Skip to main content

Vamos balançar

Vamos Balançar

Vamos balançar
Quem é que não vem?
É nova-bossa
O balanço é gostoso
Não falte ninguém 2x

Eu sou do tempo do samba-de-breque
Brinquei muito samba-de-roda aí nas madrugadas, o samba-canção
Agora que a mocidade lançou nova bossa
Entrei no balanço, gostei do balanço, que balanço bom

Vamos balançar
Quem é que não vem?
É nova-bossa
O balanço é gostoso
Não falte ninguém 2x


Eu sou do tempo do…

Reencarnação

Pai, criador do universo
Quero lhe pedir perdão
Pelos erros cometidos
Espero não chamar seu nome em vão

A gente aqui na Terra erra
Muitas vezes sem razão
Peço ao Criador
Quero voltar na reencarnação

Sei que vou subir
Meu pensamento está na descida
Espero que o bom zambi me devolva
Tudo de bom que tenho nesta vida

O som do surdo e o atabaque
Sentir meu corpo tremer
Tomar a bença a Mãe Rosa
Pedrinho a me proteger
E as crianças me chamando de Tio Gê

Quero ser sambista
Ao renascer de novo
Pra cantar a alegria
E desventura de meu povo

Quero ter muitos amigos
Como tenho atualmente
Cantar samba na avenida
E nascer negro novamente

Mulher de malandro

Meu bem eu vou me embora
não fique triste mulher de malandro não chora 2x

Eu fiz de tudo para ser bom operário
veio a crise financeira eu perdi o meu trabalho
Vou com o Sol volto com a luz da Lua
Oh meu bem não fique triste dinheiro se ganha na rua

Meu bem eu vou me embora
não fique triste mulher de malandro não chora 2x

Dê um beijo nos negrinhos, vou ganhar o nosso pão
Carregar algumas malas lá na porta da estação
Engraxar sapato e bota, carregar cesto na feira
Alugar uma casaca, ser garçon de gafieira

Meu bem eu vou me embora
não fique triste mulher de malandro não chora 2x

Hoje vou jogar no bicho, minha jura quebrarei
quero ver se aumento um pouco sobre aquele que eu ganhei
Oh meu bem não tenha medo pois o jogo não dá nada
para tudo da-se um jeito a polícia é camarada.

Meu bem eu vou me embora
não fique triste mulher de malandro não chora 2x

Vou vender bala de coco, barbatana e rapadura
Oh meu bem só tenho medo do fiscal da prefeitura
pra arrumar algum dinheiro, garantir nossa gordua
vou em algum velório de rico, vou chorar na sepultura

Eu vou pra lá

Eu vou pra lá
eu vou pra lá
ai como é bom
paulistano pra gente sambar

Eu vou pra lá
eu vou pra lá
ai como é bom
paulistano pra gente sambar

Minha escola é paulistano
pequenina mais caminha
Camisa da Barra Funda
eis sim é nossa madrinha

Eu sou filho de sambista
e por isso vivo assim
sempre cantando meu samba
batendo meu tamborim

Eu vou pra lá
eu vou pra lá
ai como é bom
paulistano pra gente sambar

Eu vou pra lá
eu vou pra lá
ai como é bom
paulistano pra gente sambar

Um sambista de verdade
faz samba e não pensa em conquista
sou nascido num terreiro em São João da Boa Vista
na hora em que eu nasci
mamãe me jogou na pista
“se cair deitado é padre, caiu de pé é sambista”

Eu vou pra lá
eu vou pra lá
ai como é bom
paulistano pra gente sambar

Eu vou pra lá
eu vou pra lá
ai como é bom
paulistano pra gente sambar

Convidei a minha nega
se não vem porque não quer
eu não troco um bom samba
pelo amor de uma mulher
a nega ficou zangada
quase que o pau comeu
eu brinco com todo mundo
no fim do pagode seu nego é só teu

Eu vou pra lá
eu vou pra lá
ai como é bom
paulistano pra gente sambar

Eu vou pra lá
eu vou pra lá
ai como é bom
paulistano pra gente sambar

História da capoeira

Oilalá, Oilelê
meu avô me chamava
“Vem cá meu filhinho aprender capoeira pra se defender”

Meu avô preto de Angola
sentado na sua esteira
contava pra criançada
história da capoeira

Foi brinquedo de criança
veio lá de sua terra
em defesa do seu povo
já virou arma de guerra

Oilalá, Oilelê
meu avô me chamava
“Vem cá meu filhinho aprender capoeira pra se defender”

Ele me falou também
que em busca da liberdade
negro se refugiavam
no Quilombo de Palmares

Quando eles defrontavam
opresor que lhes seguia
era perna que jogava
era gente que caía

Meu avô preto de Angola
sentado na sua esteira
contava pra criançada
história da capoeira

Foi brinquedo de criança
veio lá de sua terra
em defesa do seu povo
já virou arma de guerra

Oilalá, Oilelê
meu avô me chamava
“Vem cá meu filhinho aprender capoeira pra se defender”

Ele me falou também
que em busca da liberdade
negro se refugiavam
no Quilombo de Palmares

Quando eles defrontavam
opresor que lhes seguia
era perna que jogava
era gente que caía

Oilalá, Oilelê
meu avô me chamava
“Vem cá meu filhinho aprender capoeira pra se defender”

Garoto de pobre

Garoto de pobre
só pode estudar
em escola de samba
Ou ficar pelas ruas
jogado ao léu

implorando a bondade dos homens
aguardando a justiça do céu

Seu lápis é sua baqueta
que bate o seu tamborim
ninguém olha este coitado
Senhor qual será o seu fim?

Na escola de samba da vila
é onde ele vai estudar
ensaia o ano inteiro
tem provas no carnaval

Ele desce dos morros
ele vem das vilas
e chega a cidade
alegra os turistas
recebe os aplausos da sociedade

Se criar novos passos
criar nova ginga
ou compor um samba
está aprovado, recebe o garoto
o diploma de bamba

Na escola de samba
aprende a rir,
aprende a sofrer,
aprende a chorar
mas não sabe ler
doutor qual o seu destino será?

Garoto de pobre
só pode estudar
em escola de samba
Ou ficar pelas ruas
jogado ao léu

implorando a bondade dos homens
aguardando a justiça do céu

Seu lápis é sua baqueta
que bate o seu tamborim
ninguém olha este coitado
Senhor qual será o seu fim?

Na escola de samba da vila
é onde ele vai estudar
ensaia o ano inteiro
tem provas no carnaval

Ele desce dos morros
ele vem das vilas
e chega a cidade
alegra os turistas
recebe os aplausos da sociedade

Se criar novos passos
criar nova ginga
ou compor um samba
está aprovado, recebe o garoto
o diploma de bamba

Na escola de samba
aprende a rir,
aprende a sofrer,
aprende a chorar
mas não sabe ler
doutor qual o seu destino será?

Tristeza do sambista

Felicidade hoje é fantasia
e o povo canta mesmo sem saber
que a favela virou poesia
na boca de quem nunca soube o que é sofrer

Quando sopra o vento
no mês de Fevereiro
a nega me pergunta “o que fazer?”
O Zinco tremulando é um pesadelo
só rezo e peço a Deus para nos proteger

Felicidade hoje é fantasia
e o povo canta mesmo sem saber
que a favela virou poesia
na boca de quem nunca soube o que é sofrer

Todos cantam todos falam
mas esquecem o principal
a tristeza do sambista
é não ter no carnaval
Sua própria fantasia
e um barraco em condição
para não ver a realidade
no desfile da ilusão

Felicidade hoje é fantasia
e o povo canta mesmo sem saber
que a favela virou poesia
na boca de quem nunca soube o que é sofrer

Vai cuidar da sua vida

Vai cuidar de sua vida, diz o dito popular
Quem cuida da vida alheia da sua não pode cuidar

Crioulo cantando samba era coisa feia
Esse negro é vagabundo, joga ele na cadeia
Hoje o branco está no samba, quero ver como é que fica
Todo mundo bate palmas quando ele toca a cuíca

Vai cuidar de sua vida, diz o dito popular
Quem cuida da vida alheia da sua não pode cuidar

Negro jogando pernada, mesmo jogando rasteira
Todo mundo condenava uma simples brincadeira
E o negro deixou de tudo, acreditou na besteira
Hoje só tem gente branca na escola de capoeira

Vai cuidar de sua vida, diz o dito popular
Quem cuida da vida alheia da sua não pode cuidar

Negro falava de umbanda, branco ficava cabreiro
Fica longe desse nego, esse nego é feiticeiro
Hoje negro vai à missa e chega sempre primeiro
O branco vai pra macumba e já é babá de terreiro

Que gente é essa (Paulistano da Glória – Samba-enredo 1980)

Que gente é essa de pé no chão
Que tem no canto sua forma de expressão
Cantou na travessia o seu triste lamento
Para amenizar tanta dor e sofrimento
Que canto lindo na plantação
O Rei Escravo plantou na mineração
Rezou cantando ao Pai Oxalá
Nagô, Gege, Ketu, Iorubá
Oyá, Oyá, vem nos ajudar
Kaô, Kaô, Kaô Cabecile, Obá

Depois surgiu Palmares, sua confederação
E um canto livre vem lá do sertão
Cantou na capoeira
No tronco cantou e gemeu
Ela cantando embalava
Um filho que não era seu
Hoje esta gente sofrida
Vem dos morros e favelas
Mas traz um canto divino
Que ilumina a passarela

É o canto negro, Senhor
É o povo negro, Senhor
É a liberdade, Senhor, ô, ô, ô

Tradições e festas de Pirapora

À margem do lendário Tietê
Uma nova cidade surgiu
De toda parte vinha romaria
Festejar o grande dia
E cantar em seu louvor

Trazemos nesta avenida colorida
Festa do povo e costumes tradicionais
Dar ao povo o que é do povo
O que fazemos neste carnaval

Pirapora, ê! Pirapora, ê!
Bate o bumbo nêgo
Quero ouvir o boi gemer

Lá no jardim era festa de branco
A banda tocava um dobrado
As negras gritavam pregões
E as moças casadoiras procuravam namorado
No barracão a raça sambava a noite inteira
Batia zabumba, jogava rasteira
Ô, oôoô, cantando alegre a loa de um trovador
Tem branco no samba? Tem sim senhor
Ele é batuqueiro, Sandinha, ou é cantador?

Pirapora, ê! Pirapora, ê!
Bate o bumbo nêgo
Quero ouvir o boi gemer

Tebas ”O Escravo” (Praça da Sé)

Tebas, negro escravo
Profissão: Alvenaria
Construiu a velha Sé
Em troca pela carta de alforria
Trinta mil ducados que lhe deu padre Justino
Tornou seu sonho realidade
Daí surgiu a velha Sé
Que hoje é o marco zero da cidade
Exalto no cantar de minha gente
A sua lenda, seu passado, seu presente
Praça que nasceu do ideal
E braço escravo
É praça do povo
Velho relógio, encontro dos namorados
Me lembro ainda do bondinho de tostão
Engraxate batendo a lata de graxa
E camelô fazendo pregão
O tira-teima do sambista do passado
Bixiga, Barra Funda e Lava-Pés
O jogo da tiririca era formado
O ruim caía e o bom ficava de pé
No meu São Paulo, oi lelê, era moda
Vamos na Sé que hoje tem samba de roda

Oração em tempo de festa

Meu povo pede licença
Para contar essa história
Do negro e seus orixás
Canta Paulistano da Glória

Foi na Bahia, inicio da escravidão
O negro despojado em seu direito
De praticar a sua devoção
Oxossi iluminou a sua mente
E o negro foi à floresta

Amou, pege
Bateu tambor, em tempo de festa

E o branco viu o mar se agitar
Quando um lamento chamou Iemanjá
O céu escuro se iluminou
E o atabaque, tocou pra Xangô

Ogum, de ronda
Omulu, de prontidão
Exu dava pirueta
Provocando confusão
O arco-íris de Oxumaré
Dava colorido ao ambiente
Ao centro, Pai Oxalá
Iansã sorria contente
Eis que veio o sol divino
Lá da pedreira
É mamãe Oxum, trazendo o sol da cachoeira

Chuê, Chuê, Chuê, Chuá
Canta, negro canta
Pra seus orixás

Silêncio no Bexiga

Silêncio o sambista está dormindo
Ele foi mas foi sorrindo
A notícia chegou quando anoiteceu
Escolas eu peço o silêncio de um minuto
O Bexiga está de luto
O apito de Pato n’água emudeceu (2x)

Partiu não tem placa de bronze não fica na história
Sambista de rua morre sem glória
Depois de tanta alegria que ele nos deu
Assim, um fato repete de novo
Sambista de rua, artista do povo
E é mais um que foi sem dizer adeus

Batuque de Pirapora

Eu era menino
Mamãe disse: vamos embora
Você vai ser batizado
No samba de Pirapora
Mamãe fez uma promessa
Para me vestir de anjo
Me vestiu de azul-celeste
Na cabeça um arranjo
Ouviu-se a voz do festeiro
No meio da multidão
Menino preto não sai
Aqui nessa procissão
Mamãe, mulher decidida
Ao santo pediu pediu perdão
Jogou minha asa fora
Me levou pro barracão
Lá no barraco
Tudo era alegria
Nego batia na zabumba
E o boi gemia
Iniciado o neguinho
Num batuque de terreiro
Samba de Piracicaba
Tietê e campineiro
Os bambas da Paulicéia
Não consigo esquecer
Fredericão na zabumba
Fazia a terra tremer
Cresci na roda de bamba
No meio da alegria
Eunice puxava o ponto
Dona Olímpia respondia
Sinhá caía na roda
Gastando a sua sandália
E a poeira levantava
Com o vento das sete saias
Lá no terreiro
Tudo era alegria
Nego batia na zabumba
E o boi gemia
Lá no terreiro
Tudo era alegria
Nego batia na zabumba
E o boi gemia.

Vou Sambar N’outro Lugar

E o Geraldão foi nesta toada de largo da Banana. Rolando fardo de algodão em carroceria de caminhão e aprendendo as mumunhas e as catimbas do samba, até que o progresso entrou na parada e acabou com o recreio onde o pessoal das quebradas do mundaréu relaxava as broncas juntadas no dia a dia.

Fiquei sem o terreiro da Escola
Já não posso mais sambar
Sambista sem o Largo da Banana
A Barra Funda vai parar

Surgiu um viaduto, é progresso
Eu não posso protestar
Adeus, berço do samba
Eu vou-me embora
Vou sambar noutro lugar

Tiririca

O Geraldão é filho de Dona Augusta, conhecida na Barra Funda como negra da pensão. O Geraldão ia entregar as marmitas e logo ficou conhecido na Barra Funda como negrinho das marmitas. Mas bolinho de carne vinha sempre na primeira panela, por isso que ele engordou. Agora o que eu quero contar, e é o que pesa na balança, é que ele entrava na Alameda Glete para entregar marmita e ouvia samba, chegava no Jardim da Luz era só samba. Subia os Campos Elíseos, era só samba. Chegava no largo da Banana. Pouca banana e muito samba. Ali a curriola se juntava pra descarregar caminhão e, enquanto não vinha caminhão, armavam a roda do samba. Iam jogando tiririca. O Geraldão, como é que cantava o tiririca?

É tumba! moleque, Tumba!
É Tumba! p’ra derrubar
Tiririca, faca de ponta
Capoeira vai te pegar

Dona Rita do tabuleiro
Quem derrubou meu companheiro?
Dona Rita do tabuleiro
Quem derrubou meu companheiro?

Abra a roda minha gente
O batuque é diferente
Abra a roda minha gente
O batuque é diferente