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Atiraste uma pedra

Atiraste uma pedra no peito de quem
Só te fez tanto bem…
E quebraste um telhado,
Perdeste um abrigo
Feriste um amigo
Conseguiste magoar
QUem das mágoas te livrou
Atiraste uma pedra
Com as mãos que esta boca
Tantas vezes beijou

Quebraste o telhado
Que nas noites de frio
Te servia de abrigo…
Perdeste o amigo
Que os teus erros não viu
E o teu pranto enxugou…
Mas, acima de tudo
Atiraste uma pedra
Turvando esta água
Esta água que um dia
Por estranha ironia
Tua sede matou

Teu retrato

Já sei que vais embora
Que não queres mais o meu amor
Que minh’alma que chora
E te pede, por favor
Deixa ficar teu retrato comigo
Quero ter a ilusão
Que ainda vivo contigo

Fica abre a luz dos teus braços
Meu coração em pedaços
Só pode falar assim, por quê?
Eu lhe imploro
Se fores embora eu choro
Não te separes de mim

Enigma

Quis conter-me mas não pude
Revoltado com a atitude
Dessa gente “original”

Que pensa ser incomum
E julga todos por um
E prega sem ter moral

Insensatos pregadores
Esses cruéis detratores
Agem quase sempre assim

São imbecis personagens
Molares das engrenagens
Que vão roubá-la de mim

Nas suas opiniões
Eu tenho dois corações
Cada qual amando mais

Diz alguém mais “entendido”
Que eu tenho um só dividido
Em duas partes iguais

Não os temo e nem me assusto
Mesmo sabendo que o justo
As vezes paga pelo pecador

Pois quem não deve não medra
Que atire a primeira pedra
Quem não errou por amor

Negue

Negue seu amor, o seu carinho;
Diga que você já me esqueceu.
Pise, machucando com jeitinho
Este coração que ainda é seu.

Diga que o meu pranto é covardia,
Mas não se esqueça
Que você foi minha um dia!

Diga que já não me quer!
Negue que me pertenceu,
Que eu mostro a boca molhada
E ainda marcada pelo beijo seu.

Escultura

Cansado de tanto amar
Eu quis um dia criar
Na minha imaginação
Um mulher diferente
De olhar e voz envolvente
Que atingisse a perfeição

Comecei a esculturar
No meu sonho singular
Essa mulher fantasia
Dei-lhe a voz de Dulcinéia
A malícia de Frinéia
E a pureza de Maria

Em Gioconda fui buscar
O sorriso e o olhar
Em Du Barry o glamour
E para maior beleza
Dei-lhe o porte de nobreza
De madame Pompadour

E assim, de reparo em reparo
Terminei o meu trabalho
O meu sonho de escultor
E quando cheguei ao fim
Tinha diante de mim
Você, só você meu amor

Hoje quem paga sou eu

Antigamente nos meus tempos de ventura
Quando eu voltava do trabalho para o lar
Deste bar alguém gritava com ironia:
“Entra mano, o fulano vai pagar”
Havia sempre alguém pagando um trago
Pelo simples direito de falar
Havia sempre uma tragédia entre dois copos
Nas gargalhadas de um infeliz a soluçar
Eu sabia que era um estranho desse meio
Um estrangeiro na fronteira desse bar
Mas bebia, outros pagavam e eu partia
Para o mundo abençoado do meu lar

Hoje, faço deste bar a sucursal
Do meu lar que atualmente não existe
Tenho minha história pra contar
Uma história que é igual, amarga e triste
Sou apenas uma sombra que mergulha
No oceano de bebida, o seu passado
Faço parte dessa estranha confraria
Do vermuth, do conhaque e do traçado
Mas se passa pela rua algum amigo
Em cuja porta a desgraça não bateu
Grito que entre neste bar beba comigo
Hoje quem paga sou eu!

Dos meus braços tu não sairás

Meu amor
Pensa bem no que tu vais fazer
Um amor sincero igual ao meu
Hoje não se encontra mais

Meu amor
Tu não podes me abandonar
Eu que fiz teu coração feliz
Eu que te dei o que ninguém te soube dar

Meu amor
Se tu julgas que serás feliz
Me deixando aqui sozinho assim
Eu te deixo partir

Não, não, não, não amor
Dos meus braços tu não sairás
Se tentares me abandonar
Nem sei do que serei capaz

(orquestra)

Mas, meu amor
Se tu julgas que serás feliz
Me deixando aqui sozinho assim
Eu te deixo partir

Não, não, não, não amor
Dos meus braços tu não sairás
Se tentares me abandonar
Nem sei do que serei capaz

Se eu fosse Getúlio

O Brasil tem muito doutor
Muito funcionário, muita professora
Se eu fosse o Getúlio mandava
Metade dessa gente pra lavoura

Mandava muita loira plantar cenoura
E muito bonitão plantar feijão
E essa turma da mamata
Eu mandava plantar batata

O Brasil tem muito doutor
Muito funcionário, muita professora
Se eu fosse o Getúlio mandava
Metade dessa gente pra lavoura

Normalista

Vestida de azul e branco
Trazendo um sorriso franco
No rostinho encantador
Minha linda normalista
Rapidamente conquista
Meu coração sem amor

Eu que trazia guardado
Dentro do peito fechado
Meu coração sofredor
Estou bastante inclinado
A entregá-lo ao cuidado
Daquele brotinho em flor

Mas, a normalista linda
Não pode casar ainda
Só depois que se formar
Eu estou apaixonado
O pai da moça é zangado
E o remédio é esperar

Maria Betânia

Maria Bethânia tu és para mim a senhora do engenho
em sonhos te vejo
Maria Bethânia és tudo que eu tenho
quanta tristeza
sinto no peito
só em pensar
que o meu sonho está desfeito

Maria Bethânia te lembras ainda daquele São João
as minhas palavras caíram bem dentro do teu coração
tu me olhavas
com emoção
e sem querer
pus minha mão em tua mão

Maria Bethânia tu sentes saudade de tudo, bem sei
porém também sinto saudade do beijo que nunca te dei
beijo que vive
com esplendor
nos lábios meus
para aumentar a minha dor

Maria Bethânia eu nunca pensei acabar tudo assim
Maria Bethânia por Deus eu te peço tem pena de mim
hoje confesso
com dissabor
que não sabia
Nem conhecia o amor.

Flor do meu bairro


A minha historia é vulgar
mas algo fica provado
nem sempre o primeiro amor
é o primeiro namorado


A flor do meu bairro
Tinha o lirismo da lua
Morava na minha rua
Num chalé fronteiro ao meu
Eu conheci
O seu primeiro amor
A sua primeira dor
E o primeiro erro seu
Lembro-me ainda
O bairro inteiro sentiu
A flor ingênua sumiu
Com seu amor, o seu rei
E eu que era
Seu primeiro namorado
De tão triste e apaixonado
Nunca mais me enamorei
Hoje depois de alguns anos
Eu encontrei-me com ela
Na rua dos desenganos
Menos ingênua e mais bela
Ela fingindo desejo
A boca me ofereceu
E eu paguei por um beijo
Que no passado foi meu
A minha história é vulgar
Mas algo fica provado
Nem sempre o primeiro amor
É o primeiro namorado

(orquestra)

A minha história é vulgar
Mas algo fica provado
Nem sempre o primeiro amor
É o primeiro namorado

Boemia

Boêmia pra mim terminou hô, hô, hô!
Já está novamente em meu lar
Aquela que me abandonou, hô, hô, hô,

Adeus meus amigos de orgia
Já terminou minha dor
Já posso sorrir de alegria
O meu amor voltou

A volta do boêmio

Boemia, aqui me tens de regresso
E suplicante te peço a minha nova inscrição.
Voltei pra rever os amigos que um dia
Eu deixei a chorar de alegria; me acompanha o meu violão.
Boemia, sabendo que andei distante,
Sei que essa gente falante vai agora ironizar:
“Ele voltou! O boêmio voltou novamente.
Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?”
Acontece que a mulher que floriu meu caminho
De ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração,
Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir:
“Meu amor, você pode partir, não esqueça o seu violão.
Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas.
Vá sonhar em novas serenatas e abraçar seus amigos leais.
Vá embora, pois me resta o consolo e alegria
De saber que depois da boemia
É de mim que você gosta mais”.

Fica comigo esta noite

Fica comigo esta noite
E não te arrependerás.
Lá fora o frio é um açoite;
Calor aqui tu terás.

Terás meus beijos de amor,
Minhas carícias terás;
Fica comigo esta noite
E não te arrependerás.

Quero em teus braços, querida,
Adormecer e sonhar;
Esquecer que nos deixamos
Sem nos querermos deixar…

Tu ouvirás o que eu digo;
Eu ouvirei o que dizes.
Fica comigo esta noite
E então seremos felizes.

Deusa do asfalto

Um dia sonhei um porvir risonho
E coloquei o meu sonho
Num pedestal bem alto
Não devia e por isso me condeno
Sendo do morro e moreno
Amar a deusa do asfalto.
Um dia ela casou com alguém
Lá do asfalto também
E dizem que bem me quer
E eu triste boemio da rua
Casei-me também com a lua
Que ainda é a minha mulher
É cantando que carrego a minha cruz
Abraçado ao amigo violão
E a noite de luar já não tem luz
Quem me abraça é a negra solidão
É, é, é, eeé cantando que afasto do coração
Esta mágoa que ficou daquele amor
Se não fosse o amigo violão
Eu morria de saudade e de dor

Mariposa

Na batida do samba
Foi que eu te conheci
Numa roda de bambas
Que eu jamais te esqueci
Remexendo as cadeiras
Gingando e sambando
Com simplicidade
Até que um dia
Trocaste o meu samba
E a lua do morro
Pela luz da cidade
Segue o teu caminho Mariposa
Já que esta luz te embriaga
Mas nunca te esqueças Mariposa
Que toda a luz se apaga
Presta bem, atenção Mariposa
Neste aviso derradeiro
Antes que a luz da cidade se apague,
Pode cegar-te primeiro

Meu vício é você

Boneca de trapo / Pedaço da vida
Que vive perdida no mundo a rolar
Farrapo de gente que inconsciente
Peca só por prazer, vive para pecar
Boneca eu te quero, com todo o pecado
Com todo os vícios,com tudo afinal
Eu quero este corpo, que a plebe deseja
Embora ele seja prenúncio do mal
Boneca noturna que gosta da lua
Que é fã das estrelas e adora o luar
Que sai pela noite e amanhece na rua
E há muito não sabe o que é luz solar
Boneca vadia de manhas e artifícios
Eu quero pra mim teu amor só porque
Aceito os teus erros, pecados e vícios
Porque na minha vida meu vício é você

Viagem

Oh! tristeza me desculpe
Estou de malas prontas
Hoje a poesia
Veio ao meu encontro
Já raiou o dia
Vamos viajar
Vamos indo de carona
Na garupa leve
Do vento macio
Que vem caminhando
Desde muito longe
Lá do fim do mar

Vamos visitar a estrela
Da manhã raiada
Que pensei perdida
Pela madrugada
Mas que vai escondida
Querendo brincar
Senta nessa nuvem clara
Minha poesia
Anda se prepara
Traz uma cantiga
Vamos espalhando
Música no ar

Olha quantas aves brancas
Minha poesia
Dançam nossa valsa
Pelo céu que o dia
Faz todo bordado
De raio de sol
Oh! Poesia me ajude
Vou colher avencas
Lírios, rosas, dálias
Pelos campos verdes
Que você batiza
De jardins do céu

Mas pode ficar tranquila
Minha poesia
Pois nós voltaremos
Numa estrela guia
Num clarão de lua
Quando serenar
Ou talvez até quem sabe
Nós só voltaremos
No cavalo baio
No alazão da noite
Cujo o nome é raio
Raio de luar

Quando eu me chamar saudade

Sei que amanhã
Quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha um bom coração
Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora.

Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga,
Para aliviar meus ais.
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais

Carlos Gardel

Tango, bandoneon, uma guitarra que chora
Num ritmo de amor desesperado
Um cabaré que fecha suas portas
Uma rua de amor e de pecado

Um guarda que vigia numa esquina
Um casal que anda a procura de um hotel
Um resto de melodia
Um assobio uma saudade imortal
Carlos Gardel

Carlos Gardel
Buenos Aires cantava no teu canto
Buenos Aires chorava no teu pranto
E vibrava em tua voz
Carlos Gardel

O teu canto era a batuta de um maestro
Que fazia pulsar os corações
Na amargura das tuas melodias

Carlos Gardel
Se cantavas a tragédia das perdidas
Compreendendo suas vidas
Perdoavas seu papel

Por isso enquanto houver um tango triste
Um otário, um cabaré, uma guitarra
Tu viverás também
Carlos Gardel

Carlos Gardel
Buenos Aires cantava no teu canto
Buenos Aires chorava no teu pranto
E vibrava em tua voz
Carlos Gardel

O teu canto era a batuta de um maestro
Que fazia pulsar os corações
Na amargura das tuas melodias

Por isso enquanto houver um tango triste
Um otário, um cabaré, uma guitarra
Tu viverás também
Carlos Gardel

Pensando em ti

Não, eu não posso lembrar que te amei
Não, eu preciso esquecer que sofri
Faça de conta que o tempo passou
E que tudo entre nós terminou
E que a vida não continuou pra nós dois
Caminhemos, talvez nos vejamos depois

Vida comprida, estrada alongada
Parto à procura de alguém
Ou à procura de nada…
Vou indo, caminhando
Sem saber onde chegar
Quem sabe na volta
Te encontre no mesmo lugar

Quem há de dizer

Quem há de dizer
que quem você esta vendo
Naquela mesa bebendo
É o meu querido amor
Repare bem que toda vez
que ela fala
ilumina mais a sala
Do que a luz do refletor
O cabaré se inflama
Quando ela dança
E com a mesma esperança
Todos lhe põe o olhar
E eu, o dono,
Aqui no meu abandono
Espero louco de sono
O cabaré terminar

Rapaz!Leva esta mulher contigo
Disse uma vez um amigo
Quando nos viu conversar
Vocês se amam
E o amor deve ser sagrado
O resto deixa de lado
Vai construir o teu lar
Palavra!Quase aceitei o conselho
O mundo, este grande espelho
Que me fez pensar assim
Ela nasceu com o destino da lua
Pra todos que andam na rua
Não vai viver só pra mim