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A morte de Chico Preto

Na morte de Chico Preto

Houve muita tristeza no arraiá

Ele era cumpadre de todos

Não havia criança pagã no lugar

Os grandes rezavam uma incelência

A criança chamando

O padrinho a chorar

Era mestre em benzedura

Curava quebranto, tosse e queimadura

Picada de cobra

Não soube curar

Lalalaiá, laiá lalaiá Lalalaiá, lalaiá, lalaiá, laiá, laiá

Nós estava na lavoura

Pra ganhar algum dinheiro

Urutu tava na moita

Urutu tava na moita

E picou meu companheiro

À comadre Dona Benta

Ele deixou como herança

Um banquinho, uma esteira

E também quatro crianças

Três machos barrigudinhos

Moringa e um violão

Que Chico Preto tocava

Sob o luar do sertão

Deixou também Mariinha

A pobre e triste menina

Tão pequenina a coitada

Mas já tem a sua sina

Vocês aqui nada sabem

Do que vai pelo sertão

Menina quando é bonita

É presente pro filho do patrão

Os escravos de Jó

Saio do trabalh-ei
Volto para cas-ei
Não lembro de canseira maior
Em tudo é o mesmo suor

Em tudo é o mesmo suor

Saio do trabalh-ei
Volto para cas-ei
Não lembro de canseira maior
Em tudo é o mesmo suor

Vinde, vinde companheiros

La,la,la,la….

Vinde, vinde companheiros 
Ex-companheiras também
Que Jesus já é nascido 
Na cidade de Belém

Entoemos lindos cânticos 
Todos cheios de alegria
Louvando o menino Deus
Jesus filho de Maria

La,la,la,la….

Esta melodia

Quando vem rompendo o dia
Eu me levanto, começo logo a cantar
Esta doce melodia que me faz lembrar
Daquela linda noite de luar
Que eu tinha um alguém sempre a me esperar
Desde o dia em que ela foi embora
Eu guardo está canção na memória

Eu tinha esperança que um dia ela voltasse
Para a minha companhia
Deus deu resignação
Ao meu pobre coração
Não suporto mais tua ausência,
Vou pedir a Deus paciência
Não suporto mais tua ausência,
Vou pedi a Deus paciência

Garças pardas

Ouvi falar nas garças pardas 
Mas pensei que era brinquedo 
Nas florestas onde andei encontrei 
Plantas que até tive medo 
(Lá nas matas tudo é segredo) 

Eu pensei e estou arrependido 
Lá nas matas passei anos bem vividos 
Eu vi garças pardas 
Borboletas e um colorido tão sutil 
Que saudade que eu tenho das florestas do meu Brasil 

Coleção de passarinhos

Quiseram me comprar
eu não vendi
uma linda coleção de passarinhos
Bernardo é Gaturama
Aurélio é Rouxinol
Lino é o Canário
Mano Rubens Curió
Quatro malandros chamados Bamba-querer
eles não comem e não bebem
não deixam ninguém comer
amanhã que vou me embora
que me dão para levar
levo penas e saudades
no caminho vou chorar

Orgulho, Hipocrisia (Quem Espera Sempre Alcança)

Orgulho, hipocrisia, vaidade e nada mais
são três coisas que em menos de um segundo se desfaz
o mundo é mesmo assim, cheio de ilusão
a arte de convencer meu coração

a vida mal vivida é ilusão
vaidade nunca fez bem a ninguém
é tudo hipocrisia, orgulho e nada mais
a vida que passou não volta atrás

Tava dormindo

Tava dormindo
acordei aborrecido pensando ai

se meu sonho fosse certo 
eu não andava avariado
nem andava fora de hora pelos caminhos
suspirando saudade ai

Barracão é seu

Barracão é seu vou desocupar

Coração é meu vou desabafar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Barracão é seu

Eu vou desocupar

Quero mostrar à senhora que eu tenho onde morar

Se o barracão é seu

Pode ir fingida mulher

Tens um coração de anjo e as feições de Lucifer

Barracão

Barracão é seu vou desocupar

Coração é meu vou desabafar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Uma dúzia de mulheres

Eu queria governar

Seu jogar de três Marias prejudique desde Omar

Eu queria ser balaio

Da colheita do café para andar dependurado

Na cintura da mulher

Barracão

Barracão é seu vou desocupar

Coração é meu vou desabafar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Lá vem a morte pescando

De caniço e samburá

Quando a morte pesca peixe que fome não há por lá

Ao cantar este samba me lembro do maestre fom-fom

Gravando na Companhia Odeon

Barracão

Barracão é seu vou desocupar

Coração é meu vou desabafar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Não quero mais teu amor

Nem tampouco teus carinhos

Prefiro viver nas matas como vive os passarinhos

Vai-te embora enganadeiras não me venha se enganar

Não me venha dar o papo que me deu a Guiomar

Barracão

Barracão é seu vou desocupar

Coração é meu vou desabafar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar(…) do céu que brilho

No azul do firmamento

O nome daquele ingrato não me sai do pensamento

Da Bahia me mandaram

Um presente num balaio

Era um corpo de gente

Cabeça de papagaio

Barracão é seu vou desocupar

Coração é meu vou desabafar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Eu queria ser balaio

Balaio eu queria ser

Para andar dependurado nas cadeiras de você

Eu sou o João da Gente

Não nego meu natural

Eu defendo a Portela

No dia de carnaval

Barracão

Barracão é seu vou desocupar

Coração é meu vou desabafar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Sou a mana Clementina

Conhecida devagar

Oi lá em Mangueira todo mundo quer saudar-me

Quem não pode não intima

Deixa quem pode intimar quem não pode na carreira

Vai andando devagar

Barracão

Barracão é seu vou desocupar

Coração é meu vou desabafar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Minha mãe me botou fora

Foi no tempo da miséria

Tinha eu quatorze anos veja que tamanho eu era

De Mangueira vem Cartola

Do Estácio Ismael

Da Portela vinha o Paulo

Que era o nosso Deus no chão

Barracão

Barracão é seu vou desocupar

Coração é meu vou desabafar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Me dá meu violão que eu vou-me embora

Quero mostrar à senhora que eu tenho aonde morar

Piedade

Piedade, ôôô (piedade)
Tem piedade, oh mãe de Deus (piedade)

Nossa Senhora da Penha (piedade)
Que altura foi morar (piedade)
Naquele lugar tão alto (piedade)
Freguesia de Irajá (piedade)

Piedade, ôôô (piedade)
Tem piedade, oh mãe de Deus (piedade)

Nossa Senhora da Penha (piedade)
É madrinha de João (piedade)
Eu também sou afilhada (piedade)
Da Virgem da Conceição (piedade)

Piedade, ôôô (piedade)
Tem piedade, oh mãe de Deus (piedade)

Minha mãe, minha mãezinha (piedade)
Que mãezinha tenho eu (piedade)
Que comeu seu feijão todo (piedade)
Nenhum caroço me deu (piedade)

Piedade, ôôô (piedade)
Tem piedade, oh mãe de Deus (piedade)

Se passares em Mangueira (piedade)
Diga adeus e vai andando (piedade)
Também diga àquele ingrato (piedade)
Saudade tá me matando (piedade)

Piedade, ôôô (piedade)
Tem piedade, oh mãe de Deus (piedade)

Eu não bebo mais cachaça (piedade)
Nem o cheiro quero ver (piedade)
Quando vejo ela no copo (piedade)
Não posso deixar perder (piedade)

Batuque na cozinha

Não moro em casa de cômado
Não é por ter medo não

Na cozinha muita gente sempre trisca em alteração

Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei o pé
Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei o pé
Então não bula na cumbuca

Não me espante o rato
Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato
Eu fui na cozinha
Pra ver uma cebola
E o branco com ciúme
De uma tal crioula

Deixei a cebola, peguei a batata
E o branco com ciúme de uma tal mulata
Peguei o balaio pra medir a farinha
E o branco com ciúme de uma tal branquinha
Então não bula na cumbuca
Não me espante o rato

Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato
E o batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei o pé

Voltei na cozinha pra tomar um café
E o malandro ta de olho na minha mulher
Mas, comigo eu apelei pra desarmonia
E fomos direto pra delegacia
Seu comissário foi dizendo com altivez
E da casa de cômodos da tal Inês
Revistem os dois, botem no xadrez

Malandro comigo não tem vez
Mas o batuque na cozinha


Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei o pé

Mas seu comissário
Eu estou com razão
Eu não moro na casa de arrumação
Eu fui apanhar meu violão
Que estava empenhado com Salomão

Eu pago a fiança com satisfação
Mas não me bota no xadrez
Com esse malandrão
Que faltou com respeito a um cidadão
Que é Paraíba do Norte, Maranhão

Circo marimbondo

Circo Marimbondo
Circo Marambaia
Eu cheguei de longe
Não me “atrapaia”
Vê se não me amola
Larga a minha saia
Circo Marimbondo
Circo Marambaia
Se eu te der um tombo
Tomara que caia
Circo Marimbondo
Circo Marambaia

Fala baixinho

Fala baixinho só pra eu ouvir
Porque ninguém vai mesmo compreender
Que o nosso amor é bem maior
Que tudo aquilo que eles sentem
Eu acho até que eles nem sentem, não
Espalham coisas só pra disfarçar
Daí então porque se dar
Ouvidos a quem nem sabe gostar

Olha só, meu bem, quando estamos sós
O mundo até parece que foi feito pra nós dois
Tanto amor assim que é melhor guardar
Pois que os invejosos vão querer roubar
A sinceridade é que vale mais
Pode a humanidade se roer de desamor
Vamos só nós dois
Sem olhar pra trás
Sem termos que ligar pra mais ninguém