Refazenda

Abacateiro acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração
Abacateiro teu recolhimento é justamente
O significado da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo
Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também
Abacateiro serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro saiba que na refazenda
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba


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31 comentários em “Refazenda”

  1. muito bem feito o jogo de palavras e idéias, como se todos estivéssemos sob a sombra de um imenso abacateiro, nós pessoas simples, tendo que nos submeter ‘as arbitrariedades de um poder ditatório e insano. Gil coloca um tema tão denso de forma delicada e sutil. Coisa de gênio…

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  2. Leila Azeredo do Prado

    Vejo assim:
    Uma maneira toda especial de encarar a vida e a espera,que por vezes nos parece difícil,fatigante,complicada…
    Sugere fazer outras coisas por nós mesmos enquanto a tão almejada “coisa” não vem!
    Às vezes somos imediatistas,queremos algo pra já! comemos verde,temporão,fora da época.
    Fala da paciência de se fazer uma renda de saber esperar um fato acontecer…
    acho que é isso! amooo essa música. bjo a todos!

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  3. CARLOS MOREIRA

    Além do que já foi colocado, no que diz respeito à espera e à paciência, vejo também a questão contextual, pois foi criada na época da ditadura em que alguns trocadilhos eram necessários serem colocodos para que a censura não percebesse. Assim: Abacateiro acataremos teu ato, a meu ver, por ser verde o abacate representaria uma espera pelos atos e acontecimentos promovidos pelos militares, mas na esperança de que com o tempo eles iriam ser desfeitos.

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  4. Essa música se refere a época da ditadura, da repressão, do exílio e da relação com o Chico Buarque, que era o mais ponderado deles e todos aguardavam “as ordens” do Chico para agor da forma mais prudente possível

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  5. Gilberto Gil já falou que não fez referencia a nada…só queria brincar com as palavras…
    e na música eu sempre gostei mesmo foi só disso! Nunca tentei ir muito além porque achava nonsense demais… E Gilberto já falou que era isso mesmo que ele queria, provocar um jogo de palavras. A única coisa que ele explicou era sobre o termo Gariroba que era o nome de uma fazenda, há qual ele e seus amigos queriam começar uma nova vida com seus amigos e familiares, “refazenda”… onde todos pudessem recomeçar por lá… mas a idéia não deu certo!!! Claro, idéias de drogados 😉

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  6. Jean Salvatore

    Abacate: a origem do nome, Ahuacati, faz referência ao testículo, por sua aparência. Fruta originária da Ilha da Madeira. Dentre as variedades mais conhecidas estão as de cor verde (por fora) e amarela (por dentro) e, roxa (por fora) e amarronzada (por dentro). Rica em gorduras, açúcares, vitaminas e proteínas. Cultivada na Bahia a partir do século XIX. Em temperaturas quentes, o abacateiro frutifica e floresce até 20 metros.
    Tudo tem sentido, tudo tem porque.

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  7. a meu ver, quando gil menciona, abacateiro, acataremos teu ato, ele se refere ao Ato inconstitucional nº5, a censura e o abacateiro a que se refere não é o fruto em si, mas o próprio militarismo, pois qual a cor da farda dos militares que estão no poder senão verde? e abacate não fala, não determina ato algum.

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  8. carlos Jose -Caxias-Ma

    Gil se refere ao momento antropofágico que a tropicália se propos, assim, como na semana de arte moderna. Refazenda, ou seja, reconstrução de tudo na MPB da época.

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  9. eu sou um grande fan do Gil, e como visto no comentario da aline, o proprio gil disse q soh queria fazer um jogo com as palavras.

    todos que conhecem bm a obra dele sabem q ele eh o cara mais percursivo q o Brasil tm (qm conhece bat macumba sab d q estou falando), sendo assim palavras com alguma semelhança, como: abacateiro, ato, pato, mato, sao um prato cheio pra ele alimentar toda essa percursividade q pulsa em suas obras

    como disse BEHH ”coisa d genio”

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  10. Gilberto Gil foi o financiador de uma fazenda chamada Guariroba, no Estado do Goiás, em 1973. A fazenda era um projeto inovador inspirado por dois professores lusobrasileiros e apoiada por dois outros amigos do Gil (aliás, esses amigos, são meus amigos etenho os documentos que provam a feitura da canção, pois fez parte da minha tese de doutoramento). Um deles foi Agostinho da Silva por quem o Gil e o Caetano tinham admiração.A fazenda foi vendida depois em 1977. Da Guariroba, ficou a canção Refazenda.

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  11. O abacate, se plantado de semente demora anos até produzir. Já o tomate e o mamão são bem mais rápidos. Assim, o abacate são os nossos grandes sonhos, grandes realizações. Enquanto elas não se concretizam, realizamos nossos pequenos sonhos e realizações menores. É isso…

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  12. ola! gil eu encontrei uma foto e sua historia de vida de onde vc nasceu. na foto tem vc sua mae e seu pai. bjs

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  13. Não sei pode ter diversas interpretações pois é uma obra prima. Mas repare que não fala abacate e sim abacateiro, ele se reporta aquela de quem pendem abacates, na minha opinião referência a seios, aguardaremos seu amadurecimento natural seu desabrochar da sexualidade nós também somos do mato ou seja já passamos por isso enquanto o tempo não trouxer seu abacate amanheceremos e dormiremos com outros formatos de seios tomate e mamão, sabes ao que estou me referindo pois até chegar a lua de mel sempre há algum azedume mas serás minha companhia nos momentos de leveza me ensina tua arte que te ensino enquanto isso a namorar

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  14. Ao contrário do que muitos disseram discordo que essa música tenha a ver com a ditadura.
    Na minha opinião essa música é uma ode ao tempo.
    Muitos disseram que ele teve um sítio chamado Guariroba. Essa música provavelmente foi inspirada na observação do processo natural de maturação que um abacateiro tem para gerar frutos.
    “Abacateiro acataremos teu ato/Nós também somos do mato como o pato e o leão/Aguardaremos brincaremos no regato/Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração”. Ele/Eles (moradores do sítio) mostram deferência para se aproximar do abacateiro, agora estão fixados no mato, como o pato e o leão. Enquanto esperam os frutos vão desfrutar prazeres (regalo). A idéia como alguns disseram aqui é que existia toda uma disposição para permanecer nesse projeto prolongado de vida alternativa.”Enquanto o tempo não trouxer teu abacate/ Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão”. Em muitas manhãs nascerão tomates e em muitas noites mamões, mas o impassível abacateiro permanecerá pois seu fruto prosperará maduro, como a ideia que eles tinham para refazerem suas vidas (refazenda) sem sobressaltos.”Abacateiro saiba que na refazenda
    Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar”. O Abacateiro está ensinando ao Gil a arte da paciência que transforma e o poeta com as palavras dessa música mostra sua capacidade de traduzir sua admiração, e aí a troca é proposta.
    A canção trabalha com o emprego da vitalidade equilibrada, benéfica e, portanto, admirável pela sua simplicidade.

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  15. Sérgio Soeiro

    Alê, perfeita sua análise. Parabéns!
    Realmente, chega a ser cansativo esse negócio de achar que todas as músicas de MPB das décadas de 60 e 70 têm essa obrigatoriedade de serem anti-ditadura. Que bobagem! Antes de serem panfletários, os caras são poetas, gente.
    Essa música o Gil compôz num período ao qual estava muito ligado à maconha, daí toda essa aura comtemplativa da natureza, que você muito bem descreveu. Mais uma vez, parabéns.

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  16. O Gil explicou a composiçao refazenda no livro dele Todas as Letras,nesse caso o nonsense é proposital,pura brincadeira com as palavras,a versao original era mais absurda ainda.

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  17. edson almeida

    Gênio, gênio, sou contra este têrmo para meros seres humanos. Este têrmo só caberia a alguem que entendesse de música, ciências, história geografia psicologia, teologia enfim de tudo. Quem entende específicamente de uma só coisa não é genio. Se for assim eu tambem sou um gênio exemplo, vejam esta letra (fica para o domínio púbico) que estou fazendo agora de sopetão:

    Não são gênios nada
    Nem Einstein nem Gil
    Vá a rima e a ciência
    A p. q. p.
    Um preso as ideias
    Outro a censura
    meros sonhadores
    permeiam a loucura
    Como disse o Milton
    tudo inutilmente
    Tambem Galilei:
    “A matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o universo”

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  18. Bem, a musica inteira é uma proposta ao tal abacateiro, podemos coloca lo em diversas mascaras e situaçoes mas pra mim a que melhor se encaixa levando em consideraçao toda a poesia é, que o abacateiro seja uma pessoa ou algo que o autor queira conquistar, a razao disso vem de toda a musica o autor querer estar ao lado do abacateiro e esperando seu fruto, que logo no começo ele revela ser amor e o coração. Logo no inicio tambem é insinuado que esse amor ja foi quisto e recusado (talvez querendo retirar o fruto antes da hora, como alguem que logo se apaixona e nao é correspondido igualmente, o fruto vira amargo), tanto pelo titulo Refazenda, da parte “refazendo tudo” ta na cara que é uma nova aproximaçao. Mas ainda não é uma simples historia de amor rejeitado, ele só foi precipitado ao querer colher o fruto cedo demais, deixando escapar a sua maturidade de saber escolher o fruto e machucando o abacateiro e logo no primeiro verso ja explica a sua familiaridade com aquilo, corrigindo o erro de antes.

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  19. valdenir de lima oliveira

    Segredos Naturais

    Que segredo esconde
    A mãe-natureza?
    Com tanta beleza
    E tanta riqueza

    Que segredo revela
    O sol na janela?
    Essa coisa singela
    E tão bela

    Que verdade há
    Por trás desse ar?
    Que embrenha na alma
    E te faz respirar

    E o que diz da chuva
    Que veio pra molhar?
    Essa terra fértil
    O que faz pra plantar?

    E do barulho do mar
    O que tem pra contar?
    Que mistério tem o vento,
    Que inventou o ventar?
    E o tempo quem inventou passar?

    De onde vem toda essa magia?
    Quem explica toda essa alegria
    Contida com essa harmonia
    Nas flores desse jardim?
    Fazendo todo universo
    Alegre,fiel e sem fim.

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  20. Guilherme Scartezini

    Cresci na Fazenda Guariroba. A fazenda pertence a família Scartezini desde o início dos anos 60. Patrimônio histórico reconhecido pelo Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos: CNSA DF00004
    Situada na DF 180 a fazenda é do final dos século XVIII, início do século XIX. Desde criança ouço a história da comunidade alternativa que me amigo Pontual e Gilberto Gil sonharam em construir um dia.
    Mas isso não foi nos anos 70, foi nos anos 60. A fazenda foi uma importante referência da zona rural de Luziânia e Corumbá de Goiás, onde a festa de Reis e o São João reunia os violeiros e catireiros mais famosos da região.
    A partir de 2018 a Fazenda Guariroba vai realizar trilhas e oficinas de educação ambiental e patrimonial com moradores e alunos do DF e entorno e também, com os turistas interessados em conhecer uma história bem anterior a construção de Brasília.

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  21. DANIEL GOMES BRAGA MONTE

    Interpretando a música.
    O abacateiro seria o próprio povo brasileiro no momento da ditadura militar. De uma forma ou de outra o povo é sempre o único responsável pela sua história. Assim, é preciso acatar as escolhas coletivas.
    Mas há esperança de frutos de amor.
    O recolhimento em face de um regime opressor não é apropriado (temporão – flor que nasce fora do tempo)
    A história entregava dias sombrios, dando frutos impróprios, tomate, mamão.
    Mas, apesar do azedo momento, há esperança de frutos mais doces (de amor?) – doce manga.
    Enfim, nós, o povo, parceiros solitários pela história, a qual segue seu curso com uma leveza indiferente aos dramas humanos.
    É preciso sempre reaprender, refazer, trocar experiências, eu te ensino e você me ensina.
    Tudo.
    Sempre.
    Refazendo.

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