Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver
Quem dera pudesse todo homem compreender, ó mãe, quem dera
Ser o verão no apogeu da primavera
E só por ela ser
Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um Deus o curso da história
Por causa da mulher
Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória
Mudando como um deus o curso da história
Por causa da mulher
Letra Composta por: Gilberto Gil
Melodia Composta por:
Álbum: Disco de Ouro
Ano: 1980
Estilo Musical:
Na minha modesta opinião, me passa a impressão de que ele tenta expressar que tem orgulho do seu lado feminino, se referindo a sensibilidade que pode mudar muitos contextos.
ENTENDO QUE ESTA LETRA SOA COMO UMA EXALTAÇÃO À MULHER. VEJAMOS: “vivi a ilusão de que ser homem bastaria/que o mundo masculino tudo me daria…” ELE EXPLICA AÍ, QUE O HOMEM, SOZINHO, NÃO É TÃO CAPAZ COMO SE PENSA.
Sem dúvida é a mulher a grande homenageada desta música. Se quando um super-homem ao nos restituir a glória, tal seja feito por causa da mulher, e se o verão é o apogeu da primavera, pois das flores se farão os frutos, e dos frutos saem as sementes de onde brotam as vidas, nada poderia ser mais representativo da fecundidade e da condição feminina de gerar. Não é uma comparação, é uma constatação, o homem não se basta. Esta música é uma ode à mulher.
Não imagino essa música como uma Ode à mulher da maneira como foi colocada. A mim me parece muito claramente que, exaltando a mulher, ele coloca toda a sensibilidade que um homem pode e deve ter… a porção mulher de um HOMEM
Durante o regime militar, Caetano Veloso foi para os EUA e assistiu o filme Superman. Uma semana depois, Gilberto Gil tambem foi para lá e o Caetano comentou sobre o filme em que o Superman faz a terra voltar no tempo para salvar a Lois Lane. Ai o Gilberto Gil ficou impressionado com a história e fez a canção.
Melhor definição, assisti uma entrevista em que ele contou a mesma história.
ele é gay. não me importo adoro essa musica.
Não há nenhuma conotação com homossexualismo, nem com a Lois Lane, muito menos com porção mulher de homem nenhum. É como postaram muito bem, Osmar Filho e Edilson Veloso, a grande homenageada é a mulher, porque o homem sozinho não se bastaria.
Essa música tem uma filosofia altamente machista.E Gil não se refere ao super-homem de deenho.Ele se refere ao Super-homem de Zaratustra ,um personagem de Nitsche,que fala que o homem só será salvo por um super-hoomem de sí mesmo.E ele não diz:”a mãe ,para homenagear mulher nenhuma.Ele fala “ó mãe” e invoca que venha o super-homem restituir a glória mudando como um deus o rumo da históri,para beneficar a mulher.Gozação dele pois nenhum deus vai mudar a história da humanidade com relação à mulher:Que menstrua,pari,amamenta etc.E a porção mulher é a mulher namorada amante esposa que todo homem precisa ao seu lado.Nada de homossexualismo. E que ele sem nenhum respeito chama de porção como se fosse uma compota que ele come.
Só não é mais burra porque é feminazi em excesso, tipo que se um dia tiver UM FILHO vai matar porque não nasceu mulher, e aí não foi possível caber mais burrice.
Aliás, mulher assim reproduz? Já que precisa de espermatozóide, e ela deve ter nojo disto porque espermatozóide quem fornece é o homem. TOUPEIRA!!! IDIOTA!!!
É espantosa a capacidade de algumas pessoas de serem intolerantes.
Antônio Carlos Fraga, não concordar com a análise da Raimunda é seu direito, mas precisa atacá-la, ofendê-la por isso?
A música não é nada machista, muito pelo contrário, na primeira estrofe o autor por viver num mundo aculturado por homens acha que tudo vai conseguir na vida pelo fato de ser homem, na segunda ele constata que sua sensibilidade,de poder expressar seus sentimentos livremente, sem temor de julgamento, assim como a mulher, o faz viver melhor, sem preconceito, quem dera todo homem pudesse entender isso, quem sabe um dia a humanidade possa mudar esse pensamento e todos vivermos não como homem ou mulher, mas vivermos como seres humanos.
Em minha opinião, Gil faz uma apologia à paz. Ele fala do lado Yin (ver o livro O Tao da Física de Frijtof Capra) sobre o Yang. Ou seja, q o lado fraterno (“lado mulher dos seres humanos) se sobreponha ao competitivo (lado homem dos seres humanos). Exalta, ainda, a ligação entre o lado fraterno com a perspectiva Ser (ver o livro Ter ou Ser de Erick Fromm), e o lado Yang (competitivo) com a perspectiva Ter. Fala que da nova descoberta, ou seja, o lado bom, amigo, fraternal, representado aqui pela palavra mulher, é quem o faz Viver. Para mim esse é o verbo dos verbos. O Ápice. A expressão “ó mãe”, representa a natureza, Deus, a mãe, o pai, ou que, vc acredite. Super homem, seria um novo ser, um ser dotado de Harmonia e Paz (o chamado Zen, o equilíbrio entre o Yin e o Yang). Mudando como um Deus o rumo da história por causa da mulher representa que este novo ser seria um ser quase que divino, exarcerbando o lado mulher, ou seja, o lado Paz. Enfim, interpreto como uma obra de arte, que simplesmente quer dizer: Paz, chega de briga, chega de guerra, sejamos um SER.
Adorei sua resposta, veio tirar minhas dúvidas. Eu adoro essa música. Mas tinha duvida qto a minha interpretação. Gostei de várias que li. Mas, a sua resposta me convenceu melhor. Obrigada.
pra mim ele zomba de Deus pq Ele e o unico que faz as coisas segundo a sua vontade..
ANÁLISE DO AUTOR – GILBERTO GIL
Eu estava de passagem pelo Rio, indo para os Estados Unidos fazer a excursão do lançamento do Nightingale – um disco gravado lá, com produção do Sérgio Mendes -, em março e abril de 79, e gravar o disco Realce, ao final da excursão. Na ocasião eu estava morando na Bahia e não tinha casa no Rio, por isso estava hospedado na casa do Caetano. Como eu tinha que viajar logo cedo, na véspera da viagem eu me recolhi num quarto por volta de uma hora da manhã.
“De repente eu ouvi uma zuada: era Caetano chegando da rua, falando muito, entusiasmado. Tinha assistido o filme Superhomem. Falava na sala com as pessoas, entre elas a Dedé [Dedé Veloso, mulher de Caetano à época]; eu fiquei curioso e me juntei ao grupo. Caetano estava empolgado com aquele momento lindo do filme, em que a namorada do Superhomem morre no acidente de trem e ele volta o movimento de rotação da Terra para poder voltar o tempo para salvar a namorada. Com aquela capacidade extraordinária do Caetano de narrar um filme com todos os detalhes, você vê melhor o filme ouvindo a narrativa dele do que vendo o filme… Então eu vi o filme. Conversa vai, conversa vem, fomos dormir.
“Mas eu não dormi. Estava impregnado da imagem do Superhomem fazendo a Terra voltar por causa da mulher. Com essa idéia fixa na cabeça, levantei, acendi a luz, peguei o violão, o caderno, e comecei. Uma hora depois a canção estava lá, completa. No dia seguinte a mostrei ao Caetano; ele ficou contente: ‘Que linda!’ E eu viajei para os Estados Unidos. Fiz a excursão toda e, só quando cheguei a Los Angeles, um mês e tanto depois, para gravar o disco, foi que eu vi o filme. Durante a gravação, uma amiga americana, Olenka Wallac, que morava em Los Angeles na ocasião, me levou para ver.
“A canção foi feita portanto com base na narrativa do Caetano. Como era Superhomem – O Filme, ficou Superhomem – a Canção; não tinha certeza se ia manter esse título ao publicá-la, mas mantive.”
Das relações entre o poema e a melodia no processo de composição – “Como Retiros Espirituais, Superhomem – a Canção é uma das poucas que eu fiz assim: música e letra ao mesmo tempo. É uma canção a serviço de uma letra, atrás de um sopro da poesia, mas com os versos também se submetendo a uma necessidade de respiração da canção. Há momentos em que a extensão do verso determina o estender-se da frase musical. Em outros, para se dar determinadas pausas e realizar o conceito de simetria e elegância, a extensão da frase poética se adequa à do fraseado melódico.
“Assim, depois de ‘Um dia’, há o corte e, lá adiante, ‘Que nada’, depois ‘Quem dera’ e depois ‘Quem sabe’ já surgem condicionados pelo ‘Um dia’ do início. A frase musical de ‘Um dia’ condicionou a extensão, o corte e a escolha dessas interjeições – ‘Que nada’, ‘Quem dera’ e ‘Quem sabe’. (Mesmo no primeiro caso – ‘Um dia’ -, também se reinvindica ali um sentido de interjeição; embora na construção da frase, do ponto de vista gramatical, possa não ser considerado assim, do ponto de vista do canto, é.)”
Questões de métrica e simetria; e de mnemônica – “A música tem uma cadência descansada, escorrida, e umas quebras interessantes. A melodia muda, a métrica é regular (as notas se alteram, mas os tempos são iguais). Você tem quatro estrofes com versos de 2, 14, 12 e 6 sílabas cada – assimétricas na distribuição interna, mas simétricas nas configurações finais. [A estrofe de abertura é ligeiramente diferente: o terceiro verso também apresenta 14 sílabas poéticas].
“Depois de fazer a primeira estrofe, eu decidi que aquilo seria um módulo que eu iria manter. Isso facilitou para que eu a fizesse rápido; nascida aquela célula, ela se reproduziu em mais três iguais. Dobrei o caderno, deixei o violão e fui dormir. Quando acordei pela manhã, a primeira coisa que fiz foi tocar, cantar e ver que a canção estava fixada. Se eu estivesse com um gravador, eu a teria gravado antes de dormir, para me assegurar (eu faço isso sempre hoje em dia, porque tenho cada vez menos memória). Como eu não estava, é provável que eu tenha usado algum recurso mnemônico, como fixar o número de notas ou sílabas das primeiras frases, ou então as cifras.”
Sobre a “porção mulher” – “Muita gente confundia essa música como apologia ao homossexualismo, e ela é o contrário. O que ela tem, de certa forma, é sem dúvida uma insinuação de androginia, um tema que me interessava muito na ocasião – me interessava revelar esse embricamento entre homem e mulher, o feminino como complementação do masculino e vice-versa, masculino e feminino como duas qualidades essenciais ao ser humano. Eu tinha feito Pai e Mãe antes, já abordara a questão, mais explicitamente da posição de ver o filho como o resultado do pai e da mãe. Em Superhomem – a Canção, a idéia central é de que pai é mãe, ou seja, todo homem é mulher (e toda mulher é homem).”
Parece que o Gil fala do Vedas,específicamente de Prakrti e Purusha,ou seja a dicotomia original dos gêneros,dado seu conhecimento sobre o assunto.
Prakriti e Purusha,a dicotomia original do gêneros…
O GIL É UM FIEL REPRESENTANTE DESSA LINDA MUSICALIDADE NEGRA, DA QUAL, TEMOS O PRIVILÉGIO DE CURTIR!!
ALIADA A SUA VOZ AFINADÍSSIMA, A SUA INTELIGÊNCIA NOTÓRIA LHE PROPORCIONA
UM STATUS ARTÍSTICO ALTÍSSIMO. POR MUITAS VEZES, A SUA ESPECIFICIDADE E PROFUNDIDADE CAUSAM INTERPRETAÇÕES SUPERFICIAIS, AS QUAIS SÃO RESPONDIDAS COM UMA BOA DOSE INVEJA E LEVIANDADE.
na minha cabeça vejo um desabafo de uma moça idignada tentando entender a desigualdade de genero pregada pela sociede
por isso o “nos restituir gloria”
Acho q esta musica é uma belíssima homenagem a todas as mulheres,simples assim.A letra é clara.
Linda música, melodia sem palavras, homenagem a mulhee
Linda música, homenagem a mulher e,de certa forma todo homem tem um pouco e vice versa.
Por ser uma linda homenagem à mulher, a letra da canção aponta o necessário reconhecimento do “feminino” em todo super-homem, assim como o masculino em toda louis lane.
Ao ouvi essa poesia em forma de cançao, pouco me importa se o eu poetico exalta o masculino ou feminino. Como bem explicou o seu criador o homem e a mulher. Somos os dois.
OUVIR