Silvio Caldas

Três lágrimas

Eu choreiPela primeira vez na minha vidaQuando nossa vida se complicouÉramos então duas criançasCheias de vida e de esperança Lembro-me bem do teu olhar espantadoQuando te roubei um beijo bem roubadoE uma lágrima dos olhos me rolouEu choreiPela segunda vez na minha vidaQuando minha vida desmoronouTínhamos então mais vinte anosMágoas, saudades, desenganos Lembro-me bem do […]

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Por causa desta cabocla

À tardeQuando de volta da serraCom os pés sujinhos de terraVejo a cabocla passarAs flores vêm pra beira do caminhoPra ver aquele jeitinhoQue ela tem de caminharE quando ela na rede adormeceE o seio moreno esqueceDe na camisa ocultarAs rolasAs rolas também morenasCobrem-lhe o colo de penasPra ele se agasalharNa noite dos seus cabelosOs grampos

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Inquietação

Quem se deixou escravizarE, no abismo, despencarPor um amor qualquerQuem, no aceso da paixãoEntregou o coraçãoÀ uma mulherNão soube o mundo compreenderNem a arte de viverNem chegou, mesmo de leve, a perceberQue o mundo é sonho, fantasiaDesengano, alegriaSofrimento, ironiaNas asas brancas da ilusãoNossa imaginaçãoPelo espaço, vai, vai, vaiSem desconfiarQue mais tarde caiPara nunca mais voar.

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Serenata

Dorme, fecha êste olhar entardecente,Não me escutes, nostálgico, a cantarPois não sei se feliz ou infelizmentenão me é dado, beijando, te acordarDorme, deixa os meus cantos delirantesDorme, que eu olho o céu a contemplara lua que procura diamantespara o teu lindo sonho ornamentarNa serpente de seda dos teus braçosalguém dorme, ditoso, sem saberque eu vivo

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Faceira

Foi num samba De gente bamba Oi.gente bamba, Que eu te conheci, Faceira, Fazendo visagem, Passando rasteira. Que bom, que bom, que bom. E desceste lá do morro Pra viver cá na cidade, Deixando o companheiro, Quase louco de saudade. Linda criança, Tenho fé, tenho esperança, Tu um dia hás de voltar, Direitinho ao teu lugar. (foi num samba)

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Professora

Eu a vejo todo diaQuando o sol mal principiaA cidade a iluminar Eu venho da boemiaE ela vai, quanta ironiaPara a escola trabalhar Louco de amor no seu rastroVaga-lume atrás de um astroAtrás dela eu tomo o trem E no trem das professorasEm que outras vão, sedutorasEu não vejo mais ninguém Essa operária divinaQue lá

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Linda lourinha

Loirinha, loirinhaDos olhos claros de cristalDesta vez em vez da moreninha Serás a rainha do meu carnaval(bis) Loura boneca que vens de outra terraQue vem de InglaterraQue vem de Paris Quero te dar o meu amor mais quenteDo que o sol ardente Deste meu Brasil Linda loirinha tens olhar tão claroDeste azul tão raroComo o céu de

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Da cor do pecado

Esse corpo moreno cheiroso e gostoso que você temÉ um corpo delgado da cor do pecadoQue faz tão bem.Esse beijo molhado, escandalizado que você deuTem sabor diferente que a boca da genteJamais esqueceuE quando você me responde umas coisas com graçaA vergonha se escondePorque se revela a maldade da raçaEsse corpo de fato tem cheiro

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Deusa da minha rua

A Deusa da minha ruaTem os olhos onde a luaCostuma se embriagarNos seus olhos eu suponhoQue o sol num doirado sonhoVai claridade buscarMinha rua é sem graçaMas quando por ela passaSeu vulto que me seduzA ruazinha modestaÉ uma paisagem de festaÉ uma cascata de luz Na rua, uma poça d’águaEspelho da minha mágoaTransporta o céu

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Minha palhoça

Se você quisesse morar na minha palhoçaLá tem troça, se faz bossaFica lá na roça à beira do riachãoE à noite tem um violãoUma roseira cobre a banda da varandaE ao romper da madrugadaVem a passarada abençoar nossa união Tem um cavaloQue eu comprei em PernambucoE não estranha a pistaTem jornal, lá tem revistaUma kodak

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Meus vinte anos

Nos olhos das mulheresNo espelho do meu quartoÉ que eu vejo a minha idadeO retrato na salaFaz lembrar com saudadeA minha mocidade A vida para mim tem sido tão ruimSó desenganosAi, eu daria tudoPara poder voltarAos meus vinte anos. Deixaste minha vidaA sombra coloridaDe uma saudade imensaDeixando-me ficasteMostrando-me o contrasteMatando a minha crençaE hoje desiludidoMuito

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Valsa do meu subúrbio

Valsa triste Velha valsa Das serestas Nas noites de lua Ainda hoje, Tu emprestas Teus lamentos Aos cantores da rua  Velha valsa Minha amiga Tão boêmia Quanto o teu cantor Valsa triste Tu me obrigas A contar um história De amor…  Quem não viu num subúrbio distante Numa valsa um cantor soluçar A pedir, a implorar suplicante A esmola de um beijo, um olhar 

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Morena boca de ouro

Morena boca de ouroQue me faz sofrerO teu jeitinho é que me mataRoda morena, vai não vaiGinga morena, cai não caiSamba morena e me desacata Morena é uma brasa viva pronta pra queimarQueimando a gente sem clemênciaRoda morena, vai não vaiGinga morena, cai não caiSamba morena com malemolência Meu coração é um pandeiroGingando ao compasso

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No rancho fundo

No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundoOnde a dor e a saudade contam coisas da cidadeNo rancho fundo, de olhar triste e profundoUm moreno conta as mágoas tendo os olhos rasos d’águaPobre moreno, que de tarde no serenoEspera a lua no terreiro tendo o cigarro por companheiroSem um aceno ele pega da

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