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O seu amor

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Livre para amar
Livre para amar
Livre para amar

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser

O seu amor
Ame-o e deixe-o brincar
Ame-o e deixe-o correr
Ame-o e deixe-o cansar
Ame-o e deixe-o dormir em paz

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ser o que ele é
Ser o que ele é
Ser o que ele é

Chuck berry fields forever

Trazidos d’África pra Américas de Norte e Sul
Tambor de tinto timbre tanto tonto tom tocou
E neve, garça branca, valsa do Danúbio Azul
Tonta de tanto embalo, num estalo desmaiou

Vertigem verga, a virgem branca tomba sob o sol
Rachado em mil raios pelo machado de Xangô
E assim gerados, a rumba, o mambo, o samba, o rhythm’n’blues
Tornaram-se os ancestrais, os pais do rock and roll

Rock é o nosso tempo, baby
Rock and roll é isso
Chuck Berry fields forever
Os quatro cavaleiros do após-calipso
O após-calipso

Rock and roll
Capítulo um
Versículo vinte
-Sículo vinte
Século vinte e um
Versículo vinte
-Sículo vinte
Século vinte e um

Esotérico

Não adianta nem me abandonar
Porque mistério sempre há de pintar por aí
Pessoas até muito mais vão lhe amar
Até muito mais difíceis que eu pra você
Que eu, que dois, que dez, que dez milhões, todos iguais
Até que nem tanto esotérico assim
Se eu sou algo incompreensível
Meu Deus é mais
Mistério sempre há de pintar por aí
Não adianta nem me abandonar
Nem ficar tão apaixonada, que nada
Que não sabe nada
Que morre afogada por mim
Mistérios sempre há de pintar por aí

Atrás da Verde-e-Rosa só não vai quem já morreu (Samba enredo Mangueira 1994)

Me leva que eu vou
Sonho meu
Atrás da verde-e-rosa
Só não vai quem já morreu
Bahia é luz
De poeta ao luar
Misticismo de um povo
Salve todos orixás
Quem me mandou
Estrelas de lá
Foi São Salvador
Pra noite brilhar
Mangueira !
Jogando flores pelo mar
Se encantou com a musa
Que a Bahia dá
Obá berimbau ganzá
Ô capoeira
Joga um verso pra iaiá
Caetano e Gil ô
Com a tropicália no olhar
Doces Bárbaros ensinando
A brisa a bailar
A meiguice de uma voz
Uma canção
No Teatro Opinião
Bethânia explode coração
Domingo no parque amor
Alegria, alegria eu vou
A flor na festa do interior
Seu nome é Gal
Aplausos ao cancioneiro
É carnaval, é Rio de Janeiro
Me leva que eu vou
Sonho meu
Atrás da verde-e-rosa
Só não vai quem já morreu.

Oração de Mãe Menininha

Ai! Minha mãe
Minha mãe Menininha
Ai! Minha mãe
Menininha do Gantoise

A estrela mais linda, hein
Tá no gantoise
E o sol mais brilhante, hein
Tá no gantoise
A beleza do mundo, hein
Tá no gantoise
E a mão da doçura, hein
Tá no gantoise
O consolo da gente, ai
Tá no gantoise
E a Oxum mais bonita hein
Tá no gantoise

Olorum quem mandou essa filha de Oxum
Tomar conta da gente e de tudo cuidar
Olorum quem mandou eô ora iê iê ô

Maravida

Era uma vez no meio da vida
Essa coisa assim, tanto mar, tanto mar
Coisa de doce e de sal
Essa vida assim, tanto mar, tanto mar

Sempre o mar, cores indo
Do verde mais verde, ao anil mais anil
Cores do sol e da chuva
Do sol e do vento, do sol e luar

Era eu nua na rua
Usando e abusando do verbo provar
Um beija-flor, flor em flor
Bar em bar, bem ou mal, mergulhar, mergulhar

Sempre menina franzina, traquina
Querendo de tudo tomar
Sempre garota, marota tão louca
A boca de tudo querendo levar

Vida, vida, vida…
Que seja do jeito que for
Mar, amar, amor…
Se a dor quero o mar dessa dor
Quero o meu peito repleto
De tudo que eu possa abraçar e abraçar
Quero a sede e a fome eternas
De amar e amar e amar e amar

Vida, vida, vida…
Que seja do jeito que for
Mar, amar, amor…
Se a dor quero o mar dessa dor
Quero o meu peito repleto
De tudo que eu possa abraçar e abraçar
Quero a sede e a fome eternas
De amar e amar e amar e amar

Vida, vida, vida…
Que seja do jeito que for
Mar, amar, amor…
Se a dor quero o mar dessa dor
Quero o meu peito repleto
De tudo que eu possa abraçar e abraçar
Quero a sede e a fome eternas
De amar e amar e amar e amar

Vida, vida, vida…

Histórias pra ninar gente grande

Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

Brasil, meu dengo
A mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara
Tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasil que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde- e- rosa as multidões

Coração ateu

O meu coração ateu quase acreditou
Na tua mão que não passou de um leve adeus
Breve pássaro pousado em minha mão
Bateu asas e voou

Meu coração por certo tempo passeou
Na madrugada procurando um jardim
Flor amarela, flor de uma longa espera
Logo meu coração ateu

Se falo em mim e não em ti
É que nesse momento já me despedi
Meu coração ateu não chora e não lembra
Parte e vai-se embora

Se falo em mim e não em ti
É que nesse momento já me despedi
Meu coração ateu não chora e não lembra
Parte e vai-se embora

Sereia Guiomar

A sereia Guiomar, mora em alto mar
A sereia Guiomar, mora em alto mar
Como é bonito meu Deus, o canto desta sereia
Como é bonito meu Deus, o canto desta sereia

O canto desta sereia, fascina
O canto desta sereia, fascina
O canto desta sereia meu Deus, domina
O canto desta sereia meu Deus, domina

Mas fala na beira do cais, Manoel pescador
Ouvindo um canto tão lindo, por ele se apaixonou
Seguiu correndo pro mar, quando em noite de lua
Envolvido no seu manto, o moço flutua

A sereia Guiomar, mora em alto mar
A sereia Guiomar, mora em alto mar
Como é bonito meu Deus, o canto desta sereia
Como é bonito meu Deus, o canto desta sereia

O canto desta sereia, fascina
O canto desta sereia, fascina
O canto desta sereia meu Deus, domina
O canto desta sereia meu Deus, domina

Quando o mistério do mar, causa grande emoção
Encantamento e beleza que fere o meu coração
Historia de pescador gela meu sangue nas veias
Quando ele conta a lenda da bela sereia

A sereia Guiomar, mora em alto mar
A sereia Guiomar, mora em alto mar
Como é bonito meu Deus, o canto desta sereia
Como é bonito meu Deus, o canto desta sereia

De Santo Amaro a Xerém

Entra na roda meu bem
Dá um tom violeiro
Olha se há bom batuqueiro 
Nesse terreiro eu me sinto bem

Eu aprendi na Bahia 
E no Rio de Janeiro
Só dando um braço inteiro
De Santo Amaro a Xerém

Entra na roda meu bem
Dá um tom violeiro
Olha se há bom batuqueiro 
Nesse terreiro eu me sinto bem

Eu aprendi na Bahia 
E no Rio de Janeiro
Só dando um braço inteiro
De Santo Amaro a Xerém

Não Dá Mais Pra Segurar (Explode Coração)

Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar e eu não posso mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor
E entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar e me cortou

Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar
E se perder e se achar e tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim
Como se fosse o sol desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor desta manhã

Nascendo, rompendo, rasgando, tomando, meu corpo e então eu
Chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando
Feito louca, alucinada e criança
Sentindo o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar, explode coração…

Eu fui à Europa

Eu fui à Europa,
Pra cantar samba-de-breque,
Numa radio de lá,
Quando estreei, foi um chuá,
Meti minha bossa,
Pra mostrar que a gente nossa,
Também sabe cantar,
Com aquele molho de abafar

Mas de repente,
Quando eu atuava naquela estação,
Senti no estúdio, um barulhão,
E correrias, tiros, comandos, uma confusão,
Pararam até com a irradiação,
Fui agarrada por dois soldados e um oficial,
Que disse: é a tal,
Que diz ser artista,
Mas que não passa de uma espiã,
Vai ser fuzilada amanhã”

Eu disse logo: ” Mas essa gente está equivocada,
Eu canto samba e mais nada “
Me responderam:
“Este seu samba é mensagem cifrada,
Você está é camuflada “
E me encostaram numa parede,
Em frente a um pelotão,
Me apontando o coração,
E esperando a fria ordem de execução

(Mas veja só que situação)
Me perguntaram qual era a minha última vontade,
E eu disse : A minha liberdade !,
Mas o oficial sacou a espada e levantou no ar,
Já iam me bombardear,
Mas de repente a ordem “fogo” o oficial exclama:
Eu acordei em baixo da cama,
Foi um sonho, graças a Deus,
Um sonho, nada mais,
Eu vou deixar de ler jornais!

Sonho impossível (The Impossible Dream)

Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender

Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão

É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo, cravar esse chão
Não me importa saber se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz

E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu, delirar e morrer de paixão

E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder

Reconvexo

Eu sou a chuva que lança a areia do Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia

Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não

Eu sou o preto norte-americano forte
Com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música a mais velha
Mais nova espada e seu corte

Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo

Brincar de viver

Quem me chamou
Quem vai querer voltar pro ninho
Redescobrir seu lugar
Pra retornar e enfrentar o dia a dia
Reaprender a sonhar

Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você responde “sim”
À sua imaginação
À arte de sorrir cada vez que o mundo diz “não”

Você verá que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver
Não esquecer, ninguém é o centro do universo
Assim é maior o prazer

Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você responde “sim”
À sua imaginação
À arte de sorrir cada vez que o mundo diz “não”

E eu desejo amar todos que eu cruzar pelo meu caminho
Como sou feliz, eu quero ver feliz
Quem andar comigo, vem

Lá lá lá lá lá

Você verá que é mesmo assim
Que a história não tem fim
Continua sempre que você responde “sim”
À sua imaginação
À arte de sorrir cada vez que o mundo diz “não”

Lá lá lá lá lá

Alguém me avisou

Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há
Eu estou aqui, o que é que há
Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho
Mas eu vim de lá pequenininho
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho

Sempre fui obediente
Mas não pude resistir
Foi numa roda de samba
Que juntei-me aos bambas
Pra me distrair
Quando eu voltar na Bahia

Terei muito que contar
Ó padrinho não se zangue
Que eu nasci no samba
E não posso parar
Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há

Pra dizer adeus

Adeus
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinho
Tão sozinho amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer
Vem
Eu só sei dizer
Vem
Nem que seja só
Pra dizer adeus

Tocando em frente

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei
E nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu sou
Estrada eu vou

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história e
Cada ser em si carrega um dom de ser capaz
E ser feliz

Meu primeiro amor (Lejania)

Meu primeiro amor
Tão cedo acabou, só dor deixou
Nesse peito meu
Meu primeiro amor
Foi como uma flor que desabrochou
Logo morreu
Nessa solidão sem ter alegria
O que me alivia são meus tristes ais
São prantos de dor que dos olhos caem
É por que bem sei quem eu tanto amei
Não verei jamais

Saudade palavra triste quando se perde um grande amor
Na estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor
Igual uma borboleta vagando triste por sob a flor
Teu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for
Você nem sequer se lembra de ouvir a voz desse sofredor
Que implora por teu carinho, só um pouquinho de seu amor.

Seu jeito de amar

Não domino mais o meu coração
Já não sou mais o dono de mim.
Perto de você tenho a sensação que estou preso e não quero fugir
Não posso conter a minha paixão, quando sinto você me tocar
Não sei controlar minhas emoções
Eu adoro o seu jeito de amar
Eu gosto demais de tudo que você faz
Em tudo eu sou seu fã
Eu gosto do seu jeito de sentir prazer
Eu gosto demais do modo que me seduz
Do jeito que me possui
Por isso é que não posso viver sem você

É o amor

Eu não vou negar
Que sou louco por você
Estou maluco pra lhe ver
Eu não vou negar

Eu não vou negar
Sem você tudo é saudade
Você traz felicidade
Eu não vou negar

Eu não vou negar
Você é meu doce mel
Meu pedacinho de céu
Eu não vou negar

Você é minha doce amada, minha alegria
Meu conto de fadas, minha fantasia
A paz que eu preciso pra sobreviver
Eu sou o seu apaixonado de alma transparente
Um louco alucinado, meio inconsequente
Um caso complicado de se entender

É o amor…
Que mexe com minha cabeça e me deixa assim
Que faz eu pensar em você e esquecer de mim
Que faz eu esquecer que a vida e feita pra viver
É o amor…
Que veio como um tiro certo no meu coração
Que derrubou a base forte da minha paixão
E fez eu entender que a vida é nada sem você

Eu não vou negar
Você é meu doce mel
Meu pedacinho de céu
Eu não vou negar

Você é minha doce amada, minha alegria
Meu conto de fadas, minha fantasia
A paz que eu preciso pra sobreviver
Eu sou o seu apaixonado de alma transparente
Um louco alucinado, meio inconsequente
Um caso complicado de se entender

É o amor…
Que mexe com minha cabeça e me deixa assim
Que faz eu pensar em você e esquecer de mim
Que faz eu esquecer que a vida e feita pra viver
É o amor…
Que veio como um tiro certo no meu coração
Que derrubou a base forte da minha paixão
E fez eu entender que a vida é nada sem você

Gostoso demais

Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu

É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz

Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não posso ser feliz, assim
Tem dó de mim
O que é que eu posso fazer

Tá combinado

Então tá combinado, é quase nada
É tudo somente sexo e amizade
Não tem nenhum engano nem mistério
É tudo só brincadeira e verdade

Podemos ver o mundo juntos
Sermos dois e sermos muitos
Nos sabermos sós sem estarmos sós
Abrirmos a cabeça
Para que afinal floresça
O mais que humano em nós

Então tá tudo dito e é tão bonito
E eu acredito num claro futuro
De música, ternura e aventura
Pro equilibrista em cima do muro

Mas e se o amor pra nós chegar
De nós, de algum lugar
Com todo o seu tenebroso esplendor?
Mas e se o amor já está
Se há muito tempo que chegou
E só nos enganou?

Então não fale nada, apague a estrada
Que seu caminhar já desenhou
Porque toda razão, toda palavra
Vale nada quando chega o amor

Maria

Maria ! / O teu nome principia

Na palma da minha mão / E cabe bem direitinho

Dentro do meu coração Maria

Maria / De olhos claros cor do dia

Como os de Nosso Senhor/ Eu por vê-los tão de perto

Fiquei ceguinho de amor Maria

No dia, minha querida, em que juntinhos na vida

Nós dois nos quisermos bem

A noite em nosso cantinho/ Hei de chamar-te

baixinho

Não hás de ouvir mais ninguém, Maria !

Maria ! / Era o nome que dizia

Quando aprendi a falar / Da avózinha / Coitadinha

Que não canso de chorar Maria

E quando eu morar contigo Tu hás de ver que perigo

Que isso vai ser, ai, meu Deus

Vai nascer todos os dias uma porção de Marias

De olhinhos da cor do teus, Maria ! Maria !

Medalha de São Jorge

Fica ao meu lado, São Jorge Guerreiro
Com tuas armas, teu perfil obstinado
Me guarda em ti, meu Santo Padroeiro
Me leva ao céu em tua montaria
Numa visita a lua cheia
Que é a medalha da Virgem Maria
Do outro lado, São Jorge Guerreiro
Põe tuas armas na medalha enluarada
Te guardo em mim, meu Santo Padroeiro
A quem recorro em horas de agonia
Tenho a medalha da lua cheia
Você casado com a Virgem Maria
O mar e a noite lembram a Bahia
Orgulho e força, marcas do meu guia
Conto contigo contra os perigos
Contra o quebranto de uma paixão
Deus me perdoe essa intimidade
Jorge me guarde no coração
Que a malvadeza desse mundo é grande em extensão
E muita vez tem ar de anjo
E garras de dragão

Ronda

De noite eu rondo a cidade
A lhe procurar sem emcontrar
No meio de olhares espio nas mesas dos bares
Você não está
Volto pra casa abatida
Desenganada da vida
No sonho eu vou descansar
Nele você está
Ai se eu tivesse quem bem me qisesse
Esse alguém me diria
Desiste essa busca é inutil
Eu não desistia
Porém com perfeita paciencia
Sigo a procurar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando um dadinho
Jogando bilhar
E nesse dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar da avenida São João

Carcará

Carcará!
Pega, mata e come
Carcará!
Num vai morrer de fome
Carcará!
Mais coragem do que homem
Carcará!
Pega, mata e come
Carcará!

Lá no sertão…
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião

Carcará….
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando
Carcará…
Vai fazer sua caçada
Carcará…
Come inté cobra queimada

Mas quando chega o tempo da invernada
No sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada

Carcará!
Pega, mata e come
Carcará!
Num vai morrer de fome
Carcará!
Mais coragem do que homem
Carcará!
Pega, mata e come

Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa no bico inté matá

Carcará!
Pega, mata e come
Carcará!
Num vai morrer de fome
Carcará!
Mais coragem do que homem
Carcará!
Pega, mata e come
Carcará!

“Em 1950 mais de dois milhões de nordestinos viviam fora dos seus estados natais. 10% da população do Ceará emigrou. 13% do Piauí! 15% da Bahia!! 17% de Alagoas!!!”

(Carcará…)
Pega, mata e come
Carcará!
Num vai morrer de fome
Carcará!
Mais coragem do que homem
Carcará!
Pega, mata e come!!!

Onde estará o meu amor

Como esta noite findará
E o sol então rebrilhará
Estou pensando em você
Onde estará o meu amor?
Será que vela como eu?
Será que chama como eu?
Será que pergunta por mim?
Onde estará o meu amor?

Se a voz da noite responder
Onde estou eu, onde está você
Estamos cá dentro de nós sós
Onde estará o meu amor?
Se a voz da noite silenciar
Raio de sol vai me levar
Raio de sol vai lhe trazer

Como esta noite findará
E o sol então rebrilhará
Estou pensando em você
Será que vela como eu?
Será que chama como eu?
Será que pergunta por mim?

Se a voz da noite responder
Onde estou eu, onde está você
Estamos cá dentro de nós sós
Onde estará o meu amor?
Se a voz da noite silenciar
Raio de sol vai me levar
Raio de sol vai lhe trazer

Será que pergunta por mim?
Onde estará o meu amor?

Alteza

Quando meu homem foi embora
Soprou aos quatro ventos um recado
Que meu trono era manchado
E meu reino esfiapado
Sou uma rainha que voluntariamente
Abdiquei cetro e coroa
E que me entrego e me dou
Inteiramente ao que sou
A vida nômade que no meu sangue ecoa
Abro a porta do carro fissurada
Toma-me ao mundo cigano e sou puxada
Por um torvelinho

Abraça a todos os lugares
Chamam por mim os bares poeirentos
E eu espreito da calçada
Se meu amor bebe por lá
Como me atraem os colares de luzes
À beira do caminho
Errante, pego o volante
E faço nele o meu ninho
Pistas de meu homem aqui e ali rastreio
Parto pra súbitas, inéditas, paisagens
Acendo alto o meu farol de milha
Em cada uma das cidades por que passo
Seu nome escuto na trilha

Aldeia da Ajuda, Viçosa
Porto Seguro, Guarapari, Prado
Itagi, Belmonte, Prado
Jequié, Trancoso, Prado
Meu homem no meu coração
Eu carrego com todo cuidado
Partiu sem me deixar nem caixa-postal, direção
Chego a um lugar e ele já levantou a tenda
Meu Deus! Será que eu caí num laço
Caí numa armadilha, uma cilada
E que este amor que toda me espraiou
Não passou de uma lenda

Pois quando chego num lugar
Dali ele já levantou a tenda
A tenda, a tenda, a tenda, a tenda

A voz de uma pessoa vitoriosa

Sua cuca batuca, eterno zig-zag
Entre a escuridão e a claridade
Coração arrebenta, entretanto o canto aguenta

Brilha no tempo a voz vitoriosa
Sol de alto monte, estrela luminosa
Sobre a cidade maravilhosa

E eu gosto dela ser assim vitoriosa
A voz de uma pessoa assim vitoriosa

Que não pode fazer mal, não pode fazer mal nenhum
Nem a mim, nem a ninguém, nem a nada
E quando ela aparece cantando gloriosa

Quem ouve nunca mais dela se esquece
Barcos sobre os mares, voz que transparece
Uma vitoriosa forma de ser e viver

Que não pode fazer mal, não pode fazer mal nenhum
Nem a mim, nem a ninguém, nem a nada
E quando ela aparece cantando gloriosa

Quem ouve nunca mais dela se esquece
Barcos sobre os mares, voz que transparece
Uma vitoriosa forma de ser e viver

Marinheiro só

Eu não sou daqui

Marinheiro só

Eu não tenho amor

Marinheiro só

Eu sou da Bahia

Marinheiro só

De São Salvador

Marinheiro só

Lá vem, lá vem

Marinheiro só

Como ele vem faceiro

Marinheiro só

Todo de branco

Marinheiro só

Com seu bonezinho

Marinheiro só

Ô, marinheiro, marinheiro

Marinheiro só

Ô, quem te ensinou a nadar

Marinheiro só

Ou foi o tombo do navio

Marinheiro só

Ou foi o balanço do mar

Marinheiro só

Sol negro

Na minha voz trago a noite e o mar
O canto é a luz de um sol negro e dor
É o amor que morreu na noite do mar

Valha Nossa Senhora
Há quanto tempo ele foi-se embora
Para bem longe, pra além do mar
Para além dos braços de Iemanjá
Adeus, adeus…

Atiraste uma pedra

Atiraste uma pedra no peito de quem só te fez tanto bem
E quebraste um telhado, perdeste um abrigo
Feriste um amigo
Conseguiste magoar quem das mágoas te livrou

Atiraste uma pedra com as mãos que essa boca
Tantas vezes beijou
Quebraste um telhado
Que nas noites de frio te servia de abrigo
Perdeste um amigo que os teus erros não viu
E o teu pranto enxugou

Mas acima de tudo atiraste uma pedra
Turvando esta água
Esta água que um dia, por estranha ironia
Tua sede matou
Atiraste uma pedra no peito de quem
Só te fez tanto bem

Anos Dourados

Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

A Moça Do Sonho

Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó

Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu

Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais
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