Skip to main content

Sapato velho

Você lembra, lembra
Naquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho de cowboy
Você lembra, lembra
Eu costumava andar
Bem mais de mil léguas
Pra poder buscar
Flores de maio azuis
E os seus cabelos enfeitar
Água da fonte
Cansei de beber
Pra não envelhecer
Como quisesse
Roubar da manhã
Um lindo por de sol
Hoje, não colho mais
As flores de maio
Nem sou mais veloz
Como os heróis
É talvez eu seja simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés

Caminho de pedra

Velho caminho por onde passou
Carro de boi, boiadeiro gritando ô ô
Velho caminho por onde passou
O meu carinho chamando por mim ô ô

Caminho perdido na serra
Caminho de pedra onde não vai ninguém

Só sei que hoje tenho em mim
Um caminho de pedra no peito também

Hoje sozinho não sei pra onde vou
É o caminho que vai me levando ô ô

Reza

Por amor andei, já
Tanto chão e mar
Senhor, já nem sei
Se o amor não é mais
Bastante pra vencer
Eu já sei o que vou fazer
Meu Senhor, uma oração
Vou cantar para ver se vai valer
Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
Ó meu santo defensor
Traga o meu amor
Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
Se é fraca a ora…ção
Mil vezes canta…rei
Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria
Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria

Canto de Ossanha

O homem que diz “dou” não dá, porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz “vou” não vai, porque quando foi já não quis
O homem que diz “sou” não é, porque quem é mesmo é “não sou”
O homem que diz “tô” não tá, porque ninguém tá quando quer
Coitado do homem que cai no canto de Ossanha, traidor
Coitado do homem que vai atrás de mandinga de amor
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor
Amigo senhor, saravá, Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha, não vá, que muito vai se arrepender
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer
Pergunte ao seu Orixá, o amor só é bom se doer
Vai, vai, vai, vai, amar
Vai, vai, vai, sofrer
Vai, vai, vai, vai, chorar
Vai, vai, vai, dizer
Que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor

Retrato em branco e preto

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração

Mascarada

Vejo agora esse teu lindo olhar
Olhar que eu sonhei
E sonhei conquistar
E que num dia afinal conquistei, enfim

Findou-se o carnaval
E só nos carnavais
Encontrava-me sem
Encontrar este teu lindo olhar, porque

O poeta era eu
Cujas rimas eram compostas
Na esperança de que
Tirasses essa máscara
Que sempre me fez mal
Mal que findou só
Depois do carnaval

Desengano deixei a dor em casa
Me esperando
E brinquei e brinquei
E fui vestido de rei
E quarta-feira sempre desce o pano
Carnaval desengano
Essa morena me deixou sem ano
Mão na mão, pé no chão
Hoje nem lembra não quarta-feira
Sempre desce o pano
Era só uma canção que desse vontade
De tomar a mão e de cada irmão pela cidade
O carnaval esperança
Que gente longe vem na lembrança
Gente triste possa entrar na dança
Gente grande saiba ser criança
O carnaval, o carnaval
O carnaval, o carnaval

Eu Sei Que Vou te Amar (part. Tom Jobim + MPB-4)

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

(mais…)

Minha Namorada

Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você

Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque

E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida ‚ nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois
(mais…)