Rock das Aranhas

Subi no muro do quintal
E vi uma transa
Que não é normal
E ninguém vai acreditar
Eu vi duas mulher
Botando aranha prá brigar…

Duas aranha, duas aranha
Duas aranha, duas aranha
Vem cá mulher deixa de manha
Minha cobra
Quer comer sua aranha…

Meu corpo todo se tremeu
E nem minha cobra entendeu
Cumé que pode
Duas aranha se esfregando
Eu tô sabendo
Alguma coisa tá faltando…

É minha cobra, cobra criada
É minha cobra, cobra criada
Vem cá mulher deixa de manha
Minha cobra
Quer comer sua aranha…

Deve ter uma boa explicação
O que é que essas aranha
Tão fazendo ali no chão
Uma em cima, outra embaixo
A cobra perguntando
Onde é que eu me encaixo?

É minha cobra, cobra criada
É minha cobra, cobra criada
Vem cá mulher deixa de manha
Minha cobra
Quer comer sua aranha…

Soltei a cobra
E ela foi direto
Foi pro meio das aranha
Prá mostrar como é
Que é certo
Cobra com aranha
É que dá pé
Aranha com aranha
Sempre deu jacaré…

É minha cobra
Cobra com aranha
É minha cobra
Com as aranha
Vem cá mulher deixa de manha
Minha cobra
Quer comer sua aranha…

É o rock das aranha
É o rock das aranha
É o rock das aranha
É o rock das aranha
Vem cá mulher deixa de manha
Minha cobra
Quer comer sua aranha!


Letra Composta por: Claudio Roberto e Raul Seixas
Melodia Composta por:
Álbum: ABRE-TE SÉSAMO
Ano: 1980
Estilo Musical:

16 comentários em “Rock das Aranhas”

  1. Raul fez essa musica pois ele achava absurdo a homossexualidade, seu amigo Paulo Coelho uma vez falou que já teve relações sexuais com homens, então associaram que um desses homens seria o Raulzito, porém em reportagem a viuva de Raul disse que isso era mentira, pois o Raul era homofóbico.

    Realmente essa canção é sobre o homossexualismo, naquele tempo (e para ele) não é normal…

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  2. É uma, segundo ele mesmo disse em um vídeo de entrevista que rola por aí “homenagem ao não contato” (Lesbianismo)

    grande gênio!!!

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  3. Essa música é do albúm abre-te sésamo, um disco totalmente provocador direcionado a censura, lançado em 1980 quando da abertura política do Brasil, Raul Seixas testou até onde ia a tolerância da censura

    Ele começa duvidando da abertura em “Abre-te sésamo”, continua ironizando em “Aluga-se” e “anos 80”, todas passavam, até mesmo “Baby” onde ele fala dos desejos sexuais de uma menina de 13 anos

    Mas o bicho pegou em Rock das Aranhas, isso a censura não podia tolerar, o Raul já tinha abusado demais da paciência deles, missão cumprida, Raul conseguiu o que queria, provar que a tal abertura não era tão disponível assim.

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  4. Césare Pavere

    Essa música faz pensar que todo o discurso de liberdade dele acabava quando o assunto era a diversidade sexual. A música “A Lei” do álbum “A Pedra do Gênesis” parece até um “pedido de desculpas” por Rock das Aranhas. Nessa letra (A Lei) Raul ressalta que “todo homem tem direito de amar quando e com quem ele quiser”.

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  5. REALMENTE É ABSURDO QUANDO NÓS HETEROS VIVER TAL COISA. HOJE A COISA SE INVERTEU OS HETEROS ESTÃO SENDO MASSACRADOS QUANDO NÃO DÃO OPINIÃO QUE NÃO CONCORDAM COM HOMOSSEXUALISMO. OS GAYS RECLAMAVAM DE SEREM EXCLUÍDOS E NOS NEM ISSO PODEMOS FAZER, CHUPA ESSA MANGA. RAUL USOU A ARMA QUE TINHA PARA PROTESTAR, NADA DE MAIS. ELE SE HORRORIZOU COMO EU E VOCÊ. PACIÊNCIA TAMBÉM COM OS HETEROS, NÊ?

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  6. bom , na verdade acredito que ele nao concordava com nada com q ele mencionou na musica,essa musica foi feita para causar impacto na sociedade para provocar , na verdade raul falou de um jeito ironico criticando o pensamento da sociedade conservadora , homofobica

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  7. A música joga muito com a polissemia. Suponhamos que ele esteja a falar somente de aranhas e cobras e do fruto do cruzamento entre aranhas, ou seja, jacarés; e não esqueçamos do cruzamento entre cobras que, embora não mencionado na letra da música, daria origem a outra espécie.
    Para uma sugestão de “compreensão literária” da letra desta música,Faz-se necessário compreender o sentido simbólico que possuem esses animais. Vamos lá:
    Comecemos pela aranha: “tecedeira da sua casa, que é ao mesmo tempo armadilha e armazém, (…). Apesar da sua grande fragilidade, nas mitologias antigas a sua teia é associada ao cosmos e a aranha é assim uma criadora do Mundo em muitas tradições. Para algumas culturas, ela é responsável por tecer a realidade, para outras é ela que tece a aparência ilusória dessa mesma realidade.
    Ao tecer a realidade, a aranha é também aquela que faz o destino do Homem. Nesse sentido, são-lhe atribuídas propriedades adivinhatórias em culturas africanas que colocam junto das casas das aranhas, feitas em covas no chão, pequenos objetos com determinados significados que são mexidos pelas aranhas que criam assim uma mensagem decifrada pelo adivinho. Estas práticas de adivinhar o futuro com aranhas eram também comuns entre os índios do Peru. Entre os índios da Colômbia, as aranhas são responsáveis por transportar as almas para o outro mundo. No Vietname, a aranha é uma alma deambulante pelo mundo, durante o sono de algum ser humano, e por essa razão não devem ser mortas, acreditando-se que causariam a morte do corpo físico. Na África ocidental, a aranha é responsável pela criação do Sol, da Lua e das estrelas e depois ficou como intermediária do Homem e do deus do céu que lhe deu vida. Em algumas ilhas do Pacífico, a aranha é um deus criador que está no princípio de todas as coisas. Este conceito é também comum às tradições do Mali, que a veem como uma divindade masculina conselheira do deus supremo ou como a representação de seres humanos evoluídos e iniciados em práticas mágicas. No budismo, a teia da aranha simboliza o mundo das aparências que oculta a realidade da verdade divina suprema. No hinduísmo, pelo contrário, a teia de aranha representa a beleza do mundo real. Esta realidade está patente nos antigos textos dos Vedas, no mito do véu da deusa Maya que representa também a beleza da criação do Mundo. Na Grécia e nas culturas do Médio Oriente e do Mediterrâneo, temos o mito de Aracne, a jovem exímia nas artes da tecelagem que desafia a deusa Atena. Sentadas frente a frente em torneio confrontam-se, bordando Atena os deuses do Olimpo e os castigos que os humanos merecem por os desafiar, enquanto que Aracne borda o amor entre os mortais e os deuses, como resposta à superioridade de Atena. Em resposta à afronta, Atena bate em Aracne, que decide enforcar-se, mas é transformada em aranha por Atena e condenada para sempre a fiar para existir. A aranha simboliza assim a arrogância castigada pelos deuses. E na música de Raul um outro valor simbólico ou significado lhe é atribuído: a representação da genitália feminina. A “briga de aranhas” apareceria então como o ato sexual entre duas pessoas do sexo feminino. Não há ironia ou qualquer outra figura de linguagem nesta música, há tão somente uma relação de sinonímia. A aranha significando vagina e a cobra pênis.

    Falemos então dos possíveis valores simbólicos para a cobra:

    A serpente ou a cobra é um símbolo universal e complexo. Pode representar morte, destruição, mal, uma essência rastejante de penetração e também veneno. Um dos símbolos que sofre as maiores contradições no que se refere ao seu uso. Alguns acreditam que personifica o mal, outros, que é forte aliada contra as forças mais poderosas que possam nos atacar. As cobras sofrem o processo da troca de pele e esse é um evento que desperta a curiosidade. Essa característica possibilita associá-la ao rejuvenescimento, algo muito desejado pelo homem em todos os tempos! Mas são muitas as crenças que cercam esse réptil. A ela está associada a imagem do Uroboro, a serpente que morde a própria cauda formando uma circunferência, símbolo de processo, da continuidade, eternidade.
    Simboliza uma força inconsciente da natureza que não é boa nem má, seu estado ainda é indiferenciado e corresponde a base do instinto e da impulsividade natural. Pode ser considerada como um símbolo do falo e possui conotações sexuais simbolizando a existência de conflitos eróticos. A cobra frequentemente aparece na mitologia, no simbolismo da religião ou em cultos e ritos, onde podemos encontrar imagens da serpente do paraíso, a Mitgard germânica, da cobra da época de Moisés e das cabeças de serpentes das Górgonas malignas. Essa imagem está associada ainda a Grande-Mãe que geralmente é retratada como sendo uma mulher forte, de seios nus e com os braços estirados para fora, segurando uma cobra em cada mão.Costumam simbolizar o sistema nervoso autônomo, a energia instintiva e são símbolos transcendentes de profundidade que costuma também estar associado à sabedoria, à cura e ao auto-conhecimento. A serpente pertence ao reino da mãe e ela pode ser uma representação simbólica do medo do incesto como regressão e a imagem em que o ego onírico é envolvido por uma delas é um símbolo de penetração no ventre materno, e que corresponde a mesma simbologia da imagem de devorar uma serpente. Na Antiguidade, era considerada como sendo o símbolo da terra, que sempre foi concebida como feminina. Quando o ego onírico é mordido por uma delas, seu simbolismo é o mesmo de sucumbir a sua tentação, o que nos diz que o ego vígil vai viver uma transição de considerável importância. A picada se refere a exigência do inconsciente do ego vígil que à princípio age de forma paralisante sobre a sua energia e sua iniciativa. A imagem da cobra pode estar apontando para uma dissociação por parte do ego vígil entre a sua vida consciente e a instintiva. Elas podem ser vistas também como uma representação do falo mas só poderá ser interpretada como falo, se a encararmos como o simbolismo gerador e criativo da libido. Para os gnósticos, é um símbolo do tronco e da medula cerebral. Alguns acreditam que personifica o mal, outros, que é forte aliada contra as forças mais poderosas que possam nos atacar. As cobras sofrem o processo da troca de pele e esse é um evento que desperta a curiosidade. Essa característica possibilita associá-la ao rejuvenescimento, algo muito desejado pelo homem em todos os tempos. Mas são muitas as crenças que cercam esse réptil. A ela está associada a imagem do Uroboro, a serpente que morde a própria cauda formando uma circunferência, símbolo de processo, da continuidade, eternidade. Na tradição Cristã. Satã, disfarçado de serpente, instiga a queda enganando Eva para desobedecer uma ordem de Deus. Por isso a serpente também representa tentação, demônio, e enganação. A cobra possui uma forma fálica mas também pode ser vista como um ser andrógeno. Os traços positivos da cobra podem ser vistos quando interligada com a Árvore da Vida e representa bondade, também associada com poder curativos e ou renascimento simbolizado na mudança de sua pele. O mito da tentação da serpente no jardim do Éden, refere-se a necessidade de autorealização do homem, o princípio da individuação., e é comum que seja apresentada por alguns como a representação simbólica do princípio sedutor da mulher. No Hinduismo, está também associada à Kundalini, energia vital e sexual situada na base da coluna e que, se despertada, pode fluir pelo corpo do homem através da espinha dorsal, em forma de uma serpente que enrolando-se, em espiral, sobe até chegar à cabeça. No Xamanismo ela significa transmutação, cura, regeneração, sabedoria, psiquismo, sensualidade. Como as cobras deixam para trás a sua pele, nós podemos deixar para trás as nossas ilusões e limitações para usarmos plenamente a nossa vitalidade e desejos para alcançar a totalidade.

    Como podemos ver, o sentido de ambos os animais é complexo, o próprio gênero dos dois substantivos é feminino. Ainda que representem a vagina e o pênis na letra, se tomamo-la muito rasa e literalmente, estamos a falar de duas coisas que possuem o mesmo gênero: feminino. Se a ideia era de escrever algo de homofóbico, isso eu não sei. O fato é que de vez em quando é preciso não ler as coisas ao pé da letra, ou atribuir os sentidos mais imediatos.

    O sufixo -ismo é negativo é faz alusão a doenças. Falamos de homossexualidade. Relações homoafetivas. E ainda assim continuamos no plano das palavras. Quando pedimos paciência para com os heterossexuais, massacrados pelos grupos homossexuais (aqui sim estou sendo irônico, vale evidenciar, porque temo que não me compreendam) ainda estamos no plano das palavras. Continuamos na lógica Ceci n’est pas une pipe… comecei o texto falando da aranha e da cobra. Imaginemos agora que eu não esteja falando dos animais, nem das genitálias às quais fazem referência. É preciso às vezes negar a existência das coisas para compreendê-las. Aqui aparece o jacaré.

    O jacaré é amplamente conhecido como sendo um animal perigoso e traiçoeiro, que se aproxima de forma sorrateira e ataca quando menos se espera. Simboliza também os perigos da vida, e sobretudo o seu aproximar de forma inesperada. De uma forma mais geral, um jacaré simboliza perigo eminente, sobretudo nas experiências do quotidiano, já rotineiras, e que por isso o apanham desprevenido.

    Vejam como esses animais são todos perigosos: aranha, cobra e jacaré. Todos associados ao homem. Aludindo à relação sexual, à procriação, à cria, à continuidade.

    A música é clara, não há muito o que se dizer, está tudo na fala daquele que “Subiu no muro do quintal/ E viu uma transa/ Que não é normal/ E ninguém vai acreditar/ Eu vi duas mulher/ Botando aranha prá brigar…

    Na época em que essa música surgiu havia a censura. E hoje, somos a geração jacaré. Fruto do cruzamento de cobras e aranhas. Tudo está bem obrigado, no país do futebol. As coisas poderiam ser bem melhores se deixássemos de olhar para o quintal do vizinho e cuidássemos do nosso próprio. Prefiro ver essa música à luz dessa mensagem e deixar aranhas, cobras e jacarés na intimidade de seus habitats.

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