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A marca do berrante

Conheci o Batistinha
No tempo que eu fui peão
Viajamos muito tempo
Trazendo boi do sertão.
Pra laçar um pantaneiro
Batistinha era dos bão
Também era respeitado
No lombo de um pagã

Ele tinha como estima
Um bom cavalo arreado
Um berrante rio grandense
Com o seu nome gravado.
O seu cachorro Gavião
Não saia do seu lado
Três vidas bem diferentes
Com seu destino traçado

A nossa ultima viagem
Até hoje estou lembrado
Nós vinha de Aquidauana
Pra Barretos destinado.
Chegando no Porto Quinze
Um boi ficou arribado
Pra ir buscar o mestiço
Batistinha foi mandado

A noite foi se passando
Ele não aparecia
Meu coração palpitava
Qualquer coisa pressentia.
No outro dia bem cedo
Logo a noticia corria
E o triste uivar de um cachorro
Lá muito longe se ouvia.

Reunimos a peonada
Pra procurar o peão
Lá na beira de um pântano
Vi o cachorro Gavião.
Ali terminava o rastro
Do seu cavalo Alazão
Um berrante em cima d’água
Foi que trouxe a solução

O seu cavalo afundou
Naquele brejo atolante
Levando seu cavaleiro
Pra outro mundo distante.
Não encontramos seu corpo
Mas a certeza é bastante
Sei que era o Batistinha
Pela marca do berrante

A volta do boiadeiro

Por que vortei vocês quer saber agora
Por que vortei se sorrindo eu fui embora
Por que vortei se deixei meu par de espora
E o meu cavalo esquecido campo a fora

Vortei trazendo no peito a dor da saudade
Do velho Pingo, meu amigo de verdade
Vortei de novo pra cantar lá nas pousada
As velhas moda com vocês companheirada

Há muito tempo ocês deve estar lembrado
Por um alguém eu parti enfeitiçado
Um boiadeiro que jamais foi dominado
Por essa ingrata acabou sendo enganado

Vortei pra pôr minhas bota empoeirada
Ouvir o galo anunciando a madrugada
Quero abraçar o meu cachorro campeiro
Ouvindo ao longe o berro dos pantaneiro

Se estou chorando com franqueza é que eu digo
Não é por ela ao passado já não ligo
Igual a ave que retorna ao ninho antigo
Choro de alegre por rever velhos amigo

Quem não sentiu o ar puro das campina
E nunca ouviu um berrante em surdina
Não viu a lua deitado sobre um baixeiro
Não sabe amigos, quanto é bão ser boiadeiro