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Acender as velas

Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
É mais um coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
Deus me perdoe
Mas vou dizer
O doutor chegou tarde demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra subir
Não tem telefone pra chamar
E não tem beleza pra se ver
E a gente morre sem querer morrer

Em tempo

A vida para mim só tem amargor
Porque eu não vivo bem sem o meu amor
Ao perder seu afeto sua amizade
Nasceu dentro em mim
Nasceu em mim como nasce a flor no jardim
A saudade

Mas se a saudade me faz recordar
O tempo em que eu vivia só de amar
O tempo foi o culpado
Porque o tempo tão sem tempo, tempo para eu perder
O próprio tempo que foi pra mim um prazer
Ai, ai
A vida só me faz sofrer

Drama universal

Eu sempre pensei que você fosse mais feliz
Me enganei
A lagrima que você chorou
Eu ja chorei muito mais
Podemos dar os braços
Nos fomos dois palhaços
No teatro da vida
E o nome da peça saiu de cartaz antes da despedida
Por que o povo vaiou
Eu não fui bom ator
Não me deram guarida não
não não não não não

Você se casou e teve igreja infeitada 
Pensei, sorrisos abraços nome de mulher casada 
Voce escolheu seu namorado
Que foi uma cruz na sua estrada
Seu amor deu em nada

Seu caminho sóem flores
No tem mais espinhos
Hoje você chora de alegria
De mais liberdade
Chora, chora, 
pelas ruas da cidade
Chora, chora, 
Que meu coração também já não sente saudade

Praça 11 Berço do Samba

Favela
Do camisa preta
Dos sete coroas
Pra ver o teu samba
Favela 
Era criança na praça onze
Eu corria pra te ver desfilar

Favela 
Queremos teu samba 
Teu samba era quente
Fazia meu povo vibrar 
Até a lua a lua cheia 
Sorria, sorria

Milhões de estrelas brilhavam por um lugar melhor 
Queriam ver a Portela 
Mangueira estarcio de sá 
E a favela com as suas baianas tradicionais 
Brilhavam mais do que a luz do antigo lampião a gás
Fragmentos de brilhantes
Como fogos de artifícios
Desprendiam lá do céu
E caiam como flores na cabeça das pastoras
E do samba de Noel

Correrias e empurrões
Gritarias e aplausos
E o sino da capela não parava de bater
Os malandros vinham ver
Se o samba estava certo, se
Enquanto as cabrochas 
Gingavam no seu rebolado
No ritmo da batucada

De olho cumprido
Que nem bobinho
Eu terminava durmindo na calçada
De olho cumprido
Que nem bobinho
Eu acabava durmindo na calçada

Poema de botequim

Esse poema nasceu dentro de um botequim
E lá na vila só ficava bom um samba assim
De um bate papo entre amigos de uma dor qualquer
Alguém improvisava um verso de mulher
E um poeta num boteco com um violão
Batida de limão vira canção

E as estrelas vem beijar o nosso chão

Sou um poeta fiz a minha improvisação
A Lua me traiu não quero ela mais não
Não vem me ver, já não quer mais me acompanhar
Deixou de ser boêmia, mandei ela andar

E as estrelas vem beijar o nosso chão

O favelado

O morro sorri
A todo momento
O morro sorri
Mas chora por dentro

Quem vê o morro sorrir
Pensa que ele é feliz, coitado
O morro tem fome
O morro tem sede
O morro sou eu um favelado
O morro sou eu um favelado

Vestido tubinho

A nega mandou fazer
Um tal de vestido tubinho
E mandou pintar a óleo
Uma flor na altura da barriga
Eu não gostei.
Quis brigar.

Dessa moda eu não gosto
Eu já disse que não quero
E pra ser muito sincero
Vou dizer uma verdade
É que os homens de hoje em dia
Vão olhar pra flor da nega
E a flor vai virar saudade.

Cicatriz

Pobre não é um
Pobre é mais de dois
Muito mais de três
E vai por aí
E vejam só

Deus dando a paisagem
Metade do céu já é meu
Deus dando a paisagem
Metade do céu já é meu

Pobre nunca teve gosto
A tristeza é a sua cicatriz.
Reparem bem que
Só de vez em quando
Pobre é feliz

Ai, quanto desgosto
Ai, quanto desgosto
Assim a vida vale a pena Não.
Mas é explicar a situação
Dizer pra ele que …

Pobre não é um
Pobre é mais de cem,
Muito mais de mil,
Mais de um milhão
E vejam só :

Deus dando a paisagem
O resto é só ter coragem
Deus dando a paisagem
O resto é só ter coragem.

Máscara negra

Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão

Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval

A voz do morro

Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei dos terreiros
Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem levo a alegria
Para milhões de corações brasileiros
Mais um samba, queremos samba
Quem está pedindo é a voz do povo de um país
Pelo samba, vamos cantando
É… pra melodia de um Brasil feliz