Não me pergunte por que
Quem-Como-Onde-Qual-Quando-O Que?
Deus, Buda, O tudo, O nada, O ocaso, O cosmo
Como o cosmonauta busca o nado, o nada
Seja lá o que for, já é
Não me obrigue a comer
O seu escreveu não leu
Papai mordeu a cabeça
Do Dr. Sugismundo
Porque sem querer cantou de galo
Cada cabeça é um mundo Gismundo
Antes de ler o livro que o guru lhe deu
Você tem que escrever o seu
Chega um ponto que eu sinto que eu pressinto
Lá dentro, não do corpo, mas lá dentro-fora
No coração e no sol, no meu peito eu sinto
Na estrela, na testa, eu farejo em todo o universo
Que eu to vivo
Que eu to vivo
Que eu to vivo, vivo, vivo como uma rocha
E eu não pergunto
Porque já sei que a vida não é uma resposta
E se eu aconteço aqui se deve ao fato de eu
simplesmente ser
Se deve ao fato de eu simplesmente
Mas todo mundo explica
Explica, Freud, o padre explica, Krishnamurti tá
vendendo
A explicação na livraria, que lhe faz a prestação
Que tem Platão que explica, que explica tudo tão bem vai lá que
Todo mundo explica
protestante, o auto-falante, o zen-budismo,
Brahma, Skol
Capitalismo oculta um cofre de fá, fé, fi, finalismo
Hare Krishna, e dando a dica enquanto aquele
papagaio
Curupaca e implica
Com o carimbo positivo da ciência que aprova
e classifica
O que é que a ciência tem?
Tem lápis de calcular
Que é mais que a ciência tem?
Borracha pra depois apagar
Você já foi ao espelho, não?
nego?
Então vá!
Comentários
Vinicius
09/12/2012
Pra mim na ultima estrofe é claramente uma crítica a fé cega na ciência, que erra toda hora (borracha) e mesmo assim todo mundo acredita nela. E tem cara que critica a religião pra caramba, pq quem é crente acredita em tudo que a religião diz. Mas fazem isso com a ciência também (você já foi ao espelho nego? Não? Então vá.
Victória
03/09/2012
Alguém sabe me dizer se o trecho a seguir é uma sátira as lacunas que a ciência não preenche? "O que é que a ciência tem? Tem lápis de calcular Que é mais que a ciência tem? Borracha pra depois apagar Você já foi ao espelho, não? nego? Então vá!" Obrigada.
Teresa
24/08/2012
As tais questões existenciais que ocorrem a todos em diferentes fases da vida chegaram cedo para Raulzito: "Quem eu sou? De onde venho? Para onde vou? Quem criou o mundo? Deus existe? O que acontece depois da morte?". Em 1978, compôs "Todo mundo explica": "Explica Freud, o padre explica, Krishna vende a explicação na livraria, Platão explica, todo mundo explica, o protestante, o zen-budismo, Brahma, Hare Krisna". Em 1989, sintetizou tudo na frase que é o subtítulo do livro "Metamorfose Ambulante: Vida, alguma coisa acontece; morte, alguma coisa pode acontecer". Raulzito se foi, mas sua obra permanece graças à filosofia A filosofia tem o poder de encantar algumas pessoas. Outras se transformam. No caso de Raul Seixas, ocorreu uma verdadeira metamorfose. No início, a nossa pesquisa focou a influência da obra de Raul Seixas na Psicologia da morte, mas logo no seu primeiro trabalho topamos com uma frase que nos remetia a Schopenhauer. Na letra da música "Trem 103" Raul diz: "Quero voltar por onde eu vim/ Fecho meus olhos ao trilho sem fim/Oh 103 não me deixes aqui..." O filósofo alemão havia dito: "Vou terminar feliz, consciente de voltar por onde vim". Era cedo para afirmarmos que o baiano Raul Seixas teve como parceiro o filósofo Schopenhauer. Raul nunca o citou nominalmente. Na sua obra, encontramos muito do pensamento pré-socrático. Sócrates, Platão, Sartre e Nietzsche podem ser facilmente identificados no seu trabalho, o desafio era provar a presença de Schopenhauer.
Gui
23/08/2012
tambem vi isso patrick, nao achei muita coisa que está naquele documentario :(
Patrick S.
15/05/2012
No filme "Raul Seixas - o início, o fim e o meio" Raul canta essa letra diferente, falando sobre o "cantor José Raimundo" no lugar de dr. sugismundo... Bom, quem é José Raimundo, Tom Zé?
Jéssika Alves
26/04/2010
Raul quando questionado sobre essa música, falou: "Essa é uma pergunta que exige muita reflexão. Tem um livro meu de metafísica em que questiono a tese aristotélica das cinco perguntas básicas: porque, quem, onde, como, qual... Não existem perguntas porque não existem respostas. Não existem respostas porque não existem perguntas. Eu não pergunto absolutamente mais nada. As coisas são, e pronto. Nós seres humanos, somos verbos. Somos e estamos, é única coisa que a gente sabe. Conjecturar, quem há de? E é bonito assumir essa coisa de somente ser... Está todo mundo perguntando até hoje e ninguém tem resposta. Mas ser por ser é bom, torna a vida mais leve e menos violenta. Se todo mundo pensasse assim, as coisas certamente seriam mais fáceis...." []'