Aldir Blanc

Aldir Blanc foi um importante escritor, poeta e letrista brasileiro. Aldir Blanc possui uma extensa coletânea de sucessos que transitam pela cultura popular e perpassam por diversos ritmo. Abordou temas como a experiência humana, críticas a política e crônicas sobre a vida urbana. Viveu grande parte de sua juventude no bairro do Estácio (RJ) e, mais tarde, viveu na Vila Isabel e no bairro da Tijuca. 

Ingressou em 1966 na faculdade de medicina e, ainda como universitário, ao lado de outros compositores como Gonzaguinha e Ivan Lins, fundou o popular Movimento Artístico Universitário (MAU). Em 1973, abandonou a profissão médica após se especializar em psiquiatria. Suas obras contribuíram para a música brasileira em termos de versatilidade de ritmos e temas. Aldir Blanc frequentou terreiros de candomblé quando jovem e a prática com nos tambores durante as reuniões lhe rendeu uma boa bagagem rítmica e excelentes noções de divisões de compassos.

A temática sentimental é uma face conhecida de suas composições. Entre suas principais obras estão: Neblinas e Flâmulas (1996) e Resposta ao Tempo (1998). Aldir Blanc lançou apenas dois álbuns de estúdio, são eles: ‘Aldir Blanc e Maurício Tapajós (1984) e Vida noturna (2005). Além disso, Aldir escreveu uma série de obras literárias.

Constelação maior

Tenho um fiel companheiroque vigia meu lar.Tantos me dirão: quem é?Mas não vou nomear.Ele é bonitoe a minha garotao recebe em seu leitoEu mesmo às vezesabro mão do orgulhoe com ele me deito.Assim é o amor que ignorasimplórias fronteiras.O bom-bocado conhece a medida do fel.Ciúmes tenho mas eu renuncio.Coisas maiores existem entre os três:sabor antigo […]

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Falha humana

Eu provoco desastres sinistros de amorAquelas tragédias que seja como forEncerram fins de anoMisturam na boca o pernil e a dorO vinho e o horrorUm que anda no hall dos desaparecidosUm outro que nem foi identificadoIlusões soterradas, carinhos perdidosChoro não resgatadoE a chuva em diferentes clarões de vermelhoAs buscas inúteis pela noite inteiraO grito e

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Flores de lapela

Você vai dizer que sabiaQue isto ia acontecer,Que eu bebia em demasiaE maltratava você.E eu vou dizer que vocêJá não era mais aquela,Um mero enfeite sem vidaFeito flores de lapela.Tantos dirão tanta coisaMas maldade vai sobrar,As bocas mudando as versõesFeito as toalhas de um bar…Apenas o armário de espelhoNo banheiroDiz o que é solidão:Se o

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Velhas ruas

Velhas ruasSe essas pedras falassemTalvez até confirmassemO que eu tenho pra dizer Ruas, pequenas sem glóriaDesde a infância na memóriaNão mais param de crescerVelhas ruasCansado da boêmiaEntre essas pedras um diaQuero cair e morrer Ruas, mudadas de outroraConfesso chegou a horaDe me render a evidenciaMeu coração lá da vilaDe vez em quando vacilaFora da velha

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Perder um amigo

Perder um amigo,morrer pelos bares,pifar em New York,penar em Pilares…Perder um amigo:errar a tacada,sentir comichãona perna amputada.Perder um amigo,mudar pra bem longe,levar vida aforao tombo do bonde. Perder um amigoé a última gotase o cara duvidaque a vida é marota.Perder um amigo,perder o sentido,perder a visão,as mãos, os ouvidos… Perder um amigo:perder o encontromarcado e

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A noite, a maré e o amor (participação: Silvio da Silva Júnior)

Vai maré, vem maré, E o mar reluz a luz da noite Que é minha irmã sem lar, A noite é capitã no mar, no mar, E tem lições pra dar. Noite venha me buscar! Noite venha me ensinar A lição de amar. Noite vem e o sonho é sua vela, E o vento bate

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Santo Amaro

Eu ia a pé lá da ladeira Santo Amaro Até a Rua do Catete No sobrado onde você residia E te levava pra um passeio em Paquetá Onde nasceu num piquenique O nosso rancho, o Ameno Resedá Verde, grená e amarelo, nossas cores Resedá, vocês são flores como flor Era a Papoula do Japão Sua

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Anel de ouro

Desde menino sempre sonhei Com a ciranda em que o amor nos faz rodar: Fragilidade de porcelana… Testemunhei o anel de vidro se quebrar. A duração de um verso, Doce murmúrio E depois dizer pra sempre adeus. Quando eu te conheci acalentei Sonhos tão loucos que pudessem nos salvar Do fim e foi assim Que

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Dry

Você foi embora dizendo que eu era até gente boa mulher não tolera essas frases que homem a toa costuma dizer lembro as toalhas molhadas no chão fios de barba na pia e rezo pra virgem Maria pra que filha minha não pegue homem assim eu me sentia um cinzeiro repleto das pontas que você

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Valsa do Maracanã

Quando eu ficar assim morrendo após o porre Maracanã, meu rio, ai corre e me socorre Injeta em minhas veias teu soro poluído de pilha e folha morta, de aborto criminoso de caco de garrafa de prego enferrujado dos versos do poeta pneu de bicicleta Ai, rio do meu Rio, Ai, lixo da cidade de

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Dois bombons e uma rosa

Faço votos de feliz casamento, parabéns pra você, prevaleceu seu bom-senso. Reconheço que era chato ser a outra eternamente com encontros marcados por coisas do tipo ?eu subo na frente?. Finalmente teu garoto vai ter um pai de primeira, você mais segurança e um pingüim na geladeira. Na cabeceira um relógio, a hora mais luminosa,

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O bonde

Morre no meio da praça Sem sonho e sem graça Sem ter mais pra onde ou porque Já que esse bonde não passa Ninguém mais o espera Quem dera eu pudesse entender Vira brinquedo sem dono Que o próprio abandono Correndo no tempo desfaz Fora de linha e de moda Não passa Não roda Não

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Lupicínica

Aí, Nei, essa vai pra Valmir Gato Manso Amei uma enfermeira do Salgado Filho, paixão passageira, sem charme nem brilho, roteiro batido, romance na tarde. E aí, numa seresta na Dois de Dezembro, me perguntaram por ela: “-Nem lembro…”, eu respondi com um sorriso covarde. Ouvi – que bofetada! – “Morreu duas vezes. Uma aqui

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Me dá a penúltima

Eu gosto quando alvorece Porque parece que está anoitecendo E gost quando anoitece,que só vendo Porque penso que alvorece E então parece que eu pude Mais uma vez,outra noite, Reviver a juventude. Todo boêmio é feliz Porque quanto mais triste,mais se ilude. Esse é o segredo de quem,como eu,vive na boemia: Colocar no mesmo barco,realidade

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Querelas do Brasil

O Brazil não conhece o Brasil O Brasil nunca foi ao Brazil Tapir, jabuti Iliana, alamanda, alialaúde Piau, ururau, akiataúde Piá, carioca, porecramecrã Jobimakarore Jobim-açu Uô-uô-uô-uô Pererê, câmara, tororó, olerê Piriri, ratatá, karatê, olará! O Brazil não merece o Brasil O Brazil tá matando o Brasil Jerebasaci Caandrades cunhãs, ariranharanha Sertões, Guimarães, bachianaságuas Imarionaíma, arirariboia

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