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Amor de mãe

Nossa mãezinha querida
Palavra de puro amor
Só quem não tem coração
A ela não dá valor
A mãe por nós dá a vida
Para nos livrar da dor
Queria ter minha mãe
Pra amar com tanto fervor

Nossa mãe é a criatura
Mais pura que o mundo tem
Quem tiver sua mãezinha
Ame ela e trate bem
Perdendo como eu perdi
Nunca mais outra igual vem
Este puro amor de mãe
Não se encontra em mais ningém

Crianças que estão me ouvindo, ouçam este conselho meu
Tratem bem sua mãezinha pra não sofrer como eu
Nove anos tive a minha, veio a morte e recolheu
Amiguinhos sofri tanto depois que mamãe morreu
Amor de mãe é tão puro, claro como a luz do dia
Puro como o amor de Deus
Filho da Virgem Maria
Quem tem a sua mãezinha, cante com muita alegria
Aqui cantarei com a tristeza, não tenho a mãe que eu queria

A razão no nosso viver
É essa jóia querida
Nos corações dos bons filhos
Mãe não serás esquecida

Seu santo nome ilumina
Nós na estrada vida
Consola o filho aflito
Numa batalha perdida

Ao despedir-me cantando
Vou repetir novamente
Esse santo amor de mãe
Que o meu coração sente

Viverá dentro de mim
Amarei eternamente
Aceite minha querida mãezinha
Minha canção de presente

Desafio de perguntas

Ela
Alô povo que nos ouvem/desafio não é modinha
Hoje vou fazer perguntas/pro querido teixeirinha
Tem que responder rimando/aqui pra mary terezinha
Me diga primeiramente/o que que é uma rainha
Ele
O que que é uma rainha/ainda não me apresentei
Pra responder as perguntas/pronto agora aqui cheguei
A que que é uma rainha/pergunta fácil achei
Mery a rainha mais certa/é a senhora do rei
Ela
É a senhora do rei/o teixeirinha está certo
Achaste a pergunta fácil/com a outra agora te aperto
Vai a segunda pergunta/se tu errar eu conserto
Quero que tu me responda/o que que é um deserto
Ele
O que que é um deserto/deserto é uma coisa esquisita
Se divide em muitas partes/como deve ser escrita
Matagais areia e água /a passagem a gente evita
Enfim para ser mais claro/é onde ninguém habita
Ela
É onde ninguém habita/está certo é verdade
Por isto o povo admira/a tua mentalidade
Mas eu vou continuar/mesmo por curiosidade
Me responda teixeirinha/aonde nasce a saudade
Ele
Aonde nasce a saudade/a saudade é uma razão
Mas eu vou ver se consigo/te dar a definição
A saudade é a distância/de algo de nossa mão
Por isso a saudade nasce/no meio do coração
Ela
No meio do coração/outra vez me respondeu
Insisto em novas perguntas/tu sempre me comoveu
O nosso rei é jesus/diga onde ele nasceu
Diga também neste verso/aonde jesus morreu
Ele
Aonde jesus morreu/duas perguntas meu bem
Vou respondendo a vontade/conforme as perguntas vêm
Jesus cristo nosso rei/ele nasceu em belém
Foi crussificado e morto/mais tarde em jerusalém
Ela
Mais tarde em jerusalém/me respondesse com classe
Pela destreza da idéia/pela vergonha da face
Vou te dificultar mais/e a lição tu me passe
Então me digas agora/como é que a água nasce
Ele
Como é que a água nasce/respondo sem vacilar
A água é indispensável/pra mil coisa a gente usar
Nasce do peito da terra /os rios despejam no mar
Sobe com as nuvens pro céu/e depois torna a voltar
Ela
E depois torna a voltar/respondeu bem e com sorte
Outra pergunta dificil/responda se tu és forte
Nos quatro pontos cardiais/oeste leste sul e norte
Diga como nasce a vida/também como nasce a morte
Ele
Também como nasce a morte/também como nasce a vida
As duas nunca nasceram/desculpe minha querida
A definição das duas/é uma história cumprida
A vida é uma chegada/e a morte é uma partida
Ela
A morte é uma partida/a vida é uma chegada
Nota dez respondeu certo/o teixeirinha é uma parada
Te pergunto o que eu não sei/me responda tudo ou nada
Aonde é o paraíso/que o adão fez a morada
Ele
Que o adão fez a morada/agora eu me realizo
Livro nenhum até hoje/disse onde é o paraíso
Falam também sobre a eva/e a tal cobra de guiso
A eva cantou o adão/e o adão perdeu o juizo
Ela
E o adão perdeu o juizo/eu gostei do professor
Por isto eu te considero/como o maior trovador
Não tem ninguém que te vença/e agora diz por favor
Nesta última pergunta/como nasceu nosso amor
Ele
Como nasceu nosso amor/de novo a resposta vem
Um dia nos conhecemos/fiquei te querendo bem
Tu fingiu que não queria/depois contou até cem
Como não tinha juízo/perdi o juízo também
Ele e ela
Perdi o juízo também/no disco não cabe mais
Se a história continuar/vai chegar os policiais
Vão querer saber o resto/não contaremos jamais
A noite é que se divertem/quando apaga os castiçais

Gaúcho de Passo Fundo

Me perguntaram se eu sou gaúcho
Está na cara repare o meu jeito
Sou do Rio Grande lá de Passo Fundo
Trato todo mundo com muito respeito

Mas se alguém me pisar no pala
O meu revolver fala e o bochincho está feito
Mas se alguém me pisar no pala
O meu revolver fala e o bochincho está feito

(Gaúcho de Passo Fundo não dobra esquina quando vê o perigo)

Não sou nervoso e nem carrego medo
Eu me criei sem conhecer remédio
Eu meto os peitos em qualquer fandango
Mas quando eu me zango até derrubo o prédio

Eu sou gaúcho e se me agride eu tundo
Sou de Passo Fundo do planalto médio
Eu sou gaúcho e se me agride eu tundo
Sou de Passo Fundo do planalto médio

(Terra boa, lugar de homem valente e terra de moça bonita)

Me perguntaram qual era razão
Eu ter orgulho em ser passo-fundense
Eu respondi sou da terra do trigo
Tem um povo amigo e quando luta vence
É um pedaço do Rio Grande amado
Orgulha o estado e o povo riograndense
É um pedaço do rio grande amado
Orgulha o estado e o povo riograndense

Já respondi a pergunta seu moço
Me dá licença vou encilhar o cavalo
Brasil a fora atravessei os estados
Troteando apressado eu vim tirando o talo

Pra ver as prendas mais lindas do mundo
Cheguei em passo fundo no cantar do galo
Pra ver as prendas mais lindas do mundo
Cheguei em Passo Fundo no cantar do galo

(Vamos dar um viva pra Passo Fundo, pessoal
– Viva!!)

Meu velho pai

Um par de espora sangrenta
Um mango de couro duro
Um chapéu velho empoeirado
Uma faca do cabo escuro
Um schimitt trinta e oito
Um pala cheio de furo
Uma guaiaca sovada
No mesmo prego seguro
Ao comtemplar fico triste
Seu dono já não existe
Só a saudade persiste
Daquele gaúcho puro.

Meu pensamento vagueia
Perdido no infinito
Relembra o dono dos trastes
Que fora seu manuscrito
Quando montava um cavalo
Era sempre favorito
Quer no rodeio ou na doma
Seu trabalho era bonito
Na tropiada era um doutor
Nas domas um domador
Na cordeona um trovador
E na laçada um perito

Assim foi meu velho pai
Como laço de rodilha
Enquanto é novo se espicha
Nos chifres de uma novilha
Depois a morte golpeia
Só fica os trastes da encilha
Pendurados na parede
Recordação pra familha
Ele já não é mais nada
Num túmulo a beira da estrada
Uma cruz velha rodiada
De flores de maçanilha

Oigalê, morte traiçoeira
Que chega como um pialo
Sessenta, setenta anos
Tira um homem do cavalo
Arranca dos filhos e netos
E atira dentro de um valo
Parece um minuano chucro
Que leva as folhas do talo
Meu velho pai que saudade
Do seu carinho e bondade
Choro uma barbaridade
Quando no seu nome falo

Motorista brasileiro

Alô, alô motorista
Do Brasil terrinha amada
É o soldado do transporte
Uma bandeira desfraldada
O defeito que eles têm
Principalmente a gauchada
Quando vê um rabo de saia
Estanca o carro na estrada

(Eu também tenho esse defeito)

Passa trabalho na viagem
Manobrando a direção
Viaja de sul a norte
Transportando a produção
Não tem dia não tem hora
Que soldado valentão
Se mulher pede carona
Estaciona contra mão

(Aí chega a cana e é aquela trapaiada)

A polícia rodoviária
Dá uma bronca danada
Ele diz assim seu guarda
Estou com a carcaça quebrada
O guarda não vai na onda
Examina não é nada
Mas se tem mulher de sobra
A multa está perdoada

Motorista brasileiro
Quando vê uma menina
Senta as travas e grita logo
Tem carona na gabina
Mas se pede uma carona
Um homem da fala fina
Aí está faltando trava
E entra areia na buzina

Motorista de transporte
Quebra o pinhão e a coroa
Arruma e dá uma carona
A viagem se torna boa
Em casa a mulher pergunta
Ele disfarça e caçoa
De medo da chinelada
Nega tudo pra patroa

Me despeço motorista
Salve, salve os bom chofer
Sofre mas são divertidos
Para o que der e vier
Eu também sou motorista
Transporto o verso que quer
Meu defeito é o de vocês
Sou maluco por mulher.

Não e não

Eu gosto tanto da mariazinha
E ela diz que gosta mais de mim
Eu estou vendo que esse violeiro
A vida de solteiro está chegando ao fim
Só tem um termo que eu não desejo
Quando eu peço um beijo
Ela só diz assim

Estribilho
//:não e não e não
E não e não e não e não e não://

O não e não vai me deixando louco
E os lábios dela me dá mais desejo
Puxo com força contra o coração
Antes de diga não eu aplico um beijo
Aí não pode mais dizer que não
Quer me empurrar afastando com as mãos
Eu to grudado e não desgrudo não
Depois do beijo a reclamação

Falado
Ela: oh! teixeirinha voce não devia ter me beijado…
Ele: ora não reclama tava tão gostoso! deixa eu beijar outra vez, deixa
Ela: outra vez? outra vez não….

//:não e não e não
E não e não e não e não e não ://

E o beijo pra ser bom
Tem que dizer não e não
Não!

Dou e dou

Depois de dizer tanto não e não
Mariazinha já se acostumou
Agora quando eu pesso um beijunho
Ela diz:

Dou, dou, dou, dou
Dou, dou, dou
E dou e dou e dou e dou e dou.

Agora sim sai o casamento
Mandei fazer pra nós uma casinha
Mas antes de nós entra pra dentro
Me dá um beijinho mariazinha!

Dou e dou edou
Você dá mesmo um beijinho!

Douuu
E dou e dou
E dou e dou edoue dou

Quando estou junto da mariazinha
Nós dois troucamos beijinhos sem fim
Agora em vez de eu pedir pra ela
Então é ela que pede pra mim

Teixeirinha dá um beijinho
Pra mamãe dá
Dou meu amor
É claro que o papai dá
Dá mesmo! então
Dou e dou e dou
O dou e dou dou
E dou e dou edou edou edou…….

O pobre João

O João era um pobre rapaz
Certo dia uma moça ele viu
Gostou dela, ela gostou também
E na igreja prá sempre se uniu
Com um mês de casado o joão
Resolveu pelo mundo sair
Abraçado na esposa chorando
Disse a ela meu bem vou partir

Meu amor vou partir
Pelo mundo em busca de riqueza
Amo tanto minha esposa
Não suporto lhe ver na pobreza
Sem poder atacar
Pobre esposa chorava profundo
Vai meu bem eu te espero
E o joão saiu pelo mundo

O João ninguém mais soube dele
Muitos meses no mundo viajou
E na casa de um alemão
Certo dia ele ali se empregou
Completou vinte anos de casa
O patrão sem as contar acertar
Até os filhos do próprio patrão
Trabalhando ajudou a criar

Vinte anos hoje faz
Que eu deixei minha linda senhora
Meu patrão faça as contas
E me pague, amanhã vou embora
Vinte anos de vivência
A família chorava e o patrão
Vê se queres um conselho
Ou então eu te pago João

O João toda noite pensou
Se aceitava o conselho ou dinheiro
Resolveu aceitar o conselho
E ouviu seu patrão companheiro
O patrão deu um lote de gado
E um cavalo encilhado também
O conselho tu penses três vezes
Se tiveres que matar alguém

Uma bolsa de ouro e prata
Ao João ele deu de presente
Pela estrada retornava
O João vinte anos ausente
Ao chegar na casinha
Pela fresta da porta ele olhou
Viu a esposa já grisalha
Viu que um padre em seu rosto beijou

O João seu revólver sacou
Deu um soco, a porta foi ao chão
Quando ia apertar o gatilho
Lembrou o conselho do patrão
Enquanto pensava três vezes
A esposa lhe reconheceu
Abraçou ao pescoço do joão
Chamou o padre que nada entendeu

O João ao partir
Não sabia que ela esperava
Um filho que prá padre
Este ano o mocinho estudava
A esposa abraçava
O marido contra o coração
Puxou o padre contra os dois
Este padre é teu filho João

A fogueira da saudade

Ai que saudades que eu tenho dentro do meu coração
Do tempo que eu fui criança hoje é só recordação
Dos campos cheios de flores do ribeirão
Da minha linda vilinha do padre da capelinha
Da noite de São João
São João, meu São João os balões estão subindo.
A fogueira está ardendo os rojões estão explodindo
São João estou sonhando estou ouvindo
É só imaginação da festa de São João
Que saudade estou sentindo

//: Viva São Pedro, Santo Antônio e São João.
A Fogueira da saudade está queimando no meu coração://

Ah! Se pudesse voltar pros bons tempos de criança
Eu voltava pra vilinha que não me sai da lembrança
Ia pular as fogueiras na vizinhança
Com a Chiquinha da dondoca eu ia estourar pipoca e puxar a sua trança
Não posso ser mais criança tempinho bom teve fim
Só resta voltar por lá olhar tim-tim por tim-tim
Pra recordar meu passado farei assim
Acender uma fogueira e ficar a noite inteira
Me recordando de mim

//: Viva São Pedro, Santo Antônio e São João.
A Fogueira da saudade está queimando no meu coração://

A morte não marca hora

Alo, alo amigos vamos ser realistas
Sabemos que a morte ela não marca hora
Aqueles que quiserem falar depois da vida
Terá que escrever antes lhe explicando agora
E como eu queria falar depois da morte
Então estou falando que eu já sou outrora
Dizendo adeus amigos meus fãs meus familiares
Meu coração parou já estou indo embora
Televisões e rádios vocês estão ouvindo
Também vê minha foto em todos os jornais
Dizendo que eu morri e é pura verdade
O dono desta voz já não existe mais.

Aqueles que puderem venham em meu velório
Amigos e parentes meu fãs venham também
O último adeus eu quero de vocês
Será o maior presente que eu levo pro além
Será a última noite que eu passo com vocês
Deitado em minha caixa junto aos que eu quero bem
Não e preciso choro sorriam para mim
Responde em meu silêncio, depois o padre vem
Encomendar meu corpo pra Deus lá no infinito
Depois peguem nas alças, carreguem o meu caixão
Me levem por favor pra última morada
Cantando a minha música de gaita e violão.

“Quero que as duplas cantem, em dueto chore os aís
Quero um bom declamador, se não e pedir demais
Quero dois bons trovadores em dez minutos de rima
Enquanto o povo me atira todas as flores por cima
Não ponha- me na parede, quero o túmulo sobre o chão
Meu busto de bronze encima, abraçado ao violão
O busto será mais tarde, fazer a família mande
Marque o lugar que descansa, o cantador do Rio Grande.’

Aqui fica meu corpo minha alma vai pro céu
Pagar os meus pecados se eu fui pecador
Se eu puder voltar espiritualmente
Quero fazer o bem ao povo sofredor
Aonde houver crianças cuidando as estarei
Curando as enfermas amenizando a dor
As que tiverem fome arranjarei o pão
Me ajude a fazer isso meu cristo salvador
Cantores e cantoras também vou proteger
Cantar foi o que eu fiz quando na terra andei
Chame pelo meu nome quem precisar de mim
Se deus me der licença contigo eu estarei.

A cobra cascavel

Te prepara compadre Gildo que eu vou chutar no teu gol
de novo!

Eu estes dias fui dar uma volta
Andava na margem don rio Taquari
Fiquei sabendo que o rico compadre
Gildo de Freita andava por ali
Tava comendo uma cascavel
Prima-irmã da cobra Sucuri
Vinha ser neto da cobra Jibóia
Meu compadre gostando engoliu
Quando a cobra desceu na barriga
Ele deu um grito e eu tive que rir
Que cara feia ele fez

Eu perguntei porque ele gritou
Naquela hora que a cobra desceu
Ele esticou a barriga pra frente
Deu um gemido e depois se encolheu
A cascavel pulava na barriga
No seu umbigo por dentro mordeu
Botão a mão para a cobra não sair
Deitou no chão rindo adormeceu
Fiquei olhando por todos os lados
E cobra veia não apareceu
Ele só roncava satisfeito!

Ele dormindo e sonhando com a cobra
Quando acordou me deu um arrepio
Pegou o facão e veio contra mim
Com roupa e tudo me joguei no rio
Fui dar risada lá no outro lado
Da cascavel que o compadre engoliu
Se foi cantando Baile de Respeito
De Mais Respeito cantei e ele ouviu
E o sentimento que eu trago comigo
É não puder ver aonde a cobra saiu
A barriga do meu compadre parece cemitério e cobra!

Compadre Gildo de Freita me disse
Pra eu me virar numa cobra comprida
Pra engolir ele com exporá e tudo
Perca a esperança a parada é perdida
Eu vou ficar no mundo pra semente
Comigo ficam dez mulher querida
Fazendo letras de todas as cobras
Que por ti todas já foram engolidas
Não adianta mudar teu destino
Tu vai comer cobra toda a tua vida
Tu não é bruxo pra te escapar compadre.

Coração de luto

O maior golpe do mundo
Que eu tive na minha vida
Foi quando com nove anos
Perdi minha mãe querida

Morreu queimada no fogo
Morte triste, dolorida
Que fez a minha mãezinha
Dar o adeus da despedida

Vinha vindo da escola
Quando de longe avistei
O rancho que nós morava
Cheio de gente encontrei

Antes que alguém me dissesse
Eu logo imaginei
Que o caso era de morte
Da mãezinha que eu amei

Seguiu num carro de boi
Aquele preto caixão
Ao lado eu ia chorando
A triste separação

Ao chegar no campo santo
Foi maior a exclamação
Cobriram com terra fria
Minha mãe do coração

Dali eu saí chorando
Por mãos de estranhos levado
Mas não levou nem dois meses
No mundo fui atirado

Com a morte da minha mãe
Fiquei desorientado
Com nove anos apenas
Por este mundo jogado

Passei fome, passei frio
Por este mundo perdido
Quando mamãe era viva
Me disse: filho querido

Pra não roubar, não matar
Não ferir, não ser ferido
Descanse em paz, minha mãe
Eu cumprirei seu pedido

O que me resta na mente
Minha mãezinha é teu vulto
Recebas uma oração
Desse filho que é teu fruto

Que dentro do peito traz
O seu sentimento oculto
Desde nove anos tenho
O meu coração de luto.

Parabéns

Parabéns nesta data querida
Mais um ano de vida que tens
Vamos todos cantar pra você
Parabéns parabéns parabéns

Parabéns nesta data querida
Mas um ano de vida que tens
Vamos todos cantar pra você
Parabéns parabéns parabéns

Como é linda esta data de hoje
Salve salve o seu aniversário
Deus lhe dê muitos anos de vida
Prá viver mais de um centenário
Você hoje é feliz mais feliz
Esta data vai deixar saudade
Voltaremos pro ano outra vez
Desejar-te mais felicidades

Parabéns nesta data querida
Mas um ano de vida que tens
Vamos todos cantar pra você
Parabéns parabéns parabéns

Os anjinhos do céu nesta hora
Descerão cá na Terra por que
Assoprar as velinhas do bolo
E cantar parabéns á você

Viva o aniversariante
Viva

Ela tornou-se freira

Ele
Morena dos olhos triste/sempre lhe encontro chorando
Me digas qual é a mágoa/que está te atormentando
Sou seu amigo e não posso ver seu pranto derramando
Ela
Sim meu amigo é verdade/é tão grande a minha dor
Já fui alegre e feliz/nesse mundo enganador
Hoje só me resta mágoa/das juras falsas de amor
Ele
Isso eu já tinha notado/deste a hora em que lhe vi
Que o seu pobre coração/sofre o mesmo que eu sofri
Juras falsas e desengano de um amor que conheci
Ela
Amigo lamento muito seu sofrimento também
Eu fui desprezada um dia quando eu mais queria bem
Vou envelhecer com a mágoa/não amarei mais ninguém
Ele
Por favor não digas isso/não se dê por derrotada
Vai-se um amor acha outro por uma melhor estrada
És tão jovem e tão bonita esqueça a mágoa passada
Ela
Sim seu eu pudesse esquecer/eu esqueceria agora
Não adianta ser bonita se é só um que a gente adora
Sou escrava da lembrança do amor que foi embora
Ele
Então aceite um conselho/de seu amigo que sou
Visto que seu coração/por um só se apaixonou
Escreva para vir de volta/esse que te desprezou
Ela
Não escrevo e não aceito/de volta mais esse amor
Sou uma moça honrada/sou pura e tenho valor
Amanhã já serei freira de cristo nosso senhor
Ele/ela
Hoje lá em uma igreja no altar da santidade
Tem uma freira rezando sem pecado e sem saudade
Esqueceu aquele amor que era pura falsidade
Curou o seu coração é irmã de caridade
Nas suas preces ela pede pai eterno de bondade
Mande paz e amor na terra para toda humanidade.

Mocinho aventureiro

  • Um filho que sai de casa
    Pra muito longe se vai
    Depois chora de saudades
    Da mamãe e do papaiEra mocinho ainda me lembro
    Dezoito anos completei
    Eu resolvi sair de casa
    Clareava o dia me aprontei
    A minha mãe me perguntou
    Diga meu filho pronde vai
    Não respondi só deilhe um beijo
    E abraçei meu velho pai
    Ao despedir chora os que ficam
    Também chora quem se vai

    Piquei na espora o meu tordilho
    Olhei para tras por despedida
    Chorava irmãos chorava irmãns
    Chorava o pai e mãe querida
    Também chorava estrada a fora
    No meu cavalo galopando
    Olhava a mata orvalhada
    Ouvia os pássaros cantando
    Pela mocinha que eu amava
    Eu tembém ia chorando

    Eu destinei correr o mundo
    Fazem dez anos e não voltei
    Duzentas leguas esta distante
    Quem me amava eu la deixei
    Não fui feliz nesta jornada
    Por isso não voltei pra trás
    Mas no momento em que melhora
    Eu vou rever meus velhos pais
    Quero abraçar os meus irmãos
    E de la não sair jamais

    Os irmãos devem estar casados
    E os meus pais envelhecidos
    Por não saber noticias minha
    Pensam que eu tenha morrido
    E a mocinha que ainda amo
    Se ela casou felicidades
    Se não casou ainda me espera
    Vamos se unir pra eternidade
    Juntinho dela e meus parentes
    Morre pra sempre a saudade

Tropeiro velho

Sentado a beira do fogo
Sentindo o peso da idade
Tão triste o velho tropeiro
Quase morto de saudade
Oitenta anos nas costas
Sempre lidou com boiadas
Mas nunca em suas andanças
Deixou um boi na estrada
Agora não pode mais
Seu corpo velho, cansado
Ás vezes fica caducando
E começa a grita com o gado
Era boi, era boiada
Se assusta e recobre os sentidos
E outra vez fica calado
Pois este velho de oitenta
Muito pra mim representa
Ouça os meus versos rimados

Tropeiro velho que tanta tristeza
Esconde o rosto na aba do chapéu
Olhos cravados no fogo do chão
Olha a fumaça subindo pro céu
Quebra de um tapa o teu chapéu na testa
Esqueça o seus oitenta janeiros
Repare os campos lá vem a boiada
Pela estrada gritando os tropeiro
Tropeiro velho não levanta os olhos
Não tem mais força é o peso da idade

Acabrunhado à beira do fogo
Está morrendo de tanta saudade
Acabrunhado à beira do fogo
Está morrendo de tanta saudade

Tropeiro velho sou um moço novo
Uma proposta te farei agora
Me dá o teu pala, o relho, o chapéu
Bombacha e botas e um par de esporas
Me dá o cavalo e o arreio completo
Vou continuar no teu lugar tropiando
Tropeiro velho levantou os olhos
Sentado mesmo me abraçou chorando
Beijou meu rosto e foi fechando os olhos
Entregou tudo e morto tombou

Morreu feliz porque vou continuar as tropiadas que ele tanto amou
Morreu feliz porque vou continuar as tropiadas que ele tanto amou

Enterrei ele a beira da estrada
Pra ver a tropa que passa e se vai
Leiam na cruz, vocês vão saber
Tropeiro velho é o meu próprio pai
Adeus meu pai
Tropeiro dos pampas
Teu pensamento cumprirá teu filho
Estou fazendo aquilo que fizestes
Grito a boiada em cima do lumbrilho
Tropeiro velho hoje descansa em paz
Estou fazendo aquilo que ele fez

Os anos passam também fico velho
Vou esperando chegar minha vez
Os anos passam também fico velho
Vou esperando chegar minha vez

Valsa das flores

Foi numa valsa das flores
Com uma moça dancei
Era mais linda que as flores
Dançando me apaixonei

Naquela valsa das flores
Ela comigo a rodar
Lhe confessei meu amor
Fiz os seus olhos chorar

Com o coração ferido ela disse querido
Eu já me casei
Para não me dar esperança
Mostrou-me a aliança na mão que afoguei

O casamento é sagrado
Ela casou sem amor
Mas não podia trair
Pra consolar minha dor

Findou a valsa das flores
Soltou-se dos braços meus
Tão carinhosa me olhou
Chorando me disse adeus

Gostei dela mesmo assim
Ela gostou de mim fomos fortes os dois
Destino nos foi traiçoeiro
O outro primeiro e eu cheguei depois.

Hoje não posso esquecer
Aquele amor proibido
Sei que no seu pensamento
Também não fui esquecido

São longas as noites pra mim
Os dias maiores são
E não consigo tirar
Ela do meu coração

Hoje toca uma valsa das flores
São tantos amores alegre a rodar
Uma moça me traz uma flor
Lembro aquele amor
E não sei mais dançar.

O colono

Eu vi um moço bonito, numa rua principal
Por ele passou um colono, que trajava muito mal
O moço pegou a rir, fez ali um carnaval
Resolvi fazer uns versos, pra este fulano de tal.

Não ri seu moço daquele colono
Agricultor que ali vai passando
Admirado com o movimento
Desconfiado lá vai tropicando
Ele não veio aqui te pedir nada
São ferramentas que ele anda comprando
Ele é digno do nosso respeito
De sol a sol vive trabalhando
Não toque flauta, não chame de grosso
Pra ti alimentar, na roça está lutando.

Se o terno dele não está na moda
Não é motivo pra dar gargalhada
Este colono que ali vai passando
É um brasileiro da mão calejada
Se o seu chapéu é da aba comprida
Ele comprou e não te deve nada
É um roceiro que orgulha a pátria
Que colhe o fruto da terra lavrada
E se não fosse este colono forte
Tu ias ter que pegar na enxada.

E se tivesse que pegar na enxada
Queria ver que mocinho moderno
Pegar no coice de um arado nove
E um machado pra cortar o cerno
E enfrentar doze horas de sol
Num verão forte tu suavas o terno
Tirar o leite, arrancar mandioca
No mês de julho no forte do inverno
Tuas mãozinhas finas delicadas
Criava calo e virava um inferno.

Este colono enfrenta tudo isto
E muito mais eu não disse a metade
Planta e colhe com suor do rosto
Pra sustentar nós aqui na cidade
Não ri seu moço mais deste colono
Vai estudar numa faculdade
Tire um “dr”, chegue la na roça
Repare lá quanta dificuldade
Faça algo por nossos colonos
Que Deus lhe pague por tanta bondade.

Querência amada

Quem quiser saber quem sou
Olha para o céu azul
E grita junto comigo
Viva o Rio Grande do Sul

O lenço me identifica
Qual a minha procedência
Da província de São Pedro
Padroeiro da querência

Oh, meu Rio Grande
De encantos mil
Disposto a tudo pelo Brasil
Querência amada dos parreirais
Da uva vem o vinho
Do povo vem o carinho
Bondade nunca é demais

Berço de Flores da Cunha
E de Borges de Medeiros
Terra de Getúlio Vargas
Presidente brasileiro

Eu sou da mesma vertente
Que Deus saúde me mande
Que eu possa ver muitos anos
O céu azul do Rio Grande

Te quero tanto, torrão gaúcho
Morrer por ti me dou o luxo
Querência amada
Planície e serra
Dos braços que me puxa
Da linda mulher gaúcha
Beleza da minha terra

Meu coração é pequeno
Porque Deus me fez assim
O Rio Grande é bem maior
Mas cabe dentro de mim

Sou da geração mais nova
Poeta bem macho e guapo
Nas minhas veias escorre
O sangue herói de farrapo

Deus é gaúcho
De espora e mango
Foi maragato ou foi chimango
Querência amada
Meu céu de anil
Este Rio Grande gigante
Mais uma estrela brilhante
Na bandeira do Brasil

Tordilho negro

Correu notícias que um gaúcho
Lá da estância do paredão
Tinha um cavalo tordilho negro
Foi mal domado ficou redomão

Este gaúcho dono do pingo
Desafiava qualquer peão
Dava o tordilho negro de presente
Prá quem montasse sem cair no chão

Eu fui criado na lida de campo
Não acredito em assombração
Fui na estância topar o desafio
Correu boato na população
Era um domingo clareava o dia
Puxei o pingo e o povo reuniu
Joguei os trastes no lombo do taura
Murchou a orelha, teve um arrepio

Botei a ponta da bota no estribo
Algum gaiato por perto sorriu
Ainda disseram comigo eram oito
Que boleou a perna montou e caiu

Saltei do lombo e gritei pro povo
Este será o último desafio
Tordilho negro berrava na espora
Por vinte horas ninguém mais nos viu

Mais de uma légua o pingo corcoviou
Manchou de sangue a espora prateada
Anoiteceu o povo pelo campo
Procurando um morto pela invernada

Compraram vela fizeram um caixão
A minha alma estava encomendada
A meia noite mais de mil pessoas
Deixaram da busca desacorçoadas

Dali a pouco ouviram um tropel
Olharam o campo noite enluarada
Eu vinha vindo no tordilho negro
Feliz saboreando uma marcha troteada

Bolhei a perna na frente do povo
Deixei a rédea arrastar no capim
Banhado em suor o tordilho negro
Ficou pastando ao redor de mim

Tinha uma prenda no meio do povo
Muito gaúcha e eu falei assim
Venha provar a marcha do tordilho
Faça o favor e monte de selim

Andou no pingo mais de meia hora
Deu-me uma rosa lá do seu jardim
Levei pra casa o meu tordilho negro
É mais uma história quem chega no fim