Lupicínica

  • Aí, Nei, essa vai pra Valmir Gato Manso

Amei
uma enfermeira do Salgado Filho,
paixão passageira, sem charme nem brilho,
roteiro batido, romance na tarde.

E aí, numa seresta na Dois de Dezembro,
me perguntaram por ela: “-Nem lembro…”,
eu respondi com um sorriso covarde.

Ouvi – que bofetada! – “Morreu duas vezes.
Uma aqui e agora, a outra há seis meses”.
Balbuciei: “-Morrida ou matada?”

“-Depende do seu conceito de assassinato.
Um pobre amor não é amor barato.
Quem fala de tudo não sabe de nada.”

Na rua do Tijolo, bloco 5, aquele de esquina,
morou uma enfermeira com a chama vital de Ana Karenina.

Dirá um dodói que Tolstói era chuva demais pra tão pouca planta.
Ô trouxa, heroínas sem par podem brotar na Rússia ou lá em Água Santa…

Aquela mulher que dosava o soro nas veias dos agonizantes
não teve sequer um calmante pra dor sem remédio que aflige os amantes.

Por mais que a literatura celebre figuras em vã fantasia
ninguém foi mais nobre que a Pobre da Enfermaria.


Letra Composta por:
Melodia Composta por:
Álbum:
Ano:
Estilo Musical:

Deixe sua análise

Escreva aqui o significado, análise, o seu pensamento. O que te faz gostar dessa letra? Seu email não será publicado.