Fogo no Paraná

– é, toda hora vem gente dizeno fulano viajou
– foi pro sul
– é isso aí
– mais cedo ou mais tarde, todo mundo vai
– mas num é pra “enricar” não
– é só pra viver

Seu Zé Paraíba, Seu “Zé das Criança”
foi pro Paraná, cheio de esperança
levou a “muié”, e seis “barriguidin”
Pedro, Joca e Mané
Ceverina, Zefa e Toin

No Norte do Paraná
todo serviço enfrentou
batendo enchada no chão
mostrou que tinha valor
dois anos de bom trabalho
até cavalo comprou

a meninada crescia
robusta e muito animada
a “muié” sempre dizia
ninguém tá com pança inchada
tudo igualzim a sulista
de buchechinha rosada

se nordestino é pesado
é do outro vicio o cavaco
é como diz o ditado
porta só quebra no fraco
deus quando dá a farinha
o diabo vem e rouba o saco

aquele fogo maldito
que o Paraná quase engole
José lutava com ele
acompanhado da prole
vós misse fiquem sabendo
que José nunca foi mole

depois de tudo perdido
José voltou pro ranchinho
foi conferir os meninos
tava faltando Toinho
voltou em cima do rastro
gritando pelo caminho

cadê Toinho, cadê Toinho
responde Toinho
cadê Toinho
vem cá Toinho
escute Toinho
cadê Toinho
cadê Toinho


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