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Viração

Nas águas claras do dia
À sombra dos cereais
Manhãs de trigo e de vinho
Lembrando o passado e a paz
O gosto e o frio da aurora
O cheiro macio do pão
E eu penso no frio que agora
Habita meu coração

Nos muros nos olhos do povo
Habita a mesma tristeza
Porque os braços de ferro
Nos prendem como represa
Mas o que eles não sabem
Não sabem ainda não
É que na minha terra
Um palmo acima do chão
Sopra uma brisa ligeira
Que vai virar viração
Ah mas eles não sabem
Que vai virar viração

Amigo guarda tua mente
Bem viva atenta e sem medo
Que a hora certa e precisa
Virá mais tarde ou mais cedo
Ensina a teus filhos pequenos
Que é dura e longa a viagem
Que a dor, a madeira e o tempo
Não dobram um coração selvagem

Nos muros nos olhos do povo
Habita a mesma tristeza
Porque os braços de ferro
Nos prendem como represa
Mas o que eles não sabem
Não sabem ainda não
É que na minha terra
Um palmo acima do chão
Sopra uma brisa ligeira
Que vai virar viração
Ah mas eles não sabem
Que vai virar viração.

Lagoa dos Patos

Lá no fundo da lagoa
Dorme uma saudade boa
Longe desse céu sereno
O coração pequeno
E vazio ficou
Sei que a vida içou as velas
Mas em noites belas
Sou navegador
Lá no fundo da lembrança
Dorme um resto de esperança
De voltar à vida a toa
À beira da lagoa
Só molhando o pé
Seja em Tapes, São Lourenço
Barra do Ribeiro ou Arambaré

Lagoa dos Patos
Dos sonhos, dos barcos
Mar de água doce e paixão

Ah! Essa canção singela
Eu fiz só pra ela
Não me leve a mal
Ela que é filha da lua
Que ilumina as ruas
Lá do Laranjal.

Autorretrato

  • Já nasci estressado
    Com 2 kgs e 100
  • E eu, careca e pelado
    Meio magro também
  • Não peguei catapora
  • Não fui me batizar
  • Vixe Nossa Senhora
  • Salve Oxalá!
  • Fui criado na rua
    Tenho meus pés no chão
  • Sou do mundo da lua
    Troco os pés pelas mãos
  • Tenho medo do escuro
  • E eu de andar de avião
  • Sou de Porto Seguro
  • E eu de Jaguarão

Coisa boa é um amigo
Pra poder se encontrar
E jogar conversa fora
Tu me ensina a viver
Que eu te ensino a sonhar
E por aí vamos embora

  • Sou do balacobaco
  • Eu não tô nem aí
  • Jogador de buraco
  • Coleção de gibi
  • Futebol de areia
  • Futebol de botão
  • Caminhada na esteira
  • Televisão
  • Tô relendo Bandeira
  • E eu, Machado de Assis
  • Sou Flamengo e Mangueira
  • Vasco e Imperatriz
  • Sinto frio nos joelhos
  • Eu, na ponta dos pés
  • Sou alérgico a pêlo
  • Tenho chulé

Coisa boa é um amigo
Pra poder conversar
E trocar figurinhas
Tu me ensina a viver
Que eu te ensino a sonhar
Cada sonho que eu tinha

  • Eu só como o miolo
  • Eu, casquinha do pão
  • Spaghetti com molho
  • Bife, arroz e feijão
  • Sou viciado em chiclete
  • Picolé de limão
  • Bomba e crepe Suzette
  • Goiabada cascão
  • Sou Aquário com Touro
  • Ascendente Leão
  • Eu já fui escoteiro
  • Escapei de raspão
  • Sou cantor de chuveiro
  • Eu adoro dançar
  • Vou casar em janeiro
    Em B.H.

Coisa boa é um amigo
Pra poder revirar
O que ficou na lembrança
Tu me ensina a viver
Que eu te ensino a sonhar
Cheios de esperança

  • Eu odeio gravata
  • Gente com celular
  • Cervejinha de lata
  • Coca Cola sem gás
  • Ando sempre atrasado
  • Eu só pego metrô
  • Corro atrás de uns trocados
    Sou professor
  • Não relaxo o pescoço
  • Eu, só no Maracanã
  • Eu só durmo de bruços
  • Eu, com Lexotan
  • Uso toca de banho
  • Cueca samba canção
  • Eu não ronco
  • Estranho, eu também não!

Coisa boa é um amigo
Pra poder confessar
Cada velha mania
Tu me ensina a viver
Que eu te ensino a sonhar
Cada sonho que havia

  • Ando meio caído
  • Pra lá de Bagdá
  • Uma certa barriga
  • É, já deu pra notar
  • Vou fazer um check up
  • Já parei de fumar
  • Antes que dê um ataque
    Vou pra um spa
  • Sou do tempo do êpa
  • Andei de DKW
  • Volta ao mundo, Lambretta
  • Brinquei de bambolê
  • Hoje eu olho na volta
  • Olho e sei que valeu
  • Vou levando a vida
    Graças a Deus

Coisa boa é um amigo
Pra poder relembrar
Pois são tantas histórias
Tu me ensina a viver
Que eu te ensino a sonhar
Pela vida afora

Coisa boa é um amigo
Pra poder relaxar
E jogar conversa fora
Tu me ensina a viver
Que eu te ensino a sonhar
E vamos tocando a bola.

Corpo e alma

Quando eu era assim
Bem menor
Não tive afim, sei lá
De pensar em nós
Agora eu sei e entendo melhor
Vidente eu li no céu
Vai por mim, somos corpo e alma
Meu irmão, meu par
Vai por mim, somos corpo e alma
Meu irmão, meu par

Quando a solidão
Se enredar em ti
E o coração dançar
Conta comigo
Eu quero estar, viu
A teu lado
E haja o que houver
Junto a ti, feito corpo e alma
Meu irmão, meu par
Junto a ti, feito corpo e alma
Meu irmão, meu par

Sei que a vida vai aprontar
E o que vier, azar
A dois é fácil segurar
Se Deus deixar, viu
Meu amigo
Vou sempre estar aqui
Junto a ti, feito corpo e alma
Meu irmão, meu par
Junto a ti, feito corpo e alma
Meu irmão, meu par

Noite de São João

Era noite de São João
E eu saia com meu irmão
De bigode de rolha
E chapéu novo em folha
Brim Coringa e alpargata

Toda noite de São João
Eu sonhava em pegar na mão
De uma prenda bonita
Com vestido de chita
E Maria Chiquinha

Soltando foguete (tchê)
Pulando fogueira (há)
Era noite de São João

Toda noite de São João
A quermesse era um festão
Bandeirinhas no arame
De papel celofane
Pau de sebo e de fita

Era noite de São João
E depois de comer pinhão
Vinha pé-de-moleque
Puxa-puxa e um pileque
De caninha ou de quentão

Soltando foguete (tchê)
Pulando fogueira (há)
Era noite de São João

Era noite de São João
Cordeona com violão
Esquentavam as moça
E eu nesse bate-coxa
Não podia me segurar

Toda noite de São João
Eu voava que nem balão
Namorava as estrelas
Que são primas terceiras
E afilhadas de São João

Soltando foguete (tchê)
Pulando fogueira (há)
Era noite de São João

Vento negro

Onde a terra começar
Vento Negro gente eu sou
Onde a terra terminar
Vento negro eu sou

Quem me ouve vai contar
Quero luta, guerra não
Erguer bandeira sem matar
Vento Negro é furacão

Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão

Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração

Dos montes, vales que venci
No coração da mata virgem
Meu canto, eu sei, há de se ouvir
Em todo o meu país

Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei
Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei

Nuvem passageira

Eu sou nuvem passageira
que com o vento se vai,
eu sou como um cristal bonito
que se quebra quando cai

Não adianta escrever
meu nome numa pedra
pois esta pedra em pó
vai se transformar
Você não vê que a vida
corre contra o tempo
sou um castelo de areia
na beira do mar

A lua cheia convida
para um longo beijo
mas o relógio
te cobra o dia de amanhã
Estou sozinho, perdido
e louco no meu leito
e a namorada analisada
por sobre o divã

Navega coração

Nos naufrágios que o destino
Vem tentando me pregar
Vou nadando meus caminhos devagar
Desde os tempos de menino
Aprendí a navegar
Com as bússolas que eu mesmo inventar
Hoje eu sei as armadilhas
E os segredos desse mar
Que viver não é preciso nem será
Tenho os olhos no cruzeiro
As sereias como guia
E Netuno me protege noite e dia
E nem piratas, nem borrascas nem dragões
Vão me impedir de ser feliz
De levantar a minha âncora e partir
Navega coração
As águas desse mar
Voa coração
Prá lá do arco-íris

Fonte da saudade

Esse quarto é bem pequeno
Prá te suportar
Muito amor, muito veneno
Prá pouco lugar
O teu corpo é uma serpente
A me provocar
E teu beijo, a aguardente
A me embriagar…

Essa boca muito louca
Pode me matar
Se isso é coisa do demônio
Eu quero pecar
Fecha a luz, apaga a porta
Vem me carinhar
Diz aí prá minha tia
Que eu fui viajar…

Diz que fui
Prá Nova Iorque
Ou prá Bagdá
E que isso não é hora
De telefonar
Eu já sei que qualquer dia
Tudo vai dançar
Mas a fonte da saudade
Nem o tempo vai secar…

Essa boca muito louca
Pode me matar
Se isso é coisa do demônio
Eu quero pecar
Fecha a luz, apaga a porta
Vem me carinhar
Diz aí prá minha tia
Que eu fui viajar…

Diz que fui
Prá Nova Iorque
Ou prá Bagdá
E que isso não é hora
De telefonar
Eu já sei que qualquer dia
Tudo vai dançar
Mas a fonte da saudade
Nem o tempo vai secar…

Espanhola

Por tantas vezes
Andei mentindo
Só por não poder
Te ver chorando

Te amo Espanhola
Te amo Espanhola
Se for chorar
Te amo

Sempre assim
Cai o dia e é assim
Cai a noite e é assim
Essa lua sobre mim
Essa fruta sobre o meu paladar

Nunca mais
Quero ver você me olhar
Sem me entender a mim
Eu preciso lhe falar
Eu preciso tenho que lhe contar

Te amo Espanhola
Te amo Espanhola
Se for chorar
Te amo

Te amo Espanhola
Te amo Espanhola
Pra quê chorar
Te amo

Capaz

Capaz que o mundo um dia vá se acabar
Capaz que a lua vá deixar de girar
Capaz que até a luz do sol vá sumir
Capaz que exista vida em outro lugar
Marcianos, gente verde, sei lá
Capaz
Eu nunca vi um disco voador
Aliás
Se o mundo fosse mesmo acabar
Eu acho que iam anunciar
E até vender pra televisão
E mais
A grana acabou outra vez
Não sei se chego até o fim do mês
Por isso tanto faz, tanto fez
Capaz que é ruim passar debaixo de escada
Gato preto, encruzilhada…
Capaz
No creo en brujas, pero las hay
Capaz que o homem tenha ido na lua
Que eu vá estar andando na rua
E caia um meteoro em cima de mim
Aliás, se o mundo fosse mesmo acabar
Eu acho que iam anunciar
E até vender pra televisão
E mais
Tem sempre alguém que leva algum
Pra nós aqui não sobra nenhum
Por isso deixa o barco correr.

Canção da meia noite

Quando a meia noite me encontrar
Junto à você
Algo diferente vou sentir
Vou precisar me esconder
Na sombra da lua cheia
Esse medo de ser
Um vampiro, um lobisomem, um saci pererê

Dona senhora meia noite eu canto
Essa canção anormal
Dona senhora essa lua cheia
Meu corpo treme
Que será de mim?
Que faço força pra resistir
A toda essa tentação
Na sombra da lua cheia
Esse medo de ser
Um vampiro, um lobisomem, um saci pererê

Deu pra ti

Deu pra ti
Baixo astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau!

Quando eu ando assim meio down
Vou pra Porto e bah! Tri legal
Coisas de magia, sei lá
Paralelo 30

Alô tchurma do Bonfim
As gurias tão tri afim
Garopaba ou Bar João
Bela dona e chimarrão

Que saudade da Redenção
Do Fogaça e do Falcão
Cobertor de orelha pro frio
E a galera do Beira-Rio

Vira virou

Vou voltar na primavera
E era tudo que eu queria
Levo terra nova daqui
Quero ver o passaredo
Pelos portos de Lisboa
Voa, voa que eu chego já

Ai se alguém segura o leme
Dessa nave incandescente
Que incendeia minha vida
Que era viajante lenta
Tão faminta da alegria
Hoje é porto de partida

Ah! Vira virou
Meu coração navegador
Ah! Gira girou
Essa galera

Paixão

Amo tua voz e tua cor
E teu jeito de fazer amor
Revirando os olhos e o tapete,
Suspirando em falsete
Coisas que eu nem sei contar.

Ser feliz é tudo que se quer!
Ah! Esse maldito fecho éclair
De repente, a gente rasga a roupa
E uma febre muito louca
Faz o corpo arrepiar.

Depois do terceiro ou quarto copo
Tudo que vier eu topo.
Tudo que vier, vem bem.
Quando bebo perco o juízo.
Não me responsabilizo
Nem por mim, nem por ninguém.

Não quero ficar na tua vida
Como uma paixão mal resolvida
Dessas que a gente tem ciúme
E se encharca de perfume,
Faz que tenta se matar.

Vou ficar até o fim do dia
Decorando tua geografia
E essa aventura
Em carne e osso
Deixa marcas no pescoço.
Faz a gente levitar.

Tens um não sei que de paraíso
E o corpo mais preciso
Que o mais lindo dos mortais.
Tens uma beleza infinita
E a boca mais bonita
Que a minha já tocou.

Nem pensar

Eu, hein?
Nem pensar
Outra vez, nem pensar
Embolou, foi demais
Pega leve, baby

Eu, hein?
Nem pensar
Outra vez, nem pensar
Já sartei, foi demais
Dá um tempo pra mim

Deixa assim
Mal ou bem, bem ou mal
Conjunção Sol e Sol é fogo
Baby

E aí, se rolar
É sinal que valeu
Que o destino escreveu a vida
Baby

Eu, hein?
Nem pensar
Outra vez, nem pensar

Baby
Se rolar
Já pensou
Nem pensar

Maria fumaça

Essa Maria Fumaça
Devagar quase parada
Oh, seu foguista
Bota fogo na fogueira
Que essa chaleira
Tem que tá até sexta-feira
Na estação de Pedro Osório
Sim, Senhor!

Se esse trem não chega a tempo
Vou perder meu casamento
Atraca, atraca-lhe carvão nessa lareira
Esse fogão é que
Acelera essa banheira
O padre é louco
E bota outro em meu lugar

Se chego tarde não vou casar
Eu perco a noiva e o jantar
A moça não é nenhuma miss
Mas é prendada e me faz feliz
Seu pai é um próspero fazendeiro
Não é que eu seja interesseiro
Mas sempre é bom e aconselhável
Unir o útil ao agradável

Esse trem não sai do chão
Capaz!
Urinaram no carvão
Mas que barbaridade!
Entupiram a lotação
Mééééé!
E eu nem sou desse vagão
Mas que tá fazendo aqui?
Mas que baita confusão
Opa! Opa!
Tem crioulo e alemão
Empregado com patrão
Opa! Me passaram a mão
Ora, vá lamber sabão

Tagará, tagará, tagará
Tagará, tagará
Togoro, togoro
Togoro, togoro
Tagará, tagará, tagará
Tagará, tagará, tagará
Togoro, togoro, togoro
Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter
Que indenizar

Esse expresso vai a trote
Mais parece um pangaré
Essa carroça é um
Jaboti com chaminé
Eu tenho pena
De quem segue pra Bagé
Seu cobrador, cadê meu troco?
Por favor!

E dá-lhe apito e manivela
Passa sebo nas canelas
Seu maquinista
Eu vou tirar meu pai da forca
Por que não joga esse museu
No ferro velho
E compra logo
Um trem moderno japonês

No dia alegre do meu noivado
Pedi a mão todo emocionado
A mãe da moça me garantiu: É virgem, só que morou no Rio
O pai falou:
É carne de primeira
Mas se abre a boca
Só sai besteira
Eu disse:
Fico com essa guria
Só quero mesmo
Pra tirar cria

Esse trem não era o teu
Esvaziaram o pneu
Mas cadê esse guri?
Tá na bicha do xixi
Tem chiclete com tatu
Que nojo!
E foi alguém de Canguçu
Me roubaram meu chapéu
Chiaras!
Chama o homem do quartel
E deu enjoo na mulher
Fez “porquinho” no meu pé

Tagará, tagará, tagará
Tagará, tagará
Togoro, togoro
Togoro, togoro
Tagará, tagará
Togoro, togoro
Togoro, togoro
Se por acaso eu não casar
Alguém vai ter
Que indenizar
E é o presidente dessa tal
De R.F.F.S.A, R.F.F.S.A.
R.F.F.S.A, R.F.F.S.A.
R.F.F.S.A, R.F.F.S.A.