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Propriedade privada

Eu já disse uma vez e repito
O que eu disse, eu digo e está dito
Minha cabeça é minha, meu camarada
Cada cabeça é o centro do universo
Eu sou a minha propriedade privada
E ninguém pode me privar esse verso
Minha cabeça é minha e me pertence
E você não pode me impedir que eu pense
Qualquer pensamento oh! sim
Cada cabeça cabe um mundo
Você se guie, seu vagabundo
E por cá sigo por mim
Que eu a queria pra criar cabelo
Ou pra usar chapéu
Isso é problema meu
Que eu a use pra ter pesadelo
Ou pra sonhar com o céu
Isso é problema meu
Nem pai de santo nem psiquiatra
Cabeça minha que faz sou eu
Que ela tenha um parafuso de mais
Um parafuso de menos
Isso é problema meu
Que ela esteja pra cá do sol
Pra lá da lua
Isso é problema meu
Nem pra oficina nem pra guilhotina
Cabeça minha quem manda sou eu
Pois que afinal, seu moço
Minha cabeça está no meu pescoço
E não no seu.

A massa

A dor da gente é dor de menino acanhado

Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar
Que salta aos olhos igual a um gemido calado
A sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar

Moinho de homens que nem jerimuns amassados

Mansos meninos domados, massa de medos iguais
Amassando a massa a mão que amassa a comida
Esculpe, modela e castiga a massa dos homens normais

Quando eu lembro da massa da mandioca mãe, da massa
When I remember of “massa” of manioc
Nunca mais me fizeram aquela presença, mãe
Da massa que planta a mandioca, mãe
A massa que eu falo é a que passa fome, mãe
A massa que planta a mandioca, mãe
Quand je rappele de la masse du manioc, mére
Quando eu lembro da massa da mandioca

Lelé meu amor lelé no cabo da minha enxada não conheço “coroné”
Eu quero mas não quero (camarão). Minha mulher na função (camarão)
Que está livre de um abraço, mas não está de um beliscão
Torna a repetir meu amor: ai, ai, ai!
É que o guarda civil não quer a roupa no quarador
Meu Deus onde vai parar, parar essa massa
Meu Deus onde vai rolar, rolar essa massa