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O morro está de luto

O morro está de luto,
Por causa de um rapaz
Que depois de beber muito
Foi a um samba na cidade
E não voltou mais.

Entre o morro e a cidade
A batida é diferente
O morro é pra tirar samba
A cidade é pro batente.

Eu há muito minha gente
Avisava ese rapaz
Quem sobe ao morro não desce
Quem desce não sobe mais.

O morro está de luto,
Por causa de um rapaz
Que depois de beber muito
Foi a um samba na cidade
E não voltou mais.

Entre o morro e a cidade
A batida é diferente
O morro é pra tirar samba
A cidade é pro batente.

Eu há muito minha gente
Avisava ese rapaz
Quem sobe ao morro não desce
Quem desce não sobe mais.

Judiaria

Agora você vai ouvir aquilo que merece
As coisas ficam muito boas quando a gente esquece
Mas acontece que eu não esqueci a sua covardia, a sua ingratidão
A judiaria que você um dia fez pro coitadinho do meu coração

Estas palavras que eu estou lhe falando
Têm uma verdade pura, nua e crua
Eu estou lhe mostrando a porta da rua
Pra que você saia sem eu lhe bater

Já chega um tempo que eu fiquei sozinho
Que eu fiquei sofrendo, que eu fiquei chorando
Agora quando eu estou melhorando
Você me aparece pra me aborrecer

Foi assim

Foi assim
Eu tinha alguém que comigo morava
Mas tinha um defeito que brigava
Embora com razão ou sem razão
Encontrei
Um dia uma pessoa diferente
Que me tratava carinhosamente
Dizendo resolver minha questão
Mas não
Foi assim
Troquei essa pessoa que eu morava
Por essa criatura que eu julgava
Pudesse compreender todo o meu eu
Mas no fim
Fiquei na mesma coisa que eu estava
Porque a criatura que eu sonhava
Não faz aquilo que me prometeu
Não sei se é meu destino
Não sei se é meu azar
Mas tenho que viver brigando
Se todos no mundo encontram seu par
Por que só eu vivo trocando
Se deixo de alguém
Por falta de carinho
Por brigas e outras coisas mais
Quem aparece no meu caminho
Tem os defeitos iguais

Dona do bar

Se for para chorar
Se for para sofrer
Ver meu sonho tão lindo caindo
Querendo morrer

Se for para chorar
Se for para sofrer
Eu não vou entrar mais neste bar
Vou deixar de beber

Eu não vou, eu não vou nunca mais Freqüentar esse bar
Porque os olhos da dona de poucos
Não deixam sair

Se eu preciso ir pra casa mais cedo
Sei que vou chorar
Passo as noites rolando na cama
E não posso dormir

Seus cabelos compridos de longe
Ficam a acenar
Pra voltar em seu bar e beber
Uma nova ilusão

Assistir aos fregueses
Ao entrar e sair lhe beijar
E voltar para casa
Brigando com meu coração

Se for para chorar
Se for para sofrer
Ver meu sonho tão lindo caindo
Querendo morrer

Briga de gato

Quem quiser se dar comigo
Ser meu amigo
Seja lá o que for…
Não se meta quando eu brigo
Quando eu resingo com meu amor
Eu explico esse fato
É porque já tenho notado
Quem aparta briga de gato
É quem sai mais arranhado

De uma feita por ciúmes
Meu bem comigo brigou
Um rapaz valentão
De intrometido afastou
Sabe que levou consigo
Por esse grande favor?
Ele é nosso inimigo
E ela é meu amor

Meu pecado

Ah! Deixa-me sofrer que eu mereço
E por tudo que padeço, não pago nem um terço do que fiz
É tão grande, tão horrível meu pecado
Que sendo assim castigado
É que me sinto feliz
Deus concedeu-me o direito
De eu mesmo ferir meu peito
Não quis o meu crime julgar
Bem feliz é todo aquele que erra
E aqui mesmo na terra
Pode seu crime pagar
Joguei uma jovem ao rigor dos caminhos
A trilhar por um monte de espinhos
Vejam só a maldade que fiz
E quando a encontrei assim atirada,
doentia, tristonha e arruinada
Pus-me a rir desta pobre infeliz
E hoje o remorso que trago comigo
Transformou-se em meu inimigo
E procura vingar-se em meu ser
Ando a vagar qual um louco morcego
Que procura fugir do sossego
Para nas trevas do mundo viver
Deus concedeu-me o direito
De eu mesmo ferir meu peito
Não quis o meu crime julgar
Bem feliz é todo aquele que erra
E aqui mesmo na terra
Pode seu crime pagar

Maria Rosa

Vocês estão vendo aquela mulher de cabelos brancos
Vestindo farrapos calçando tamancos
Pedindo nas portas pedaços de pão?
A conheci quando moça era um anjo de formosa
Seu nome: Maria Rosa, seu sobrenome: Paixão
Os trapos de sua veste não é só necessidade
Cada um representa para ela uma saudade
De um vestido de baile, ou de um presente, talvez
Que algum dos seus apaixonados lhe fez
Quis certo dia maria por a fantasia de tempos passados
Ter em sua galeria uns novos apaixonados
Esta mulher que outrora a tanta gente encantou
Nenhum olhar teve agora, nenhum sorriso encontrou
Então dos velhos vestidos que foram outrora sua predileção
Mandou fazer essa capa de recordação
Vocês marias de agora, amem somente uma vez
Pra que mais tarde esta capa não sirva em vocês

Se é verdade

Se é verdade
O que você vem me dizer
Se é mesmo certo
Que ela vai me procurar
Então me diga
À quem devo agradecer
Depois que fiz
Tantas promessas
Pra meu bem
Não me deixar

No desespero
De perder o meu amor
Naquela ânsia
Sem saber o que fazer
A todo santo
Que encontrei me ajoelhei
E implorei que ela voltasse
Para eu não morrer

A precipitação
Neste momento de amargor
Só pode trazer coisas
Como aqui me aconteceu
Naquele desespero
De perder o meu amor
Ofereci até um coração
Que não é meu

Agora se é verdade
O que você vem me dizer
Que a dona do meu ser
E da minha alma vai voltar
Por Deus, esse bom Deus
Por certo há de compreender
E com certeza vai me perdoar

Dona divergência

Oh! Deus
Se tens poderes sobre a terra
Deves dar fim a esta guerra
E aos desgostos que ela traz
Derrame a harmonia sobre os lares
Ponha tudo em seus lugares
Com o balsamo da paz

Deves encher de flores os caminhos
Mais canto aos passarinhos
À vida maior prazer
E assim, a humanidade seria mais forte
O mundo teria outra sorte
Outra vontade de viver

Não vá, bom Deus, julgar que a guerra que estou falando
É onde estão se encontrando tanques, fuzís e canhões
Refiro-me à grande luta em que a humanidade
Em busca da felicidade
Combate pior que leões

Aonde a dona divergência com o seu archote
Espalha os raios da morte
A destruir os cais
E eu
combatente atingido
Sou qual um país vencido
Que não se organiza mais

Meu barraco (samba)

Eu vou mudar meu barraco mais pra baixo
As minhas pernas já não podem mais subir
Alto do morro era bom na mocidade
Na minha idade a gente tem que desistir

Subir o morro antes era brincadeira
Até carreira eu apostava e não perdia
Quando eu subia todo mundo me aclamava
E reclamava toda vez que eu descia

Tarde de sol a cabrocha me esperava
Antes da hora eu chegava sem um pingo de suor
Vinha correndo oh meu Deus que bom que era
Mocidade não espera
Quanto mais cedo melhor

Mas hoje em dia / Minha velha sofre tanto
Fica jogada num canto
Chegar cansado de pisar estes barrancos
Juntar os cabelos brancos
Na mesma cama e dormir

Zé Ponte

No meu casebre tem um pé de mamoeiro
Aonde eu passo o dia inteiro
Campeando a minha amda
Uma cabocla que trabalha ali defronte
Carregando água da fonte
Pra levar pra peonada
E cada vez que ela carrega um balde d’água
Leva junto a minha mágoa
pendurada em sua mão
Pois eu não posso crer
Que em época presente
Ainda exista dessa gente
Com tão pouco coração
Ela podia, viver bem sem ir à fonte
Se casasse com Zé Ponte
Esse caboclo que aqui está
Pra ela eu ia, construir minha palhoça
Plantar coisas numa roça
Que nunca pensei plantar
E se mais tarde nos viesse a petizada
Eu tenho bolsa recheada
De dinheiro pra comprar
Um passarinho pro Juquinha
Um violão pra Azabela
E pra poder ela
Tudo o que eu pudesse dar

Ela disse-me assim

Ela disse-me assim
Tenha pena de mim. Vá embora!
Vais me prejudicar. Ele pode chegar
Tá na hora!
E eu não tinha motivo nenhum
Para me recusar
Mas, aos beijos, caí em seus braços
E pedi para ficar
Sabe o que se passou?
Ele nos encontrou. E agora?
Ela sofre somente por que
Foi fazer o que eu quis
E o remorso está me torturando
Por ter feito a loucura que fiz
Por um simples prazer
Fui fazer meu amor infeliz

Nunca

Nunca!
Nem que o mundo caia sobre mim,
Nem se Deus mandar,
Nem mesmo assim,
As pazes contigo eu farei.
Nunca!
Quando a gente perde a ilusão
Deve sepultar o coração
Como eu sepultei.
Saudade,
Diga a esse moço, por favor,
Como foi sincero o meu amor,
Quanto eu te adorei
Tempos atrás.
Saudade,
Não se esqueça também de dizer
Que é você quem me faz adormecer
Pra que eu viva em paz.

Volta

Quantas noites não durmo
A rolar-me na cama,
A sentir tantas coisas
Que a gente não pode explicar
Quando ama?
O calor das cobertas
Não me aquece direito…
Não há nada no mundo
Que possa afastar
Esse frio do meu peito.
Volta!
Vem viver outra vez ao meu lado!
Não consigo dormir sem teu braço,
Pois meu corpo está acostumado…

Nervos de aço

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor?
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor, meu senhor
Nos braços de um tipo qualquer?

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço
Que nem um pedaço do seu pode ser?

Há pessoas de nervos de aço
Sem sangue nas veias e sem coração
Mas não sei se passando o que eu passo
Talvez não lhes venha qualquer reação

Eu não sei se o que trago no peito
É ciúme, é despeito, amizade ou horror
Eu só sei é que quando a vejo
Me dá um desejo de morte ou de dor

Exemplo

Deixa o sereno da noite
Molhar teus cabelos que
eu quero enxugar amor
Vou buscar agua da fonte,
lavar os teus pés
Perfumar e beijar, amor
É assim que começam os romances
E assim começamos nós dois
Pouca gente repete essas frases
um ano depois
Dez anos estás ao meu lado
dez anos vivemos brigando
Mas quando eu chego cansado, teus
braços estão me esperando
Esse é o e exemplo que damos aos jovens recém namorados
Que é melhor brigar juntos
do que chorar separados

Castigo

Eu sabia
Que você um dia
Me procuraria
Em busca de paz
Muito remorso, muita saudade
Mas afinal o que é que lhe traz?
A mulher quando é moça e bonita
Nunca acredita poder tropeçar.
Quando os espelhos, lhe dão conselhos
É que procuram em quem se agarrar
E você pra mim foi uma delas
Que no tempo em que eram belas viam tudo diferente do que é
Agora que não mais encanta, procura imitar a planta
As plantas que morrem de pé
E eu lhe agradeço por de mim ter se lembrado
Dentre tanto desgraçado que em sua vida passou
Homem que é homem faz qual o cedro que perfuma o machado que o derrubou

Eu sabia
Que você um dia
Me procuraria
Em busca de paz
Muito remorso, muita saudade
Mas afinal o que é que lhe traz?
A mulher quando é moça e bonita
Nunca acredita poder tropeçar.
Quando os espelhos lhe dão conselhos
É que procuram em quem se agarrar

Cadeira vazia

Entra, meu amor, fica à vontade
E diz com sinceridade o que desejas de mim
Entra, podes entrar, a casa é tua

Já que cansaste de viver na rua
E os teus sonhos chegaram ao fim
Eu sofri demais quando partiste
Passei tantas horas triste
Que nem quero lembrar esse dia
Mas de uma coisa podes ter certeza
O teu lugar aqui na minha mesa
Tua cadeira ainda está vazia
Tu és a filha pródiga que volta
Procurando em minha porta
O que o mundo não te deu
E faz de conta que sou teu paizinho
Que tanto tempo aqui ficou sozinho
A esperar por um carinho teu
Voltaste, estás bem, estou contente
Mas me encontraste muito diferente
Vou te falar de todo coração
Eu não te darei carinho nem afeto
Mas pra te abrigar podes ocupar meu teto
Pra te alimentar, podes comer meu pão.

Felicidade

Felicidade foi-se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Onde sei que a falsidade não vigora

A minha casa fica lá detrás do mundo.
Onde eu vou em um segundo quando começo a pensar
E o pensamento parece uma coisa à toa
Mas como a gente voa quando começa a pensar