    O monumento de papel crepom e prata nada mais é do que um carro alegórico (referências ao povo brasileiro e à miscigenação, que serão reafirmados no verso seguinte). O Monumento não tem porta (Brasilia, o monumento, não tem porta, porque é uma CIDADE) e as estradas que levam até lá não estavam concluídas ainda naquela época, tornando o caminho estreito e torto. E nesse caminho o que se encontrava: carência social representado na figura da criança.
    As explicações para o próximo refrão e a parte seguinte me pareceram bastante concisas.
    A parte do Bang Bang é uma referência ao filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, lançado da época, que, como parte de cultura engajada, tinha um tom implícito de protesto contra a ditadura.
    Viva Iracema (simbolizando a tradição clássica brasileira)
    Viva Ipanema (Bairro da Zona Sul do RJ, onde circulavam as últimas novidades no mundo da moda, da música e das artes, simbolizando o moderno).
    A parte seguinte: o povo que trabalha na roça tem acesso à cultura de massa da Jovem Guarda.
    Nesse próximo trecho eu acredito que haja ironia da parte do Caetano: o monumento (Brasília, representa, agora a sede do poder militar) não falou nada (ou seja, falou muito) do modelo do terno (da maneira como a música foi feita) e “Que tudo mais vá pro Inferno” realmente uma referência à música “Que tudo vá pro inferno” do 1965 (indicação de favorecimento à Jovem Guarda).
    a parte final também foi bastante coesa na análise de Fábio, também.
    E mais um detalhe: a sonoridade. Durante os versos percebe-se a utilização do instrumentário da Bossa-Nova, mas arranjado de forma “Moderna”, enquanto no refrão temos o instrumentário de um xote nordestino. Depois do refrão Iracema/Ipanema, esses dois sons se mesclam, ou seja, o Tropicalismo pretende mesclar o Moderno e o Tradicional, como foi anunciado durante a música inteira através das antíteses frequentes.
    Enfim, é apenas mais uma interpretação para a música, espero ter apenas acrescentado alguma coisa ao conteúdo tratado.
    Abraços à todos.

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  8. “O monumento não tem porta
    A entrada é uma rua antiga, Estreita e torta”. discordo sobre essa frase se referir à Brasília. Na realidade refere-se à Ouro Preto: “a entrada é uma rua antiga, estreita e torta”. E todos sabem que Ouro Preto sempre foi monumento nacional.

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  9. Nilo Quadros

    Amigos, acredito ser de fundamental importância discussões como estas sobre a música popular brasileira, que é na minha opinião uma das mais ricas do mundo.

    O verso “Na mão direita tem uma roseira” na minha opinião faz referência à roseira da música “Roda Viva” de Chico Buarque, escrita no mesmo ano, que representa o cultivo da liberdade. Com esta interpretação, o verso seguinte fica bem mais coerente para mim.

    Não há dúvidas que Caetano era contra a ditadura, e expressa isso na música muito claramente. Mas ele também era contra o revoltismo e o nacionalismo radical do movimento estudantil da época. Ele era adepto de qualquer coisa que considerasse boa, estética e salutar. Ele foi duramente criticado pelo movimento estudantil no início. Nesta canção, para mim, ele não toma um lado.

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  10. Kaiser Schwarcz

    Muito boas as análises do Fabio, Nilos e G. Fernandes.
    Mas vou adicionar um detalhe:

    Nos versos “Domingo é o fino da bossa,
    segunda-feira está na fossa,
    terça-feira vai à roça porém”

    Aqui Caetabo faz referência ao programa de auditório da Tv Record chamado ‘O fino da bossa’, apresentado domingo à noite por Elis Regina e Jair Rodrigues, no qual Gil, Bethânia e o próprio Caetano eram convidados recorrentes e foram lançados ao estrelato.

    Para Cetano era estressante participar dos programas, onde tinha que “enfrentar” uma platéia ainda bastante conservadora e que tinha forte preferência pela bossa nova e resistência à tropicalia e à liberdade de costumes que ela defendia. Por isso na segunda-feira, após o programa, Caetano ficava na fossa.

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  11. Carlos Ferreira Viana

    Muito boa a interpretação do G. Fernandes, complementou e corrigiu alguns pontos falhos na interpretação que eu tinha feito anteriormente, e observou coisas novas que ainda eu não tinha notado.
    Concordo com G. Fernandes que ideia da música é fazer critica a ditadura, a censura e a situação social. Gostei da interpretação dele, com relação a esses aspectos.Mas discordo no ponto que o G. Fernandes diz que a música ao mesmo tempo exalta o movimento que segundo ele seria o Modernismo.

    Pra mim, acredito que nos trechos que a letra se refere ao “monumento”, esse monumento representa a Tropicália e não o Modernismo.

    Digo isso porque os argumentos usados com relação ao modernismo são praticamente iguais e valem também para a Tropicália.

    O modernismo quebrou padrões e rompeu barreiras. Como foi dito, antes do modernismo um artista que pintasse um quadro fora dos padrões de estética dos críticos não teria seu quadro reconhecido como arte e etc.

    No entanto a Tropicália também fez o mesmo, mas com a música. Ambos tem a mesma concepção Antropofagista.

    Após a Tropicália, o que antes não era visto como música, passou a ser visto, aceito e admirado como tal.

    Isso abriu possibilidades para o surgimento de novos artistas e compositores, que influênciados pelo Tropicalismo tiveram maior liberdade de criação musical,sem se prender a estéticas já definidas, dando origem a excelentes estilos e músicas da nossa tão querida e rica MPB.

    Sendo o Caetano do meio musical, acredito que ele esteja falando da Tropicália e não do Modernismo (Com exceção de Iracema, citação clara à literatura).

    Além disso, não se esqueçam que a música se chama Tropicália, foi lançada num disco que se chama Tropicália ou Panis et Circensis, e que esse disco praticamente “oficializa” o Tropicalismo.

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  12. NATÁLIA BARRETO

    “Domingo é o fino-da-bossa
    Segunda-feira está na fossa
    Terça-feira vai à roça”

    NA VERDADE, IR À ROÇA É SER DESPEDIDO. A FOSSA É A RESSACA DO DOMINGO BOÊMIO DO BRASILEIRO.

    “Carmen Miranda, da, da, da, da”

    NUNCA TINHA OUVIDO FALAR EM DADAÍSMO NESSE TRECHO. A INTERPRETAÇÃO QUE EU CONHECIA ERA EM RELAÇÃO À RAIVA QUE O BRASILEIRO INTELECTUAL SENTIA EM “PERDER” CARMEM MIRANDA PARA O ESTADOS UNIDOS E “DA DA DA DA” SERIA UMA CRITICA A POSSIVEL RELAÇÃO AFETIVA QUE CARMEM MANTINHA COM O PRESIDENTE AMERICA DA ÉPOCA. CARMEM MIRANDA ESTARIA “DANDO” PARA O PRESIDENTE RS

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  13. Meu deus quanta merda escrita por aqui, pelo bem de vocês mesmos leiam o livro VERDADE TROPICAL escrito pelo próprio Caetano Veloso, nele ele explica a música inteirinha, que não tem nada a ver com boa parte dos chorumes escritos aqui por vocês.
    Ah mais uma coisa, o título Tropicália veio depois da música pronta e foi uma sugestão de um amigo fotógrafo do Caetano que relacionou a música com uma instalação do Helio Oiticica chamada Tropicália, Caetano a principio não gostou do titulo, mas acabou pegando e ele não conseguiu pensar em nada melhor, por isso a músia chama-se Tropicália e o movimento foi, POSTERIORMENTE batizado com o mesmo nome. ESTUDEM PORRA!

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    1. Quis pesquisar sobre a música e encontrei pessoas que se dispuseram do seu tempo e deram suas contribuições que me ajudaram bastante. De uma só palavra ou uma música ou seja o que for que se vá interpretar, podem surgir inúmeras interpretações, mesmo que não seja a mesma da ideia original. Isso não empobrece de forma alguma o seu significado! Ao contrário! Obrigada a todos!!!

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  14. Interessante notar também que, na penúltima estrofe (no trecho “o monumento/É bem moderno/Não disse nada do modelo /Do meu terno”), talvez Caetano se refira, de fato, ao modelo de terno usado por ele no II Festival de Música Popular Brasileira, em 1967, que, conforme mostrado no documentário “Uma noite em 67” era completamente inesperado para o evento… Neste dia, durante sua apresentação, Caetano usava um terno xadrez de cor marrom, além de uma camisa de gola rulê em um laranja bem chamativo: um tipo de roupa, no mínimo, extravagante.
    Como disse, é apenas uma suposição… Mas me baseei no que é mostrado no documentário que citei (“Uma noite em 67”), que aliás, recomendo que seja assistido!

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  15. joao macedo

    todos voces deram uma grande contribuição pra que eu podesse intender um pouco sobre esta obra prima de um dos maiores compositores do mundo. Pena que estou tente esta oportunidade agora com meus 60, não tive quando estudante… mas numca é tarde para se aprender. muito grato…

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