Entre, vem correndo para mim
Meu princípio já chegou ao fim
E o que me resta agora
É o seu amor
Traga a sua bola de cristal
E aquele incenso do Nepal
Que você comprou num camelô…
E me empresta o seu colar
Que um dia eu fui buscar
Na tumba de um sábio Faraó…(2x)
Veja quanto livro na estante!
“Don Quixote”
“O Cavaleiro Andante”
Luta a vida inteira contra o rei
Joga as cartas
Lê a minha sorte!
Tanto faz a vida como a morte
O pior de tudo eu já passei…
Do passado me esqueci
No presente me perdi
Se chamarem
Diga que eu saí
Do passado eu me esqueci
No presente eu me perdi
Se chamaram!
Diga que eu saí…
Veja quanto livro na estante!
“Don Quixote”
“O Cavaleiro Andante”
Luta a vida inteira contra o rei
Joga as cartas
Lê a minha sorte!
Tanto faz a vida como a morte
O pior de tudo eu já passei…
Do passado eu me esqueci
No presente me perdi
Se chamarem
Diga que eu saí
Do passado me esqueci
No presente me perdi
Se chamarem!
Diga que eu saí…
Letra Composta por: Paulo Coelho e Raul Seixas
Melodia Composta por:
Álbum: KRIG-HA, BANDOLO!
Ano: 1973
Estilo Musical:
“As Minas do Rei Salomão” foi um romance de Henry Haggard publicado em 1885, que se tornou best-seller.
Para ver mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Minas_de_Salom%C3%A3o
Analisando num contexto geral, podemos perceber uma certa ligação que Raul tinha neste gênero de romances da literatura fantástica, inclusive nestas que tinham a África e a floresta como palco, como as do Tarzan, de onde ele tirou o grito “Krig-Ha Bandolo”.
Agora analisando por partes:
“Entre, vem correndo para mim. Meu princípio já chegou ao fim”
– Logo no ínico da música o real e o falso se encontram quando o princípio encontra o fim.
“Traga a sua bola de cristal e aquele incenso do Nepal que você comprou num camelô…
E me empresta o seu colar que um dia eu fui buscar na tumba de um sábio Faraó…”
– De acordo com o romance, As Minas do Rei Salomão guardava objetos arqueológicos e exóticos, tesouros históricos e os objetos citados na passagem acima eram facilmente encontrados por lá.
Comumente, camelôs vendiam antiguidades, que eles dizia pertentecerem ao Faraó, ao Antigo Egito.
“Veja quanto livro na estante! ‘Don Quixote’, ‘O Cavaleiro Andante’ luta a vida inteira contra um rei”.
– Raul Seixas também aponta críticas à importância dos livros em depreciação da vida, critica a supremacia da teoria sobre a prática.
“Joga as cartas, lê a minha sorte, tanto faz a vida como a morte. O pior de tudo eu já passei”.
– Aqui, Raul Seixas mostra a morte como uma alternativa à vida.
“Do passado eu me esqueci, no presente me perdi..”
– Esta passagem também nos faz pensar na relatividade da importância dos fatos e dos objetos pra quem se esqueceu do passado e se perdeu no presente.
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A maioria das Letras de Raul Seixas são dirigidas a um personagem externo e as vezes fala do próprio Raul.
Sem dúvida existe nessa Letra uma personagem,uma mulher. as citações são discretas e melhor entendidas pelo Raul Seixas e pela personagem.
A letra é um recado, talvez uma lembrança de uma situação vivida a dois.
Real ou ficção.
Para mim a relação com o romance está apenas no título. Para mim, a música é um desabafo niilista
Que mulher é essa!!!
Eu já li o livro “As Minas do Rei Salomão” de Haggard e não encontrei muitas semelhanças com a música.
Alerto para uma passagem que vale:
– Dom Quixote, o cavaleiro andante, luta a vida inteira contra o rei.
Das duas uma. Ou o Raul não leu a obra de Cervantes e foi na trilha errada ou então ele conhecia a obra e, magistralmente, implantou uma mensagem de rebeldia explicitamente oculta, pois Dom Quixote não lutou em nenhum momento contra rei nenhum. Pelo contrário, ele se imaginava um cavaleiro, e guardava postura de devoção quanto à nobreza. Suas lutas eram contra contra a vilania e a busca do reconhecimento heroico.
Daí, quero crer na segunda opção.
Olha,li Dom quixote, mas ainda não tive o prazer de ler ” As minas do Rei Salomão”
Como vc mesmo citou. Dom Quixote se vestia de nobreza e de valores do céu.
Ele não tinha luxo, dormia no breu, na mata, no chão.
No começo nem com dinheiro andava até ser avisado que um bom cavalheiro deve andar com dinheiro ( claro, pra pagar suas contas e tal).
Será que o Raul não quer dizer que Dom quixote luta a vida inteira contra o Rei( Salomão), no sentido de modo de pensar?
Salomão deveria ser ganancioso, soberbo, luxurioso, avarento.
ter uma vida voltada a devoção material.
Enquanto Dom quixote seguinte a contra-mão dessa ideia.
Lembrando; é um chute,pois não li “As minas do rei”
Parabéns pela análise….
eu nem li e essa musica so o titulo e acho q essa musifa fala sobre as minas de riqueza que ele nao quer dividir se tiver errada to nem aiiiiiiiiii
a musica fala sobre uma pessoa que viveu muitas dificuldades na vida e nao tem mais medo de problemas e nem se importa se as coisas derem certo ou errado, pois ja viveu tantas coisas que o proprio tempo ja nao importa.
sou Raulzito baby
sou Raulzito baby
falando de amor fala d sua cultura
q ñ quer ser incomodado
de sua religião ñ relevante
da sua pessoa simplesmente
“Entre, vem correndo para mim
Meu princípio já chegou ao fim
E o que me resta agora
É o seu amor”
Raul começa a música demonstrando um certo niilismo em “meu princípio já chegou ao fim” em questão de valores e princípios morais, dizendo que já não tem mais nada a acreditar e o que me resta é apenas amor. Fazendo assim o niilismo um fator determinante do hedonismo (hedonismo sempre bastante pregado pelo ocultista Aleister Crowley, onde Raul teve bastante influência) pelo fato da igreja e a maioria das crenças divinas serem contra a libertinagem demasiada.
Traga a sua bola de cristal
E aquele incenso do Nepal
Que você comprou num camelô…
Se Raul quis dizer que o princípio já tinha chegado ao fim, agora ele ironiza dizendo para alguém trazer uma bola de cristal e incenso, objetos esses considerados “místicos”. Raul faz uma ambiguidade genial pois ao mesmo tempo que ele não acredita mais em princípios e valores, ele pede essas coisas “místicas” como uma forma de ir contra as pessoas religiosas que viviam pelos valores e pelos princípios da religião. PORÉM, ele termina falando dos objetos místicos dizendo que eles foram comprados em um camelô, dando a entender que esse misticismo barato também não fazia parte da vida dele, pois TODOS os princípios dele chegaram ao fim e não necessariamente se opondo a um e se devotando a um novo em específico.
E me empresta o seu colar
Que um dia eu fui buscar
Na tumba de um sábio Faraó…
Aqui o Raul está ironizando novamente esses objetos místicos, como se esse colar encontrado na tumba de um sábio faraó representasse alguma coisa de fato, sendo que ele deixou bem claro que o princípio dele já tinha chegado ao fim
Veja quanto livro na estante!
“Don Quixote”
“O Cavaleiro Andante”
Luta a vida inteira contra o rei
Raul sempre se mostrou um homem de ação, tendo primazia na práxis em relação a teoria dos livros em si, onde ele também faz a mesma crítica em “Eu também vou reclamar”. “Veja quantos livros na estante, Dom quixote, o cavaleiro andante luta a vida inteira contra o rei” Nisso Raul ironiza o fato de alguns livros, como o Dom quixote, apenas mostram como é que você vive alegremente acomodado e conformado de pagar tudo calado ser bancário ou empregado sem jamais se aborrecer. O cavaleiro andante, que luta a vida inteira contra o Rei… mostrando que algumas lutas políticas advinda somente dos livros não tem objetivo prático nas lutas contra o rei, acredito que ele também esteja se opondo aos famosos membros da “Bosta Nova” onde são todos “gente fina” e “intelectuais” como dizia ele mesmo.
Joga as cartas
Lê a minha sorte!
Tanto faz a vida como a morte
O pior de tudo eu já passei
Raul agora se coloca na forma que um niilista (ele) em relação ao misticismo. “Joga as cartas, lê a minha a sorte, tanto faz a vida como a morte” Mostrando assim que não importa o resultado que as cartas teriam, pois o pior de tudo ele já passou (Deixando a entender provisoriamente que o fato do princípio dele ter chegado ao fim tinha sido determinado por algum acontecimento anteriormente, pois o pior de tudo ele já passou e agora não valia de mais nada)
Do passado me esqueci
No presente me perdi
Se chamarem
Diga que eu saí
Raul mostra agora de fato a personalidade dele, tendo sempre o devir e a transitoriedade como inerentes a ele “Do passado eu me esqueci, no presente eu me perdi, se chamarem diga que eu sai”. Pode ser uma clara ironia a não ter que dar satisfação as pessoas que poderiam cobrar ele por alguma coisa que ele teria dito ou feito anteriormente. Mas como já sabemos, ele prefere ser essa metamorfose ambulante… Então, caso me chamarem, diga logo que eu sai de vez! Também se opondo o que ele tinha dito anteriormente em “O pior de tudo eu já passei”, colocando assim sempre como maior importância o “agora” que pertence à subjetividade do mundo, não tendo assim ideias fixas e “espíritos” que forjariam a vivência total dele. Sendo o pior de tudo que ele já tenha passado como tudo o que não pertencesse ao agora.