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Sabia pouco do sal

Sabia pouco do sal 
mas salgava 

Doçura tinha 
perdia 
lembrava quando ria 
cantava 

Tinha mais céu que imaginava 
chovia 
manhã de sol 
sofria 
desavisado 
marejava. 

A boca era o centro 
gravitava todo resto 
pendia para frente 
caia em si 
perdia o verso.

Olhos de Tereza

Os olhos de Tereza 
tem mar dentro 
uma represa 

Os olhos de Tereza 
calmos 
como quem esqueceu 
a pressa 
Os olhos Tereza 
cinco partos 
seis filhos 
doze netos 

Os olhos de Tereza 
são secretos 
novelos 
novenas 
novelas. 

Os olhos de Tereza 
põe mesa 
almoça e janta 
Mareado de choro 
os olhos dela 
alegria e tristeza. 

Os olhos de Tereza 
dizem sim 
e de jeito nenhum 
Os olhos de Tereza 
são dois lagos 
duas janelas para o mar 
Navego a vela o labirinto 
por onde vão desaguar.

Sob o céu sobre o chão

O céu
Teto da boca de um planeta
em rotação
Brilha quando chão tem menos luz
menos tensão
ou pra nós dois no São João

O chão
Tapete extenso dos mistérios
do finito
carrega tudo que apavora
o por vir
toda razão sem razão

Eu vou
Me vingar do mundo em seu sorriso
libertação
como se sua boca fosse a lua
nascente no céu
que finda o dia em tentação

Vinha da Ida

Diva, divina vida
Vinha da Ida
“Çá” despedida não quero
Quero ser minha

Vadia vinda
Me entrego em teu risco
Beleza tua casa
Vila da Minha

Casa, Casulo, Cais
Caso a sós
Caos da sua ordem
Não quero
Quero meus nós

Deixo a ferida aberta
Sem curativo
Tranca por dentro
A boca
Bate sem voz