Só depois de muito tempo
Fui entender aquele homem
Eu queria ouvir muito
Mas ele me disse pouco...
Quando se sabe ouvir
Não precisam muitas palavras
Muito tempo eu levei
Prá entender que nada sei
Que nada sei!...
Só depois de muito tempo
Comecei a entender
Como será meu futuro
Como será o seu...
Se meu filho nem nasceu
Eu ainda sou o filho
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?
Cantar depois!...
Se sou eu ainda jovem
Passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?...
Só depois de muito tempo
Comecei a refletir
Nos meus dias de paz
Nos meus dias de luta...
Se sou eu ainda jovem
Passando por cima de tudo
Se hoje canto essa canção
O que cantarei depois?...(2x)
Cantar depois!...
Comentários
gabriel cruz
02/03/2011
É a vida é luta... fugir é morrer...
Sérgio Soeiro
13/08/2010
Muitas pessoas (inclusive eu) consideram O Ira! a versão brazuca do The Who, um dos maiores grupos de rock inglês, que fez história nos anos 60 e 70. O trabalho do The Who serviu de trilha sonora para o movimento “Mod” (de modernismo), criado em Londres no final dos anos 50 pela classe média local, que tinha como principais bandeiras a moda (forma de se vestir), a utilização de scooters como meio de transporte e o uso desenfreado de anfetaminas. Longe de ser algo depreciativo, esta influência só fez bem ao grupo brasileiro, que até hoje possui uma cativa legião de fãs. Em relação ao trabalho musical, os grupos pautaram suas obras nos problemas típicos da juventude, como a busca de espaço na sociedade, auto-afirmação, relacionamentos, depressão, etc. A música mais representativa da obra do Ira! é “Dias de luta”, verdadeiro hino dos conflitos juvenis, que possivelmente é autobiográfica e retrata os questionamentos do autor em relação ao seu atual papel de jovem e como será seu posicionamento quando se tornar adulto. Um dos pontos fortes da música é justamente o andamento rítmico escolhido. A bateria tocada como caixa de ressonância (tarol), marcando o ritmo de marcha militar é proposital para enfatizar um clima de batalha, bem como para mostrar um sentido de coletividade. Ou seja, o autor acredita que os conflitos da juventude são batalhas a serem vencidas, mas os jovens não estão sós, eles fazem parte de um batalhão. Na primeira estrofe Edgar relata que somente depois de adulto conseguiu entender as atitudes do pai (Só depois de muito tempo fui entender aquele homem. Eu queria ouvir muito, mas ele me disse pouco). O pai, possivelmente um homem muito ocupado no trabalho de sustentar sua prole, não estava muito presente para responder aos questionamentos do jovem Edgar. Ele reconhece que se houvesse um pouco mais de boa vontade de sua parte (Quando se sabe ouvir, não precisam muitas palavras) provavelmente não cometeria erros de julgamento (Muito tempo eu levei pra entender que nada sei). Aqui ele faz uma citação de Sócrates e seu famoso “Só sei que nada sei”, para mostrar que sua sabedoria está limitada à própria ignorância. Na segunda estrofe Edgar continua a fazer uma autocrítica sobre o julgamento que fazia do pai, assim como faz a maioria dos jovens (Só depois de muito tempo comecei a entender como será meu futuro, como será o seu?) e mostra suas dúvidas e angústias de como irá se comportar quando chegar o momento de assumir o papel de pai (Se meu filho nem nasceu, eu ainda sou o filho. Se hoje eu canto essa canção, o que cantarei depois?). O Refrão (Se sou eu ainda jovem...) reforça a idéia de que, quando jovens, costumamos agir com pouca tolerância (Passando por cima de tudo), mas deixa claro que também iremos travar batalhas (daí o “Dias de luta”) quando chegar nosso momento de assumirmos nosso papel de chefes de família. A terceira estrofe serve de fechamento ao relato, quando Edgar cita que nossa vida sempre será pautada em lutar e, independente de sermos jovens ou adultos, sempre teremos momentos de paz e momentos de conflitos.
Franciely
20/05/2010
Alguém disse algo no qual ele fico refletindo e depois de muito tempo entendeu,por que a pessoa lhe disse poucas palavras. Na verdade ele não sabia ouvir, pois quando se sabe ouvir não precisa de muitas palavras.