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Meu sentido era na bela

Meu pai era buticário
Tinha dinheiro na burra
Um dia, deu-me uma surra
Me botou num seminário
Comprou logo um rosário
E, audispois, uma batina
De fazenda muito fina

Mas meu sentido era na Bela, ai ai
Fia da sinhá Barbina
(Meu sentido era na Bela) hum hum
(Filha da sinhá Barbina)

Cheguei até istudá
O ingrês e o francês
O latrim e o purtuguês
Sempre gostei de rezar
Pois, vi que, naquele lugar
Estava a proteção divina
Óia só a minha sina!

Meu sentido era na Bela, ai ai
Fia da sinhá Barbina
(Meu sentido era na Bela) hum hum
(Filha da sinhá Barbina)

O professor percebeu
Que eu era intiligente
Um menino incompetente
Mas, pra padre, não nasceu
E deu conseio pra eu
Que estudasse a medicina
Gostei, larguei a batina

Ah, meu sentido era na Bela, ai ai
Fia da sinhá Barbina
(Meu sentido era na Bela) hum hum
Filha da sinhá Barbina)

Agora, tá como eu quero
Tô casado e tô firmado
Já fiquei acostumado
Com meus dizoito bruguelo
Foi o que levei a sério
E já vêm outras menina
Netas da sinhá Barbina

Meu sentido era na Bela, ai ai
Fia da sinhá Barbina
(Meu sentido era na Bela) hum hum
Filha da sinhá Barbina)

A intrigante

Tu tentaste com intriga
Organizar uma briga
Revelando o que tu tens
Com mentiras repelentes

Que são próprias das serpentes
Desses antros de onde vens
O que tu tens é despeito
Tens inveja do meu jeito

Eu nunca te dei cartaz
Pois mulheres sem conceito
Desconhecem o que é respeito
São infelizes demais

Fui à porta do teu ninho
Onde tu vendes carinhos
Aos que vão te procurar
E tu numa ânsia louca

Com sede beijou-me a boca
E eu a deixei beijar
Porém lamento o meu ato
Do pecado praticado

Minh’alma chora e reclama
Pois te olhando a cada instante
Eu vejo uma intrigante
Além de uma flor na lama

Estrela de veludo

Na terra dos meus sonhos semeei
Plantinhas de amores desiguais
Nos lábios das mulheres que beijei
Bebi delicias tantas que nem sei mais

Cantei canções de encanto que escrevi
Da dor do pranto e fiz de azul meus ais
Acreditei nas frases que ouvi
E elevei o amor aos seus anais

Surpreso mesmo agora
Vi o céu me atirar
Você uma estrela de veludo
Que bom poder cantar na minha lira
E ver que tudo
Tudo antes de você era mentira
Tudo antes de você era mentira

Maria Filó (o danado do trem)

Lá vai o danado do trem
Levando maria filó
Lá vai o danado do trem
Levando maria filó
Nem sequer dá um apito
Pra mim que fiquei tão só
Nem sequer dá um apito
Pra mim que fiquei tão só

Lá vai maria filó
Levando todos os “terem”
Lá vai maria filó
Levando todos os “terem”
No meio dos cacareco
Meu coração vai também
No meio dos cacareco
Meu coração vai também

Coisa esquisita é trem
Quando sai pra uma cidade
Pra uns ele leva alegria
Pra outros deixa saudade

Inteirinha

Quero amar você inteirinha
Abraçar você inteirinha
Viver uma vida inteirinha
De felicidade inteirinha

E em sua vida inteirinha
Repousar meu sonho inteirinho
E depois morrer inteirinho
Mas morrer risonho inteirinho

Gostoso é viver
Gostando de alguém
Gostar de quem gosta
Da gente também
Amar sem temer
O gosto de amar
Se o amor faz sofrer
Eu quero só ver
Onde vou parar

Estrada da saudade

Pra onde vai essa estrada seu moço
Queira por favor, dizer
Meu amor foi ontem nela moço
E não voltou pra me ver

Pelo jeito não duvido não
Até sinto e posso ver
Que essa estrada termina
Onde se começa a padecer

Quem me dera que amanhã
Eu visse a saudade nela encostar
E que ela como eu sentisse
Como dóI e faz penar
Ninguém pode se acostumar

Balada do amor sublime

Sem sofrer
Não se aprende amar
Louvo a Deus meu sofrimento
E a vontade que eu sinto de chorar.

Pois despertei
Da tristeza enfim
A beleza divinal
Do amor dentro de mim.

O ciúme eu sei
Não é tolice que a gente tem
É somente a dor desconfiada
Por saber que o que é nosso
Possa ser de outros também.

Pois despertei
Da tristeza enfim
A beleza divinal
Do amor dentro de mim

Forró do tio Augusto

Lá na casa do meu tio augusto nunes pereira
Velho pai de onze fio e neto de muntueira

Quando me lembro da fiarada solteira
Que completava uma orquestra inteira
Tanguá dançava todo sábado e domingo
Sob a batuta de augusto nunes pereira

Era laura no bandolim
Jurema no violão
Juracy no clarinete
Milton pandeiro na mão
Didi no cavaquinho
E de banjo o euclides
Tio augusto nas colhé…

Ai, meu deus, como era bom

E o restinho da fiarada todinha
Ficava em casa com minha tia filhinha
Era bequinho, célia, vanda e janete
E mais laurinha e o fio caçulazinha

Ai que beleza de família, minha gente
Quanta alegria que saudade eu sinto agora
Não é que eu queira falar bem dos meus parentes
Mas pra fazer qualquer forró não tinha hora

Era laura no bandolim
Jurema no violão
Juracy no clarinete
Milton pandeiro na mão
Didi no cavaquinho
E de banjo o euclides
Tio augusto nas colhé…

Mas de repente todo mundo foi casando
E a bandinha divagá foi se acabando
Casô didi, casô jurema e foi casando
Mais juracy, milton, euclides e mais laurinha

E o restinho dos fio piquininho
Foram crescendo, foram casando também
Vieram os netinhos
E da bandinha só ficando
Essa lembrança tão gostosa que me vem

Era laura no bandolim
Jurema no violão
Juracy no clarinete
Milton pandeiro na mão
Didi no cavaquinho
E de banjo o euclides
Tio augusto nas colhé..

Pagando o pato

Seu delegado digo com sinceridade
Eu não sou cabra pra enjeitar parada assim
Se digo isso porque sei que é verdade
Não mato cobra pra dizer que é mucuim
Olha eu não tenho nada, nada com Albertina
Desde menina que ela faz fuxico assim
Não tenho culpa se ela veve nas esquina
Dizendo as coisas e botando a culpa em mim

Vovó dizia que muié da perna fina
Só duas coisas acontece num vareia
Se dá pra boa já se vê desde menina
Ou então cresce pra falar da vida alheia
Esse negócio de dizer que eu sou culpado
De umas coisa que nem sei donde é que vem
Só tem um jeito de provar seu delegado
Deixa nascer pra ver a cara que ele tem
Deixa nascer pra ver com que cara ele vem

Guarânia da lua nova

Ouvi dizer que o tempo apaga

Lembranças amargas

Que a vida nos traz

Há muito que estou esperando

O tempo passando

E não encontro paz.

Será que o tempo não tem tempo

De olhar meus olhos tristes de chorar

E as cicatrizes do desgosto

Que trago em meu rosto

De tanto esperar

Saudade,

Bichinha danada

Que em mim fez morada

E não quer se mudar,

Tem gosto de jiló verdinho

Plantado na lua nova do penar

O tempo vai passando

E eu vejo o desejo

Da reconciliação

Meu medo é não saber se ela

Traz no peito a lua nova

Do perdão.

Menino de Braçanã

É tarde, eu já vou indo
Preciso ir embora, ‘té amanhã
Mamãe quando eu saí disse
Filhinho não demora em Braçanã
Se eu demoro mamaezinha Tá a me esperar
Pra me castigar Tá doido moço
Num faço isso, não
Vou-me embora, vou sem medo dessa escuridão
Quem anda com Deus
Não tem medo de assombração
e eu ando com Jesus Cristo
No meu coração

Guarânia da saudade

Esta saudade que é de ti me alucina
Me desespera esta saudade me tortura
Silenciosa, esta ausência tua me ensina
A ler no livro dessa solidão
Minha amargura
Quero que voltes
Como volta a primavera
e nos teus olhos
Tragas todos os encantos que são teus
Quando voltares, não digas nada,
Vai entrando,
Que te esperando
Estarão também
Todos os beijos meus
Não demores muito,
Não demores nada
Venhas ligeirinho,
Sejas camarada…

Paz do meu amor (Prelúdio Nº 2)

Você é isso: Uma beleza imensa,
Toda recompensa de um amor sem fim.
Você é isso: Uma nuvem calma
No céu de minh’alma; é ternura em mim.

Você é isso: Estrela matutina,
Luz que descortina um mundo encantador.
Você é isso: É parto de ternura,
Lágrima que é pura, paz do meu amor.

Na asa do vento

Deu meia noite, a lua faz um claro
Eu assubo nos aro, vou brincar no vento leste

A aranha tece puxando o fio da teia
A ciência da abeia, da aranha e a minha

Muita gente desconhece
Muita gente desconhece, olará, viu?
Muita gente desconhece

Muita gente desconhece, olará, tá?
Muita gente desconhece

A lua é clara, o sol tem rastro vermelho
É o mar um grande espelho onde os dois vão se mirar

Rosa amarela quando murcha perde o cheiro
O amor é bandoleiro, pode inté custar dinheiro
É fulô que não tem cheiro e todo mundo quer cheirar

Todo mundo quer cheirar, olará, viu?
Todo mundo quer cheirar

Todo mundo quer cheirar, olará, tá?
Todo mundo quer cheirar