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Meu sonho

Nasceu contigo o meu desejo então primeiro
De abraçar o mundo inteiro
E amar até morrer
E guardo ainda nosso encontro passageiro
E a lembrança mais sincera
Que eu tenho de um prazer

Dentro da noite, como de costume
Meu samba triste resume
Um sofrimento sem par
E no meu sonho desta noite
Eu te procuro
Entre nuvens, tudo escuro
E não encontro o teu olhar

Te dei os versos mais bonitos de alegria
E no meu samba, não havia sofrimento
Até que um dia, teu sorriso foi mudando
O teu jeito me evitando
Fez mudar meu sentimento
E o mundo inteiro não foi nada num segundo
Do nosso verso, se apagou a emoção
E o nosso sonho de ternura e o nosso abraço
Se desfez e deu espaço a esta desilusão

Choro do Adeus

Já não ouço o lamento
Do chorinho que eu cantava
Que feliz aquele tempo
Quando a flauta me acompanhava
Violões em meu caminho
Alegravam os dias meus
É tão triste cavaquinho
Que eu cante o choro do adeus

Não sei porque tudo acabou
Chegou ao fim o que eu sonhava
Não sei porque silenciou
O bandolim que eu adorava
Bate em meu peito como um bordão
Meu coração agradecido
Pelos momentos que já vivi
Oh, meu chorinho eu choro por ti

Doce melodia

Fiu-furiu-fiu
A buzina tocou
E eu corri para ver o portão

Fiu-furiu-fiu
Cadillac encostou mesmo na contramão
Eu entrei só pra ver
Porque o rapaz insistiu

Fiu-furiu-fiu
Lá na esquina da rua
O carro sumiu

Fui até ao Joá
Que é tão bom
E amei ao luar
Na areia do Leblon

Quando às quatro
Eu voltei
O leiteiro me olhou
E sorriu sem querer

Fiu-furiu-fiu
E daquela buzina não posso esquecer

Amor sem preconceito

Ciúmes, despeito,
Me deixaram esse ressentimento,
A que tenho direito,
Meus olhos, nem choram mais,
Pelas ruas caminho buscando,
Um pouquinho de paz.

Meu pecado foi te amar demais,
Esquecendo de mim,
Sem amor próprio a vida de gente acaba sempre assim,
Me coloquei à teus pés,
Entreguei amor, sem preconceito,
E hoje guardo e carrego comigo,
Toda a dor dentro do peito.

Meu pecado foi te amar demais,
Esquecendo de mim,
Sem amor próprio a vida de gente acaba sempre assim,
Me coloquei à teus pés,
Entreguei amor, sem preconceito,
E hoje guardo e carrego comigo,
Toda a dor dentro do peito.

Ciúmes, despeito,
Me deixaram esse ressentimento,
A que tenho direito,
Meus olhos, nem choram mais,
Pelas ruas caminho buscando,
Um pouquinho de paz….

Ciúmes, despeito,
Me deixaram esse ressentimento,
A que tenho direito,
Meus olhos, nem choram mais,
Pelas ruas caminho buscando,
Um pouquinho de paz…

Sonoroso

Num beijo triste eu percebi
Que a sua intenção era fatal
Depois do adeus não consegui
Conter o coração
Porém sem fazer mal
Recebo agora com surpresa
A confirmação do dissabor
Você partiu deixando
Amarga a minha vida
Minh’alma dolorida
Com o fim do nosso amor

Não é assim que se faz, não!
Partir sem destino
E deixar sofrendo
Um grande amor que não fez mal
E busca em vão, de déu em déu
Encontrar lenitivo
Pra esquecer essa mágoa
Que maltrata o peito
Pelo amor desfeito
Sem eu merecer

Espero o dia em que você
Sentir melancolia e me procurar
Não sei se devo perdoar ou não
Não sei se posso resistir à ingratidão
Mas quero antes prevenir
Que o seu procedimento não me satisfaz
Vá padecendo e aprendendo
Porque a minha vida continua em paz

Rato rato

Rato, rato, rato
Porque motivo tu roeste meu baú?
Rato, rato, rato,
Audacioso e malfazejo gabiru.

Rato, rato, rato,
Eu hei de ver ainda o teu dia final,
A ratoeira te persiga e consiga,
Satisfazer meu ideal.

Quem te inventou?
Foi o diabo, não foi outro, podes crer
Quem te gerou?
Foi uma sogra pouco antes de morrer!

Quem te criou?
Foi a vingança, penso eu,
Rato, rato, rato, rato,
Emissário do judeu.

Quando a ratoeira te pegar,
Monstro covarde, não me venhas,
A gritar, por favor.
Rato velho, descarado, roedor
Rato velho, como tu faz horror!

Vou provar-te que sou mau,
Meu tostão é garantido,
Não te solto nem a pau

Choro, chorão

Sim
Estou chorando
Neste choro bem chorado
Meu chorinho apaixonado
Como é meu machucado coração
Se estou zangado eu não choro
Mimado sou chorozinho
Emocionado sou chorão
Você só chora
Se desprezada
Depreciada
Na despedida
E eu só choro
Pela vitória
Pale beleza
E quando estou feliz da vida

Fogueira

Meu São João,
Escuta o meu pedido, São João,
Não deixe essa fogueira se apagar,
Dentro da gente, o amor é uma fogueira, coração,
Não vá nessa fogueira se queimar.

Armei a fogueira, lá no meu quintal,
O vento que veio, jogou pelo chão,
Também como o vento, não sei se por mal,
Jogaste por terra a mais linda ilusão.

São João, São João, quero ver,
Se alguém pode amar, sem sofrer,
Quem dera que um dia passasse um tufão,
E um amor se acendesse, no meu coração.

Meu São João,
Escuta o meu pedido, São João,
Não deixe essa fogueira se apagar,
Dentro da gente, o amor é uma fogueira, coração,
Não vá nessa fogueira se queimar…

Noites cariocas

Sei que ao meu coração, só lhe resta escolher
Os caminhos que a dor sutilmente traçou para lhe aprisionar
Nem lhe cabe sonhar com o que definhou
Vou me repreender pra não mais me envolver nessas tramas de amor
Eu bem sei que nós dois somos bem desiguais
Para que martelar, insistir, reprisar
Tanto faz, tanto fez
Eu por mim desisti, me cansei de fugir
Eu por mim decretei que fali, e daí?
Eu jurei para mim não botar nunca mais minhas mãos pelos pés

Mas que tanta mentira eu ando pregando
Supondo talvez me enganar
Mas que tanta crueza
Se minha certeza é maior do que tudo o que há
Todas as vezes que eu sonho
É você que me rouba a justeza do sono
É você quem invande bem sonso e covarde
As noites que eu tento dormir bem em paz
Sei que mais cedo ou mais tarde
Eu vou ter que expulsar todo o mal que você me rogou
Custe o que me custar vou desanuviar
Toda a dor que você me causou
Eu vou me redimir e existir mas sem ter que ouvir
As mentiras mais loucas que alguém já pregou
Nesse mundo pra mim

Sei que ao meu coração…

Sei que mais cedo ou mais tarde
Vai ter um covarde pedindo
Mas sei também que o meu coração
Não vai querer se curvar só de humilhação

Lamentos

Moreno tem pena, mas hoje o meu lamento
Tento em vão me esquecer
Mai ai meu tormento é tanto
Que eu vivo em pranto, sou toda infeliz
Não há coisa mais triste neste mundo
Que este chorinho que eu te fiz
Sozinha, moreno, você nem tem mais pena
Ai, meu bem, fiquei tão só
Tem dó, tem dó de mim
Porque estou triste assim
Por amor de você, não há coisa mais linda
Mais linda, meu benzinho
Que o meu carinho por você
Meu amor, meu amor
Sozinha, sozinha, moreno
Você nem tem mais pena
Ai meu bem, fiquei tão só
Tem dó, tem dó de mim
Porque estou triste assim
Por amor de voc~e
Não há coisa mais linda, mais linda
Meu benzinho, que o meu carinho por você
Meu amor, meu amor
Meus amor, meus amor, acabou

Pedacinhos do céu

Sei que me amas com grande fervor,
há em teus lábios mil frases de amor,
entretanto, eu preciso ouvir a voz da razão
para saber, se direi sim ou não.

És para mim um formoso troféu,
vejo em ti pedacinhos do céu
porém preciso refletir mais um pouquinho
para não desiludir ao meu dorido coração
que ainda sente a emoção de uma ingratidão.

Afinal, com ardor, com fervor e muito apreço,
eu agradeço a beleza, a nobreza, e a grandeza do troféu
julgo-me feliz pois sempre quis
e tudo fiz para exaltar um grandioso amor,
e incluir neste chorinho, entre beijos e carinhos,
pedacinhos lá do céu.

Tico-tico no fubá

Um tico-tico só
Um tico-tico lá
Já está comendo
Todo, todo meu fubá
Olho, seu Nicolau
Que o fubá se vai
Pego no meu pica-pau
E um tiro sai

Então eu tenho pena
Do susto que levou
E uma cuia cheia
De fubá eu dou
Alegre já voando, piando:
“meu fubá, meu fubá”
Saltando de lá para cá

Houve um dia lá
Que ele não voltou
E seu gostoso fubá
O vento levou
Triste fiquei
Quase chorei
Mas então vi
Logo depois
Já não era um
Mas, sim, já dois

Quero contar baixinho
A vida dos dois
Tiveram seu ninho
E filhinhos depois
Todos agora pulam ali
Saltam aqui
Comendo sempre o fubá
Saltando de lá para cá