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Menina oxigenê

Menina

menina Oxigenê

o teu cabelo preto menina

virou marrom glace

teus olhos meu bem

mudaram de cor e de formato tambem

ficaram azuis e seu namorado azulou

e nunca mais voltou

menina……

tua boca de rouge

com a falta de cor

ficou da cor de ferrugem

parece metal

seu namorado que é pobre

foi quem gastou os cobres

menina……

seus braços meu bem

com tanto sinal

faz me lembrar a Central

e lá na Central seu namorado menina

fugiu com a Leopoldina

menina……

Prato fundo

Se como tanto
Aprendi com a minha avó
Na minha casa
Só se come em prato fun-d-o-dó

A minha mana
Para esperar o almoço
Come casca de banana
Depois engole o caroço
E o meu titio
Faz vergonha a todo instante
Foi ao circo com fastio
E engoliu o elefante

A minha tia
Já engoliu uma fruteira
Estou vendo ainda o dia
Que ela almoça a cozinheira
E depois disso
Leva sempre a dar palpite
Toma chumbo derretido
Para abrir o apetite

Meu bisavô
Que era um índio botocudo
Devorou a tribo inteira
Com pajé, cacique e tudo
E a minha avó
Que comia à portuguesa
Reduziu dois bois a pó
E inda quis a sobremesa

Mamãe eu quero

Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar!
Dá a chupeta, dá a chupeta, ai, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar!

Dorme filhinho do meu coração
Pega a mamadeira em vem entra no meu cordão
Eu tenho uma irmã que se chama Ana
De piscar o olho já ficou sem a pestana

Eu olho as pequenas, mas daquele jeito
E tenho muita pena não ser criança de peito
Eu tenho uma irmã que é fenomenal
Ela é da bossa e o marido é um boçal

Deixa a lua sossegada

É madrugada,
De longe eu vim.
Deixa a lua sossegada
E olhe pra mim!

A lua malcriada, quando passa,
Espia na vidraça
Dos quartos de dormir,
Zombando dos casais enamorados,
Quase sempre descuidados,
Ela fica sempre a rir.

Não quero mais saber de ver a lua,
Que passa pela rua
Roubando a escuridão.
Prefiro ver você sem ver a lua,
Contemplando a imagem sua
Bem juntinho ao seu portão.

Se não houvesse lua, eu asseguro,
O mundo no escuro,
Seria muito bom.
Um beijo começava em Realengo,
Esquentava no Flamengo
E acabava no Leblon!

Deixa a lua sossegada

É madrugada,
De longe eu vim.
Deixa a lua sossegada
E olhe pra mim!

A lua malcriada, quando passa,
Espia na vidraça
Dos quartos de dormir,
Zombando dos casais enamorados,
Quase sempre descuidados,
Ela fica sempre a rir.

Não quero mais saber de ver a lua,
Que passa pela rua
Roubando a escuridão.
Prefiro ver você sem ver a lua,
Contemplando a imagem sua
Bem juntinho ao seu portão.

Se não houvesse lua, eu asseguro,
O mundo no escuro,
Seria muito bom.
Um beijo começava em Realengo,
Esquentava no Flamengo
E acabava no Leblon!

Tamanho não é documento (Lamartine Babo)

Eu sou pequeno por fora
Mas grande por dentro
Tamanhão não é documento
Eu digo sem constrangimento
Eu sou pequeno por fora
Mas grande por dentro
(bis)

Por fora, eu sou tão pequenino
Raquítico, fraco e franzino
Anêmico, pálido e mal acabado
Coitado! Coitado!
Vocês não me enxergam por dentro, porém
Apoiado, muito bem!

[REFRÃO](2x)

[Almirante:]
O meu coração anda louco
Já mede um quilômetro e pouco
E bate talvez a duzentos por hora
E agora? E agora?
Agora ele voa fugindo de alguém
Apoiado, muito bem!

Pelo telefone (Donga – Ernesto dos Santos – e Mauro de Almeida)

O chefe da folia,
Pelo telefone,
Mandou me avisar
Que com alegria
Não se questione
Para se brincar!

Ai, ai, ai!
Deixa as mágoas para trás,
Ó rapaz!
Ai, ai, ai, ai!
Fica triste se és capaz
E verás!

Tomara que tu apanhes!
Não tornes a fazer isso,
Tirar amores dos outros
Depois fazer teu feitiço!

Olha, a rolinha
(Sinhô! Sinhô!)
Se embaraçou
(Sinhô! Sinhô!)
Caiu no laço
(Sinhô! Sinhô!)
Do nosso amor
(Sinhô! Sinhô!)
Porque este samba
(Sinhô! Sinhô!)
É de arrepiar
(Sinhô! Sinhô!)
Põe perna bamba
(Sinhô! Sinhô!)
Mas faz gozar!

O chefe da polícia,
Pelo telefone,
Manda me avisar
Que, na Carioca,
Tem uma roleta
Para se jogar!
(bis)

Ai, ai, ai!…

Tomara que tu apanhes…

Olha a rolinha
(Sinhô! Sinhô!)
Se embaraçou
(Sinhô! Sinhô!)
É que a vizinha
(Sinhô! Sinhô!)
Nunca sambou
(Sinhô! Sinhô!)
Porque este samba
(Sinhô! Sinhô!)
É de arrepiar
(Sinhô! Sinhô!)
Põe perna bamba
(Sinhô! Sinhô!)
Mas faz gozar!

Assim como o rio

E assim como o rio que corre pro mar
A vida da gente não pode parar.Navega a criança nos mares do mundo
E tua jangada não deve ir ao fundo
O mar desta vida tem muitos escólios
Tem fé em teus braços confie em teus olhos.

E como é distante este mar onde vai
Leva mais um remo que nunca é demais
Por causa da fome leva tua rede
E leva a quartinha prá matar a sede.

Prá que tu não temas o assombro das grotas
Arranja amizade com as gaivotas
E elas seguindo teu barco de perto
Não deixem que afastem para rumo incerto.

E que a tempestade não mate a esperança
Que tu deves ter de que tenha bonança
Depois da tormenta é que vem uma aragem
Que te levará ao final da viagem.

Até que um dia no mar tarde amena
Teu barco encostando em praia serena
Verás que é um velho quem era um menino
Per dirás contigo cumpriu seu destino.


Touradas em Madri

Eu fui às touradas em Madri
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri beijar Ceci.
Eu conheci uma espanhola
Natural da Catalunha;
Queria que eu tocasse castanhola
E pegasse touro à unha.
Caramba! Caracoles! Sou do samba,
Não me amoles.
Pro Brasil eu vou fugir!
Isto é conversa mole para boi dormir!

Trem blindado (João de Barro)

Meu bem, pra me livrar da matraca
Da língua de uma sogra infernal
Eu comprei um trem blindado
Pra poder sair no carnaval

Mulata, por teu encanto
Muito eu levei na cabeça
Porém agora eu duvido
Que isto outra vez aconteça
Do teu falado feitiço
Eu pouco caso lhe faço
Mandei fazer em São Paulo, mulata
Um capacete de aço

Meu bem, pra me livrar da matraca
Da língua de uma sogra infernal
Eu comprei um trem blindado
Pra poder sair no carnaval

Mulata, quando eu te vi
Logo pedi anistia
Pois os teus olhos lançavam
Terrível fuzilaria
E pra ninguém aderir
Ao nosso acordo amoroso
Botei na porta da casa, mulata
Um canhão misterioso.

Mulher exigente

Tem carinho que eu faço

Tem dinheiro meu bem

Tem minha alma em meu braço

e querendo amor também tem

Pois até….

Ja tem tudo o que queres

Nada te tem faltado

como toda as mulheres

Tu nunca que estás contente

E pobre do coitado do marido que te aguenta

Tem carinho que eu faço

Tem dinheiro meu bem

Tem minha alma em meu braço

e querendo amor também tem

Isto não está direito

Veja o que está faltando

Queres tu dar teu jeito porque és muito convencida

ainda estava querendo o resto da minha vida

 

Cabelo branco (co-autor Valdo de Abreu)

Óia o cabelo branco – só pode ser tapeação

Há muito véio sirigaito e bem sapeca
Que apesar de ser careca tem cabeça de algodão
Óia o cabelo branco – só pode ser tapeação

Seu coroné interventor de Guaratuba
Lá na terra e acutuba e é chamado seu doutor
Comprou passagem veio pro Rio a muito custo
Mas quase morreu de susto vendo o Cristo Redentor

Na mesma hora se casaram dois casal
Mas nesse caso originado numa grande trapalhada
Era de noite tava escuro e ninguém via
Quando amanheceu o dia e as mulhé tava trocada
Óia o cabelo branco – só pode ser tapeação

Fui na macumba consultar com o pai-de-santo
Pra acabar com esse quebranto que ainda vai me perseguir
Ele me disse a tua sogra é invocada
Deixa embora essa danada e antes dela te engolir
Óia o cabelo branco – só pode ser tapeação

Fui num banquete na casa de Zé Pequeno
A mesa tava no sereno pra todo mundo caber
Tinha de toda qualidade de talher
Tinha mais hôme que mulher mas só não tinha o que comer
No tal banquete dito cujo referido
Mulher que tinha marido não passou aperto não
Pois as danada para não morrer de fome
Cada qual comeu seu hôme e não tiveram indigestão
Óia o cabelo branco – só pode ser tapeação

Conheço um cabra tão danado e tão valente
Come até carne de gente cozinhada na panela
E a mulher dele anda passando as abertura
Pois já tá criando gordura ele já tá de olho nela
Óia o cabelo branco – só pode ser tapeação

Menina moça é arapuca é alçapão
É automóvel em contramão
É um perigo todo dia
Se a gente brinca um bocadinho se distrai
La vem a mãe lá vem o pai
E quer levar pra feitoria
Mulhé casada quando está com seu esposo
Fica um bicho perigoso coisa igual nunca se viu
Bole com a gente pisca o olho e as vezes chama
E o marido ainda reclama diz que a gente é que buliu
Muié viúva é melhor que pode haver
Pois nada pode acontecer só o que pode é dar vantagem
Pois o marido na cidade do pé junto
Continua a ser defunto e aí o defunto não reage
Óia o cabelo branco – só pode ser tapeação

Vamos falar do norte

Quando nós saímos do norte foi pra no mundo mostrar

Como canta aqui nesta terra um bando de tangarás

 

Uma madama pra fazer economia

Comprou as perfumaria num tutu que ela encontrou

Saiu pra rua perfumada em todo canto

Aí o perfume fedeu tanto que a madama desmaiou

 

Meu tangará, meu curió, meu terra-terra

E o meu canário da terra que é danado pra cantar

Eu também canto uma semana um mês inteiro

E quando eu canto no terreiro inté a lua quer sambar

 

Eu fui fazer minha compra na feira

E eu vi tanta roubalheira de se encabular

Tava um sujeito de roubar com uma tal febre

Vendendo gato por lebre, ratazana por gambá

 

Na sepultura que eu fiz pra minha famia

Tinha um freguês por dia para se enterrar

Na minha vez quando cheguei ao pé da cova

E apesar de ela ser nova já não tinha mais lugar

 

E lá no norte quando é boa a brincadeira

Lá tem bala e tem madeira, tem tabefe, tem punhá

Mas eu não temo nem cacete e nem garrucha

Levei dez tiro na fuça e depois disso eu fui sambá

 

Dei um emprego ao filho do Zacarias

Só das onze ao meio dia que tinha que trabaiá

Mas o malandro pegar peso não podia

E além disso ainda queria hora e meia pra almoçá

Batucada (Eduardo Souto e João de Barro)

Ô, ô, Nós semo é memo do amô

Mulatinha frajola
Entra aqui no cordão
Que a fuzarca consola
As mágoa que a gente
Traz no coração

Mulata, benzinho
Vem pra mim de uma vez
Dou-te amor e carinho
Dinheiro não tenho
Não sou português

Vou comprá uma redoma
Nela eu vou te guardar
Que os malandros te olhando
Meu bem, são capaz
De te profaná

Vem, meu bem, pro Salgueiro
Leblon não vale nada
Pois nos bairros de lá
Mulata, meu anjo
Não tem batucada

Vou me casar no Uruguay (Gadé e Valfrido Silva)

Se eu fico em casa, você está falando
Se eu vou pra rua, você quer brigar
O nosso gênio não está combinando
Isso não é vida, eu vou me separar!
Se você teima, eu também sou teimoso
O nosso tempo vai em discussão
Se você acha que não sou bondoso
Arranje um palacete e saia do meu barracão!
(bis)

Vou lhe dizer que já gastei muitos mil réis
Que estou tratando dos papéis
Para me separar
Estou arranjando um divórcio camarada
Porque nossa amizade, hoje em dia, não é nada
Nossa união vai ter o fim que eu queria
Que é sem ter tiro e correria
Vai ser bem melhor
Você desiste e vai pra casa de seu pai
Que vou comprar minha passagem
E me casar lá no Uruguai

Azulão (co-autor João de Barro)

Azulão é passo preto
Rouxinol cor de canela
Quem tem seu amor de fronte
Faz rondar, faz sentinela
Também faço sentinela
E rondo que nem soldado
Tua janela menina
Do vestidinho encarnado
A dias não te avistei
Fiquei triste desolado
Chorei muito com saudade
Do teu vestido encarnado
Azulão é passo preto
Rouxinol cor de canela
Quem tem seu amor de fronte
Faz rondar, faz sentinela
Por acaso aqui passando
Vi andorinhas bando alado
Pergfuntei se tinham visto
O teu vestido encarnado
Uma delas, disse às outras
Vive penando coitado
Neste vestido encarnado
Azulão é passo preto
Rouxinol cor de canela
Quem tem seu amor de fronte
Faz rondar, faz sentinela
As nuven já tem inveja
de ti meu anjo adorado
Ontem à tarde vieram
Vestidinhas de encarnado
E se Deus me perguntasse
Que queres e isto seja dado
Peço pra morrer nas dobras
Do teu vestido encarnado
Azulão passo preto
Rouxinol cor de canela
Quem tem seu amor de fronte
Faz rondar, faz sentinela
Quem tem seu amor e fronte
Faz rondar, faz sentinela
Faz sentinela

Tudo em P (Jorge Nobrega e Ângelo Delatré)

Pedro Pereira Pinto
Pronto, patrão!
Pinta a pena portinha e no portão
Passo pensando pelas praças procurando
Por um tal pintor pintando pena porta e no portão
Parei pateta pois pedi ao tal poeta professor pintor
Profeta pra provar a profissão
Porém pasmado pelo pau palavreado perguntei pelo passado
Pelas provas de pintor
Perfeitamente pra pintar publicamente pode
Paulatinamente praticar pra professor
Poucos protestam pelos ex que agora prestam pra pretexto aos que palestram porque podem palestrar
Pois palestrando pelos parques passeando pode o povo até prosando pouco a pouco pesquisar
Pobre Patrícia proclamando ser propícia perguntou a um polícia pra que pena portaria
Porém pertinho Policarpo Pelourinho puxou pelo pincelzinho pra pintar patifaria
Passo pensando… patifaria

Boneca de pixe (Ary Barroso, Luis Iglesias e Luis Peixoto)

Venho danado com meus calo quente
Quase enforcado no meu colarinho
Venho empurrando quase toda gente
Pra ver meu benzinho
Eh! Eh!
Pra ver meu benzinho
Eh! Eh! Eh!
Pra ver meu benzinho

Nêgo, tu veio quase num arranco
Cheio de dedo dentro dessas luva
Bem o ditado diz: nêgo de branco
Eh! Eh!
É siná de chuva (bis)
É?
É siná de chuva!

Da cô do azaviche,
Da jabuticaba,
Boneca de piche,
É tu que me acaba!

Sou preto e meu gosto
Ninguém me contesta,
Mas há muito branco
Com pinta na testa.
(bis)

Tem um português assim nas minhas água
Que culpa eu tenho de ser boa mulata?
Nêgo, se tu burrece as minhas mágoa
Eh! Eh!
Eu te dou a lata!
Não!
Eu te dou a lata!

Não me farseia, ó muié canaia!
Se tu me engana, vai haver banzé!
Eu te sapeco dois rabo de arraia
Eh! Eh!
E te piso o pé!
Hum! Hum! Hum!
E te piso o pé!

Da cô do azeviche,
Da jabuticaba,
Boneca de piche,
Sou eu que te acabo!

Tu é preto e tem gosto,
Ninguém te contesta,
Mas há muito branco
Com pinta na testa.
(bis)

“Vamo ajuntá nossos trapo, vamo…”
“Vam’bora, nêgo…”

A melhor do planeta (co-autor Noel Rosa)

Tu pensas que tu é que és
A melhor mulher do planeta
Mas eu é que vou fazer
Tudo o que te der na veneta.

Tu foste marcar dois por quatro
Batendo teus pés lá no chão do teatro
Não entendo a opereta
Fizeste a careta
Pior do planeta.

Tu foste dançar par constante
Num baile de um clube da liga barbante¹
Tu abafaste a orquetra
Dizendo: “Sou mestra…”
Pior pro Palestra²!

¹ Barbante é um termo de gíria com significado de vagabundo, ordinário.

² Referência ao clube Palestra-Itália de São Paulo. Atualemtne, Sociedade Esportiva Palmeiras

O orvalho vem caindo

O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
e também vão sumindo, as estrelas lá do céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal

O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
e também vão sumindo, as estrelas lá do céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal

Meu cortinado é um vasto céu de anil
E o meu despertador é o guarda civil
(Que o dinheiro ainda não viu!)

O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
e também vão sumindo, as estrelas lá do céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal

A minha terra dá banana e aipim
Meu trabalho é achar quem descasque por mim
(Vivo triste mesmo assim!)

O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
e também vão sumindo, as estrelas lá do céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal

A minha sopa não tem osso e nem tem sal
Se um dia passo bem, dois e três passo mal
(Isso é muito natural!)

Apanhei um resfriado (Leonel Azevedo e Sá Róris)

Pelo costume de beber gelado
Apanhei um resfriado que foi um horror
Porém, com medo de fazer despesa
Quis a franqueza e não fui ao doutor
Pra me curar
De tudo quanto foram me ensinado
Eu fui tomando e cada vez pior
E quem quiser, que siga o tratamento
Pois, se não morrer da cura, ficará melhor

Tomei de tudo: escalda-pé, chá de limão
Até xarope de alcatrão
E nada me faltou
Tive dieta só de caldo de galinha
O galinheiro da vizinha
Se evaporou
E tive febre, tive tosse e dor no peito
E até fiquei daquele jeito
Sem poder falar
Mandei chamar então um especialista
Que pediu dinheiro a vista
Pra poder me visitar

[REFRÃO]

No bangalô, porém, choveu a noite inteira
E eu debaixo da goteira
Sem ninguém saber
A ventania arrancou zinco do telhado
E me deixou todo molhado
Quase pra morrer
E a Guilhermina quis me dar um lenitivo
Então me fez um curativo
Eu fiquei jururu
E foi chamado finalmente um sacerdote
Pra me encomendar um lote
De dez palmos no Caju

Na pavuna

Na Pavuna
Na Pavuna
Tem um samba
Que só dá gente reiúna

O malandro que só canta com harmonia,
Quando está metido em samba de arrelia,
Faz batuque assim
No seu tamborim
Com o seu time, enfezando o batedor.
E grita a negrada:
Vem pra batucada
Que de samba, na Pavuna, tem doutor

Na Pavuna…

Na Pavuna, tem escola para o samba
Quem não passa pela escola, não é bamba.
Na Pavuna, tem
Canjerê também
Tem macumba, tem mandinga e candomblé.
Gente da Pavuna
Só nasce turuna
É por isso que lá não nasce “mulhé”.

Vida Marvada (co-autor Lucio Azevedo)

Vancê num sabe
Como é bom vivê
Numa casinha branca de sapê
Com uma muié a nos fazê carinho
Com uma galinha
Uns dois ou três pintinho
O sol tá quente
A gente arranja a rede
Garra a viola presa na parede
Acende o pito, cospe e passa o pé
E deixa a vida como Deus quisé

Ê vida marvada!
Num dianta fazê nada!
Pruquê se esforçá
Se num vale a pena trabaiá?
(bis)

Não sei pruque
Que aqui não nasce nada
É só capim, só mato e pinharada
Num nasce arroz, nem mio e nem feijão
Num sei o que é que cresce nesse chão
De manhã cedo
Eu óio pra rocinha
Pra vê se a vez nasceu quarqué coisinha
Mas, qual o quê, não nasceu nada, não
Prantando nasce, mas num pranto, não!

 

Yes, nós temos bananas

Yes, nós temos bananas
Bananas pra dar e vender
Banana menina
Tem vitamina
Banana engorda e faz crescer
Yes, nós temos bananas
Bananas pra dar e vender
Banana menina
Tem vitamina
Banana engorda e faz crescer
Vai para a França o café, pois é
Para o Japão o algodão, pois não
Pro mundo inteiro
Homem ou mulher
Bananas para quem quiser

Moreninha da praia

Moreninha querida
Da beira da praia
Que mora na areia
Todo o verão
Que anda sem meia
Em plena Avenida
Varia como as ondas
O teu coração

A tua ardência é que me assombra
Tu tens quarenta graus à sombra
Desta maneira
Só mesmo te botando
Numa geladeira

Tarzan (O Filho do Alfaiate)

Quem foi que disse que eu era forte?
Nunca pratiquei esporte, nem conheço futebol…
O meu parceiro sempre foi o travesseiro
E eu passo o ano inteiro sem ver um raio de sol
A minha força bruta reside
Em um clássico cabide, já cansado de sofrer
Minha armadura é de casimira dura
Que me dá musculatura, mas que pesa e faz doer

Eu poso pros fotógrafos, e destribuo autógrafos
A todas as pequenas lá da praia de manhã
Um argentino disse, me vendo em Copacabana:
‘No hay fuerza sobre-humana que detenga este Tarzan’

De lutas não entendo abacate
Pois o meu grande alfaiate não faz roupa pra brigar
Sou incapaz de machucar uma formiga
Não há homem que consiga nos meus músculos pegar
Cheguei até a ser contratado
Pra subir em um tablado, pra vencer um campeão
Mas a empresa, pra evitar assassinato
Rasgou logo o meu contrato quando me viu sem roupão

Eu poso pros fotógrafos, e destribuo autógrafos
A todas as pequenas lá da praia de manhã
Um argentino disse, me vendo em Copacabana:
‘No hay fuerza sobre-humana que detenga este Tarzan’

Quem foi que disse que eu era forte?
Nunca pratiquei esporte, nem conheço futebol…
O meu parceiro sempre foi o travesseiro
E eu passo o ano inteiro sem ver um raio de sol
A minha força bruta reside
Em um clássico cabide, já cansado de sofrer
Minha armadura é de casimira dura
Que me dá musculatura, mas que pesa e faz doer

Já Não Posso Mais

Adeus, mulher fingida
Eu já vou-me embora
Tu estás arrependida
Já não posso mais
Deus me perdoe pelo que fiz
Deixando abandonada
Aquela pobre infeliz

O teu mau procedimento
Fez meu coração sofrer
E teu arrependimento
Não me pôde comover

Tu encheste meus ouvidos
Com frases de ocasião
Nem sempre os arrependidos
Nos merecem o perdão. (Agora)

Se tu fosses processada
Diante de um auditório
Tu ficavas bem calada
Pois tens culpa no cartório

Há bastantes testemunhas
Do que fui e do que sou
Quando me botaste as unhas
Meu dinheiro se pirou. (Por quê?)

Eu vou pra Vila

Não tenho medo de bamba
Na roda de samba
Eu sou bacharel
(Sou bacharel)
Andando pela batucada
Onde eu vi gente levada
Foi lá em Vila Isabel…

Na Pavuna tem turuna
Na Gamboa gente boa
Eu vou pra Vila
Aonde o samba é da coroa.
Já saí de Piedade
Já mudei de Cascadura
Eu vou pra Vila
Pois quem é bom não se mistura

Quando eu me formei no samba
Recebi uma medalha
Eu vou pra Vila
Pro samba do chapéu de palha.
A polícia em toda a zona
Proibiu a batucada
Eu vou pra Vila
Onde a polícia é camarada.

Contraste

É cruel, é cruel este contraste
Que me faz ficar tão triste:
Vais sair por onde entraste,
Descendo por onde subiste!

Foi com muito sacrifício
Que eu te dei um barracão
O dia do benefício
É véspera da ingratidão

Tu tens tanta falsidade
Já vendeste tanta gente
Que eu creio ser verdade
Que Judas já foi teu parente

Abusaste do meu nome
Deste sempre cola errada
Mas tu vais morrer de fome
Com tua conversa fiada

Vou fazer tua desgraça
Hei de ser teu inimigo
Acabando com a cachaça
Também eu acabo contigo

Quando eu mandar no jogo
Hás de ter entrada franca
Jogo fora o pau-de-fogo
E tu não abafas a banca

Começaste me humilhando
Me fizeste de capacho
Mas agora estou mandando
E tu já ficaste por baixo.