Muitas perguntas
Que afundas de respostas
Não afastam minhas dúvidas
Me afogo longe de mim
Não me salvo
Porque não me acho
Não me acalmo
Porque não me vejo
Percebo até
Mas desaconselho…
Espero a chuva cair
Na minha casa, no meu rosto
Nas minhas costas largas
Eh! Eh! Eh!
Espero a chuva cair
Nas minhas costas largas
Que afagas enquanto durmo
Enquanto durmo
Enquanto durmo…
De longe parece mais fácil
Frágil é se aproximar
Mas eu chego, eu cobro
Eu dobro teus conselhos
Não me salvo
Porque não me acho
Não me acalmo
Porque não me vejo
Percebo até
Mas desaconselho…
Espero a chuva cair
Na minha casa, no meu rosto
Nas minhas costas largas
Eh! Eh! Eh!
Espero a chuva cair
Nas minhas costas largas
Que afagas enquanto durmo
Enquanto durmo
Enquanto durmo…
Eh! Eh! Eh!
Espero a chuva cair
Na minha casa, no meu rosto
Nas minhas costas largas
Hon! Eh! Eh! Eh!
Espero a chuva cair
Nas minhas costas largas
Que afagas enquanto durmo
Uh! Uh!
Enquanto durmo
Enquanto durmo…
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Zélia Duncan é uma artista que sempre assumiu sua condição homossexual e creio que nesta letra ela quis tratar dessa questão utilizando metáforas para demonstrar os problemas pelos quais grande parte dos homossexuais sofrem ao terem que assumir esta condição, como as dúvidas e a aceitação.
O título “enquanto durmo” já dá uma pista de que o eu-lírico encontra-se numa condição de letargia. Ou seja: enquanto eu durmo, não vivo. Preciso acordar para efetivamente viver e ser feliz.
As duas estrofes colocadas entre o refrão mostram que o eu-lírico tem uma parceira bem resolvida e assumida de sua condição homossexual e com todas as respostas para as suas dúvidas, mas, mesmo assim, estas insistem em permanecer (provavelmente por conta da cobrança da sociedade). No entanto, ela reconhece que “não se salva” porque ainda “não se achou”, isto é, ela ainda não aceitou sua condição homossexual. Ela até percebe os toques dados por sua libido, mas os “desaconselha” (não os aceita inteiramente).
Quando ela diz: “de longe parece fácil, frágil é se aproximar” ela demonstra todo seu medo e angústia em assumir a relação. No entanto, quando ela consegue romper esta barreira, ela assume o quanto isto lhe faz bem, pois ela “chega, cobra, dobra os conselhos”, isto é; consegue até fazer mais do que a parceira lhe ensina.
As metáforas usadas no refrão são geniais e mostram todo o lirismo com o qual Zélia tratou o assunto. Quando ela diz: “espero a chuva cair na minha casa, no meu rosto, nas minhas costas largas” ela quer dizer que se sente incomodada com a situação, com uma espécie de “sujeira” na alma, então nada mais apropriado que a água da chuva para “lavar” sua casa, seu rosto, suas costas, ou seja, ela por inteiro. Interessante notar que ela usou o termo “minhas costas largas” para demonstrar todo seu conflito interno. Todos sabemos que quem tem “costas largas”, tem culpa. Além disso, há uma demonstração de homossexualismo por quanto sabermos que no sentido não-figurado quem teria costas mais largas seria um homem, então, aqui, ela assume sua condição de parceira ativa na relação. Por fim, ela demonstra seu reconhecimento pelo esforço da parceira que lhe “afaga as costas” (lhe dá apoio) enquanto ela ainda luta com seus conflitos e permanece “dormindo”.
Bela análise Sergio! Interessante e pode condizer com a realidade sim. Acredito. Gostaria muito de ter a oportunidade de confirmar com a a cantora. Rsss
Abç
NMoreira
Nossa!!… Que chique esta análise. Amo esta música e a Zélia, mas não imaginava que a letra fosse taum profunda. Li outas análises do Sérgio Soeiro… São de arrepiar. Parabéns, viu moço?.
As música de Zélia sãolindas, rimam sem perdera elegância, de uma profundidade infinita, gostaria de saber mais sobre outras músicas, trocar opiniões. Lendo a análise do Sérgo Soeiro, vejo mt coerência na introdução e no meio da análise, já no final, não que eu não veja, mas creio falar em sentimentos, relaçãoes muito interior, que só a própria cantora poderia confirmar, embora reitero: faz sentido. Sérgio essa análise final é baseada em algo q vc já leu, entrevista ou só da letra da música?
Caro Sídney. Minha interpretação para a música da Zélia trata-se tão somente da “leitura” que ela me passa. Talvez não tenha ficado claro, mas em nenhum momento eu considerei o texto como um relato pessoal, um poema auto-biográfico. Na minha visão, ela procura mostrar uma situação pela qual passam os homossexuais que têm problemas para assumirem sua condição (vulgarmente chamamos de inrustidos) perante a sociedade. Acredito que ela usa um eu-lírico como referência. Eu não teria condições (nem seria leviano) de afirmar que ela esteja relatando experiências próprias, até porque não é do meu conhecimento. Um abraço e obrigado pela força.
Muito interessante a análise de Sérigo Soeiro para á letra de “Enquanto durmo” , de Zelia Duncan. Gostaria de ler uma interpretação de “Telhados de Paris”, da msma autora.
Parabéns pelo seu texto lúcido e bem escrito.
Buenas! Telhados em Paris é de autoria do Ney Lisboa.
Arbelo, de Porto Alegre!
Como saber o que a moça quiz dizer nè? Só ela poderia nos esclalecer. Ainda a verei ao vivo e prometo que se ela me disser, compartilho. Linda letra!
Eu tentei entender o que a letra dizia mas, achei a expressão muito intelectual para meu pobre ensino médio!