Noves fora a lógica
Se bateria é a nossa mágica
Eu escolho o juízo
Da alegria, do céu ao precipício
Minha canção é coisa séria
Um verdadeiro comício
Se o suingue é meu vício
Bato tambor, desde o início
Nosso som não tem cor
Nosso som não tem briga
Vejo as favelas todas elas unidas
Nosso som não tem cor
Nosso som não tem briga
E no meu sonho vejo as favelas unidas
Vejo as favelas todas elas unidas
Nosso som não é barulho
Nosso grito é aviso
Esquecido no entulho
Do folião sem juízo
Não vem do plugue a energia
Tô na moral, não tem idéia
Tô na moral, não tem flagrante
Tô na moral, não tem idéia
Tô na moral, é coisa séria
Tô em cima, tô embaixo
Trabalhador é coisa séria, é coisa séria
Mas se um dia a festa terminar
Hei de louvar sempre a harmonia
Meu coração é pulsação, e meu guia
Nunca esquecida, minha mão de Maria
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Apesar de não ser muito conhecida, nem muito tocada nos shows eu curto demais esse som.
A letra é muito boa.
Essa música fala sobre o trabalho árduo de uma escola de samba, a rotina de trabalhadores das favelas e a busca por paz dentro delas.
Isso pode ser visto em diversos versos da letra:
“Noves fora a lógica” – Na apuração dos desfiles das escolas de samba a lógica é que a menor nota do quesito é descartada e quem acompanha e gosta de carnaval sabe que dificilmente essa nota é menor do que 9.
“Se a bateria é a nossa mágica, eu escolho o juízo” – Se a bateria é o coração, é a mágica da escola, eu escolho ela, escolho seguir o que é certo e não ser corrompido pelas coisas ruins da favela (tráfico), escolho o juízo.
“Nosso som não é barulho, nosso grito é aviso” – O que é ouvido no desfile não é apenas barulho é o resultado de muita luta, e o grito do interprete/compositor é o aviso de que a escola chegou para mostrar todo esse trabalho na avenida.
“Não vem do plug a energia” – A energia que contagia a todos na avenida, vem das cordas vocais do interprete, dos braços do cara que toca algumas instrumento da bateria, da mulata que samba se se cansar; e não apenas de um plug em algum aparelho elétrico.
“Tô em cima, tô embaixo, trabalhador é coisa séria” – Aí entra a rotina do folião, durante a semana. Sobe e desce o morro pra trabalhar e voltar do trabalho; tá em cima e tá embaixo, o trabalho é coisa séria, não pode deixar de lado.
“Nosso som não tem cor, nosso som não tem briga, e no meu sonho vejo as favelas unidas” – No samba não existe preconceito de cor, no samba não existe briga, mas contraditoriamente existe entre os morros de facções inimigas, por isso o sonho do eu-lírico é ver as favelas unidas assim como acontece no samba.
“Mas se um dia a festa terminar, hei de louvar sempre a harmonia” – Se um dia o carnaval, as escolas de samba e os desfiles vierem a acabar, que pelo menos se preserve a harmonia (um dos quesito do carnaval)e a paz entre as comunidades.
“Meu coração é pulsação e meu guia, nunca esquecida, minha mão de Maria” – Por fim, na última palavra da música aparece o seu título, que parece ficar em segundo plano, mas na verdade não fica.
Que tudo isso que foi dito, que foi pedido, a paz entre as favelas e a harmonia, possa ser abençoada por Maria que apesar de ser citada por último sempre esteve presente, e não foi esquecida.
Vale ressaltar também que a música em seu instrumental conta com a participação da bateria da Mangueira, o que reforça toda essa análise acima.
que análise maravilhosa!
rappa eternamente
Perfeita a colocação e análise de Leonardo Messias .. A vibe dessa música é foda demais também e pouco tocada verdade !!
Leonardo, gostei muito do que escreveu, porém no refrão ele diz: “(…) Nosso grito NÃO é aviso”. O eu lírico está fazendo referência ao grito de aviso que acontece nas favelas quando a polícia chega, por exemplo; aquele alvoroço avisando que algo está acontecendo. Ele diz que o grito deles (escola de samba) não é esse aviso.
Perfeito
Baita musica!