Eu entendo a noite como um oceano
Que banha de sombras o mundo de sol
A aurora que luta por um arrebol
De cores vibrantes e ar soberano
Um olho que mira nunca o engano
Durante o instante que vou contemplar
Além, muito além onde quero chegar
Caindo a noite me lanço no mundo
Além do limite do vale profundo
Que sempre começa na beira do mar
É na beira do mar
Ói, por dentro das águas há quadros e sonhos
E coisas que sonham o mundo dos vivos
Há peixes milagrosos, insetos nocivos
Paisagens abertas, desertos medonhos
Léguas cansativas, caminhos tristonhos
Que fazem o homem se desenganar
Há peixes que lutam para se salvar
Daqueles que caçam em mar revoltoso
E outros que devoram com gênio assombroso
As vidas que caem na beira do mar
É na beira do mar
E até que a morte eu sinta chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão se arrastando
Do meu pensamento já podem lavar
Ah! no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar
É na beira do mar
Comentários
Fabi
24/02/2011
Perfeita essa análise, vejam: http://www.portuguesdobrasil.net/artigosanteriores23.htm
Prixilim
06/01/2011
No programa do Jô Soares, Zé Ramalho declarou falar nessa musica do apocalipse
Fire
10/12/2010
Meu Comentario (como Nordestino que sou ) Acredito que o conterraneo se refere, e a vida na noite ou seja todo um comercio, pessoas que tentam sobreviver. Como tambem o medo, as fantasias, imaginacoes dos que vivem no periodo diurno. Registros de sonhos frustados que so e possivel se ver quando ja nao ha luz do sol que incandeia a visao daqueles que corre no dia a dia. Ha peixes que lutam pra se salvar da lei que os perseguem outros que se aproveitam da inocencia, curiosidade ou necessidade daqueles que buscam a noite como refugio. Porem enquanto o ZE se sentir vivo ele continuara cantando, sonhando e invocando as aguas noturnas para lavar vivencias indesejaveis e por fim cantar um galope fechando as feridas que so cicatriza ao tirar os pes fora da noite! na beira do mar.
Sephiroth
20/11/2010
Não há o que interpretar. É simplesmente uma das letras do Zé onde a fuga da realidade é o foco e onde a imaginação enxarca a música de imagens e fantasia. É apenas escutar e viajar. Obviamente, há interpretações pessoais. Eu, por exemplo, como misantropo, gosto de me ver só. Então no final nós temos: ´´Além do cabelo que desembaraço Invoco as águas a vir inundando Pessoas e coisas que vão se arrastando Do meu pensamento já podem lavar Ah! no peixe de asas eu quero voar Sair do oceano de tez poluída Cantar um galope fechando a ferida Que só cicatriza na beira do mar`` Neste trecho, encontro um sentimento que trago desde antes mesmo de ouvir essa música: O de expulsar, da minha mente, todas as pessoas inconvenientes e, após isso, me me sentir livre [voar no peixe]. Considerando q o oceano é o povo ´´de tez poluída`` [tez: pele], então eu interpreto como se libertar dos sentimentos ruins q o convívio humano proporciona, e ir ´´fechar as feridas`` causadas por esses sentimentos sozinho, na beira do mar...