Palmares 1999

A cultura e o folclore são meus
Mas os livros foi você quem escreveu
Quem garante que palmares se entregou
Quem garante que Zumbi você matou
Perseguidos sem direitos nem escolas
Como podiam registrar as suas glórias
Nossa memória foi contada por vocês
E é julgada verdadeira como a própria lei
Por isso temos registrados em toda história
Uma mísera parte de nossas vitórias
É por isso que não temos sopa na colher
E sim anjinhos pra dizer que o lado mal é o candomblé
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não
A influência dos homens bons deixou a todos ver
Que omissão total ou não
Deixa os seus valores longe de você
Então despreza a flor zulu
Sonha em ser pop na zona sul
Por favor não entenda assim
Procure o seu valor ou será o seu fim
Por isso corre pelo mundo sem jamais se encontrar
Procura as vias do passado no espelho mas não vê
E apesar de ter criado o toque do agogô
Fica de fora dos cordões do carnaval de salvador
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não
A energia vem do coração
E a alma não se entrega não


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3 comentários em “Palmares 1999”

  1. Penso que o Natiruts ao gravar essa música queria mostrar a nós que pode haver muita coisa escondida na história, veja: “A cultura e o folclore são meus
    Mas os livros foi você(brancos) quem escreveu…”
    “Quem garante que palmares se entregou?
    Quem garante que Zumbi você matou?…”
    O Natiruts também tenta mostrar que isto pode ser a grande causa do preconceito e falta de oportunidade dos negros na sociedade hoje, veja: “Por isso corre pelo mundo sem jamais se encontrar
    Procura as vias do passado no espelho mas não vê
    E apesar de ter criado o toque do agogô
    Fica de fora dos cordões do carnaval de salvador…”

    Bom amigos isso que foi a minha interpretação.
    Obrigado, Abraços!

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  2. Quando se diz “A cultura e o folclore são meus Mas os livros foi você quem escreveu”, vejo como a busca em demonstrar que houve uma grande influencia dos detentores do poder ao narrar a história dos negros em toda a sociedade, “Quem garante que palmares se entregou
    Quem garante que Zumbi você matou
    Perseguidos sem direitos nem escolas
    Como podiam registrar as suas glórias”, ou seja, diante de tantas limitações a unica forma de transmitir suas histórias era através de seus descendentes o que levava a manipulação por parte de sua propria raça. “Nossa memória foi contada por vocês
    E é julgada verdadeira como a própria lei” Ou seja, os homens brancos exerciam forte influencia perante os negros, essas histórias possivelmente já nos chegaram de maneira manipulada, as vitorias narradas seriam grande forma de influenciar as gerações futuras a ascender orgulhosamente na sua classe. “É por isso que não temos sopa na colher
    E sim anjinhos pra dizer que o lado mal é o candomblé”, trata do âmbito religioso, onde o Candomblé é interpretado como o “lado negro” das religiões afro culturais. “A influência dos homens bons deixou a todos ver
    Que omissão total ou não
    Deixa os seus valores longe de você
    Então despreza a flor zulu
    Sonha em ser pop na zona sul”, trata do fato de que a negritude de hoje se deixou corromper e quando fala da influencia dos homens bons, retrata aqueles que lutaram pelas causas negras e que demonstra que a população negra em muito se omitiu nas suas relações e em sua forma de buscar ascender socialmente. “Por favor não entenda assim
    Procure o seu valor ou será o seu fim”, orienta aos jovens que busquem conhecem a formação de nossa sociedade e que busquem seus valores “afro”, afinal foram/são a grande massa trabalhadora e formadora da sociedade. “Por isso corre pelo mundo sem jamais se encontrar
    Procura as vias do passado no espelho mas não vê” Exatamente a falta de busca pelo auto conhecimento e a falta de conhecimento de suas origens faz com que não tenha a identidade histórica preservada e até deturpada. “E apesar de ter criado o toque do agogô
    Fica de fora dos cordões do carnaval de salvador” a meu ver a frase mais marcante de toda a música, na minha interpretação demonstra exatamente a grande distinção que a condição de ser negro na sociedade brasileira impõe e que apesar de terem sido os grandes construtores de nossa sociedade não fazem jus a ter capacidade economica para participar de um evento como o exemplificado “Carnaval de salvador”, onde apenas as classes com alto poder economico participam, ou seja, criam e não podem usufruir. “A energia vem do coração
    E a alma não se entrega não”…

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  3. Paola Camargo

    Os aspectos positivos que podemos observar na música, estão presentes na cultura brasileira, nas músicas, na dança, no carnaval, no batuque do maracatu e do samba. Os negros também foram os protagonistas de suas lutas contra o sistema escravista, enfrentaram os escravocratas resistindo e construindo sua própria cultura no novo continente e puderam fazer sua cultura imperar. Tudo na cultura brasileira tem grandes traços da cultura negra. Mais do que a cultura Branca, demonstrando a força de um povo que resiste e não se deixa perecer.
    Os aspectos negativos, são visíveis e invisibilizados muitas vezes, tanto que podemos falar de institucionalização do racismo, uma vez que ele é instaurado e considerado rotineiro em nossas relações sociais, a ponto de muitos negarem o racismo. O aspecto negativo de maior relevância, dentre tantos outros, é o da negação do racismo. Sendo que o Brasil é um país extremamente racista, com proporções históricas que reduziram as chances dos negros a uma vida digna a quase nenhuma.Isso significa que, para que os negros não tenham acesso aos direitos básicos e sejam considerados iguais socialmente e racialmente e prevaleçam com suas culturas, a música denuncia um fato importante: o de que o racismo rouba nossa autonomia de falar sobre nós mesmos. A história, a cultura, a luta, passa por uma apropriação cultural e existencial, uma vez que os brancos querem se apropriar do que os negros construíram, e ainda, retirarem sua autonomia sobre aquilo que eles mesmos construíram. Esse é aspecto doloroso e covarde que a música denuncia.

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