A uma dama transitória

Deixa a cabeça em meu peito

enquanto o sol agoniza

longe na tarde dourada

ouço te a voz despelada

antiga forte indivisa

tempo e fortuna passaram

passaram sede e saudade

deixa a cabeça em meu peito

que teu cabelo desfeito

canta a vida e a brevidade

um dia terei passado

e tu passarás também

mas antes um outro peito

talvez sem tanto proveito

guarde o que o meu hoje tem

que seja pois vida é fruto

morte sol, solo e suspeitas

e eu te quero como a vida

doce cruel sem medida

na sua gloria imperfeita


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