Começou de súbito
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima
Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo
Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos, gozaram rápido
Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida
O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela, o súdito
Desenhou-se a história trágica
Ele, enfim, dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo, a vítima
Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico
Para ele, uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão, a rúbrica
Comentários
Emmanuele
09/03/2011
Fala da velha história sobre a maneira super diferente como homens e mulheres vivenciam o sexo e o amor. O bacana da música é que ela exalta que, no final das contas, a única que de fato está vivenciando algo plenamente é a garota. Enquanto ele procura álibis, ela flutua lépida.Ela se entrega inteira e experimenta o sexo como todos nós deveriamos, não somente com o corpo, mas também com o espírito. Só depois vem a culpa - culpa resultante de nossa sociedade machista mas que não a impediu de ser plena, pelo menos por uma noite.
Etienne
10/12/2010
Esta musica me lembra bastante uma musica CONSTRUÇÃO de Chico buarque. PRESTEM ATENÇÃO, possui o formato parecidissimo! ritmo tb.
Alessandro
04/12/2010
Essa música falabasicamente sobre sexo, o "amor em seu formato mínimo"....muito bom o jogo de palavras usada nessa música, recurso utilizado e que lembra compositores como Arnaldo Antunes e Humberto Gessinger, dos Engenheiros. A música relata a história de duas pessoas que estão procurando alguém, ele, alguém para sexo, ela a procura de um grande amor. Conversaram, se conheceram e transaram. Momento intenso e fugaz, que depois de acabado, resulta em culpa para ela e solidão para ele. Dá a entender que a relação acabou ali, não haverá amor, apenas em seu formato mínimo, que é o sexo.