Madrugadas de 68

Quando naquelas noites frias de junho
Eu era uma camisa e nada mais
Tinha gente muito agasalhada
Procurando aquela minha paz

Só que havia alguma coisa
Sempre interrogando:
“o que é que há rapaz?
Você vai morrer de frio
Trate de arranjar um cobertor”

Um quarto pra resistir
Quem sabe, algum emprego
Faça como aquele seu amigo
Que não corre mais esse perigo

Quando aquelas madrugadas
De 68 vinham nos guardar
Tudo estava preparado
Dentro da cabeça pra desarmar

O gatilho dessa velha arma
Que proíbe o homem de criar
E a gente se inventava
Como quem projeta catedrais
E eu era uma camisa e nada mais

Hoje infelizmente aquele frio
De antigamente não aquece mais


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