Skip to main content

João e Maria

Quem sabe o canto da gente
Seguindo na frente
Prepare o dia da alegria.
A gente sorria
E tudo era só alegria
Na mesma esperança
Ficava de novo criança.
Na grande avenida
A vida perdida
O encontro marcado
No claro da lu – a
Tudo ficou tão contente
Porque minha gente
De novo era povo na rua.
E o grande cordão
Cantava o refrão que crescia
Da simples canção
Que era de João e Maria
E o povo na rua
Pensou que era sua 
De tanto que andava
Atrás de qualquer alegri -a.
E na cantiga de João
Que era só ilusão
Jogou a esperança que havia.
A vida perdida
É como a mulher mais querida
Levando João
E o povo na mesma avenida
E um dia de festa
Só mesmo podia
Fazer da tristeza
A maior fantasi – a.
Quem sabe o canto da gente
Seguindo na frente
Prepare o dia da alegria.

Canção nordestina

Que sol quente que tristeza
que foi feito da beleza
tão bonita de se olhar
que é de Deus da Natureza
se esqueceram com certeza
da gente deste lugar
Olhe o padre com a vela na mão
tá chamando pra rezar
menino de pé no chão
já não sabe nem chorar
reza uma reza comprida
pra ver se o céu saberá.
Mas a chuva não vem não
e esta dor no coração
Aí quando é que vai se acabar,
quando é que vai se acabar?

Pequeno concerto que virou canção

Não 
Não há por que mentir ou esconder
A dor que foi maior do que é capaz meu coração
Não
Nem há por que seguir
Cantando só para explicar
Não vai nunca entender de amor
Quem nunca soube amar.
Ah…
Eu vou voltar pra mim
Seguir sozinho assim
Até me consumir
Ou consumir
Toda essa dor
Até sentir de novo 
O coração 
Capaz de amor.

Canto do mar

Olá quem vai pro mar
Olá quem vai pro mar
Cantando como eu
Foi que viveu

Olá quem sabe amar
Olá quem sabe amar
Chorando como eu
Foi que aprendeu

Olá quem vai pro céu
Olá quem vai pro céu
Não sofre como eu
Foi, mas morreu

Olá quem quer ficar
Olá quem quer ficar
Na vida como eu
Foi que viveu

Canta Maria

É só saber querer pra poder chegar
É só saber querer pra poder chegar

Canta Maria que já é dia de cantar
Deixa o que é pranto só pra quem só sabe chorar
Olha, Maria, teu filho cresceu, vai se salvar
Canta, Maria que a vida, Maria, vai mudar
Nunca se perde por esperar
Você que tanto sofreu mas viveu pra valer 
Pode agora saber onde vai chegar

É só saber querer pra poder chegar
É só saber querer pra poder chegar

Ladainha

Valha-me, Nossa Senhora,
Mãe de Deus Nosso Senhor.
já fui homem, fui menino,
mas é sempre a mesma dor.
Fui sozinho, até agora,
Nenhum bem, nenhum valor.
Perdoe, Nossa Senhora,
Não vivo mais nessa dor
Já juntei a minha gente,
gente boa pra plantar.
Gente de paz, mas valente,
Se tem luta, vai lutar.
Tenho fé em Jesus Cristo,
Deus de lá e Deus de cá,
Do dono da terra toda
E de quem vive pra plantar.
Perdoe, Nossa Senhora,
Pela terra vou brigar.
Não quero Jesus na guerra,
Depois volto prá rezar.
Essa briga é só da gente,
A gente é que vai ganhar.
Já fui homem, fui menino,
E hoje o que tiver de ser.

Dia de festa

Hoje é dia de festa
Todos vão se encontrar
Toda a dor, todo o pranto
Hoje vai se acabar

Vai sentir a beleza
Jogue as flores no mar
Deixa toda a tristeza
No seio de Iemanjá

Vai que Nossa Senhora
Pode nos proteger
Vai e não te demora
Que já vai manhecer

Vai e volta contente
Todos vão te esperar
Tras amor pra essa gente
Cá na beira do mar.

Hora de lutar

Capoeira vai lutar 
já cantou e já dançou 
não pode mais esperar… 
Não há mais o que falar 
cada um dá o que tem 
capoeira vai lutar… 
Vem de longe, não tem pressa 
mas tem hora p’ra chegar 
já deixou de lado sonhos 
dança, canto e berimbau 
abram alas, batam palmas 
poeira vai levantar 
quem sabe da vida espera 
dia certo p’ra chegar 
capoeira não tem pressa 
mas na hora vai lutar 
por você… Por você…

Despedida de Maria

Vai, companheiro, vai
Inda que não voltes mais
Leva todo amor da gente
Pra que eu nunca fique atrás

Vai, companheiro, vai
Que eu fico a me esperançar
Com todas as esperanças
Que me dá teu caminhar

Vai…
Maria que foi só tua
Que só fez por te ajudar
Não vai te faltar agora
Na hora que é de salvar

Pai e filho, toda a terra
Do sertão até o mar
Maria, tua mulher
Que viveu pra te adorar
Não vai te prender agora 
Na hora que de lutar

Por teu sonhos com Maria
Maria que é só de amar
E que agora quem diria
Não vai, não vai nem chorar

Rosa Flor

Rosa
Flor nascida na tristeza
Faz da sua dor beleza
E traz
Pra quem quiser fugir de todo o mal
E vir brincar de ser feliz
Ouvindo a voz que vem
Falar do amor da flor
Mulher
Da dor do amor de quem
Nem mesmo amor pôde encontrar
Foi num carnaval
Que alguém chegou
Falando em ser feliz
E rosa
Chorando
Depois que ele partiu vive a esperar
Pelo carnaval pra sonhar
Foi num carnaval
Que alguém chegou
Falando em ser feliz
E rosa
Chorando
Depois que ele partiu vive a esperar
Pelo carnaval pra sonhar
Pra sonhar
Pra sonhar

Ninguém pode mais sofrer

Quem vai me escutar?
Quem vai me entender?
Ninguém pode mais sofrer
Quem vai me escutar?
Quem vai me entender?
Ninguém pode mais sofrer
Amor é pra dar
Viver pra viver
Ninguém pode mais sofrer
Há numa canção
Muito de ilusão
Mas nessa tristeza
Meu samba é certeza
De que um dia
O mundo a cantar
Também vai dizer
Ninguém pode mais sofrer

Che Guevara

Che

Che

Perdoa minha canção
Se canta só minha boca
Se tem forma de oração
Se a minha voz fica rouca
Qual arma sem munição
Se ela é franca mais é pouca
Enquanto fica a canção

Sobe monte desce rio
Sobe monte desce rio
Sobe monte desce rio
Vida e barbas por fazer
Sobe monte desce rio
Sobe monte desce rio
E um dia derrepente foi morto num amanheçer

Na frente de todo mundo
Pra todo mundo aprender
Quem afrouxa na saída
Ou se entrega na chegada
Não perde nenhuma guerra
Más também não ganha nada

Sobe monte desce rio
Sobe monte desce rio
Sobe monte desce rio
Vida e barbas por fazer
Sobe monte desce rio
Sobe monte desce rio
E um dia derrepente fez da morte mais viver

Quem temia teu caminho
Não podia te prender
E mesmo por traíção
Pensando que te matava
No meu corpo americano
Fincou mais teu coração

Che

Perdoa minha canção
Se canta só minha boca
Se tem forma de oração
Se ela é franca mais é pouca
Enquanto fica a canção
Se ela é franca mais é pouca
Enquanto fica a canção

Che

Fica mal com Deus

Fica mal com Deus
Quem não sabe dar
Fica mal comigo
Quem não sabe amar (2X)

Pelo meu caminho vou
Vou como quem vai chegar
Quem quiser comigo ir
Tem que vir do amor
Tem que ter pra dar

Fica mal com Deus
Quem não sabe dar
Fica mal comigo
Quem não sabe amar (2X)

Vida que não tem valor
Homem que não sabe dar
Deus que se descuide dele
O jeito a gente ajeita
Dele se acabar

Fica mal com Deus
Quem não sabe dar
Fica mal comigo
Quem não sabe amar (2X)

Na terra como no céu

Não viemos por teu pranto
Nem viemos pra chorar
Viemos ao teu encontro
E estamos no teu altar
Por seguir nosso caminho
Que é também teu caminhar
Na força do teu carinho
Esperamos nos salvar
Na terra como no céu
No sertão como no mar
Nas serras ou na planura
Esperamos nos salvar
Estando sempre a altura
Dos teus caminhos de dar
Reparte entre nós senhor
Diante do teu altar
A justiça e a riqueza
Que fizemos por ganhar
Não deixa a gente passar
Pela fome em tua mesa
Não viemos por teu pranto
Nem viemos pra chorar

Porta estandarte

Olha que a vida tão linda se perde em tristezas assim
Desce o teu rancho cantando essa tua esperança sem fim
Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção
Pra que teu povo cantando teu canto ele não seja em vão

Eu vou levando a minha vida enfim
Cantando e canto sim
E não cantava se não fosse assim
Levando pra quem me ouvir
Certezas e esperanças pra trocar
Por dores e tristezas que bem sei
Um dia ainda vão findar
Um dia que vem vindo
E que eu vivo pra cantar
Na Avenida girando, estandarte na mão pra anunciar

Pequeno concerto que virou canção

Não
Não há por que mentir ou esconder
A dor que foi maior do que é capaz meu coração
Não
Nem há por que seguir
Cantando só para explicar
Não vai nunca entender de amor
Quem nunca soube amar.
Ah…
Eu vou voltar pra mim
Seguir sozinho assim
Até me consumir
Ou consumir
Toda essa dor
Até sentir de novo
O coração
Capaz de amor.

Fabiana

Desde os tempos distantes de criança
Numa força sem par do pensamento,
Tem sentido infinito e resultante
Do que sempre será meu sentimento;
Todo teu, todo amor e encantamento,
Vertente, resplendor e firmamento.
Vive em tuas asas, todo o meu viver;
Meu sonhar marinho, todo amanhecer.
Como a flor do melhor entendimento,
A certeza que nunca me faltou,
Na firmeza do teu querer bastante,
Seja perto ou distante é meu sustento;
De lamentos nao vive o que é querente
Do teu ser, no passado e no presente.
Vive em tuas asas, todo meu viver;
Meu sonhar marinho, todo amanhecer
Do futuro direi que sabem gentes,
De todos os rincões e continentes,
Que só tu sabes do meu querer silente,
Porque só tu soubeste, enquanto infante,
Das luzes do luzir mais reluzente,
Pertencer ao meu ser mais permanente.
Vive em tuas asas, todo o meu viver;
Meu Sonhar marinho, todo amanhecer.

Terra plana

Meu Senhor, minha Senhora…

(Falado)
Me pediram pra deixar de lado toda a tristeza, pra só trazer alegrias e não falar de pobreza. E mais, prometeram que se eu cantasse feliz, agradava com certeza. Eu que não posso enganar, misturo tudo o que vivo. Canto sem competidor, partindo da natureza do lugar onde nasci. Faço versos com clareza, à rima, belo e tristeza. Não separo dor de amor. Deixo claro que a firmeza do meu canto vem da certeza que tenho, de que o poder que cresce sobre a pobreza e faz dos fracos riqueza, foi que me fez cantador.

Meu Senhor, minha Senhora…

Vou indo esse mundo afora
Num canto que é tão valente
Que mesmo se está contente
Fala sempre e a toda hora
quase num tom de quem chora

Eu sou de uma terra plana
De um céu fundo e um mar bem largo
Preciso de um canto longo
Pra explicar tudo que digo
Pra nunca faltar comigo
E lhe dar tudo o que trago

Aos pés de muitas igrejas
Lá você vai encontrar
Esperança e caridade
Querendo se organizar
Os cegos pedindo esmola
E a Terra inteira a rezar

Se um dia eu lhe enfrentar
Não se assuste capitão
Só atiro pra matar
E nunca maltrato não
Na frente da minha mira
Não há dor nem solidão
E não passo por um castigo
Que a Deus cabe castigar
E se não castiga ele
Não quero eu o seu lugar
Apenas atiro certo
Na vida que é dirigida
Pra minha vida tirar

Disparada

Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar, eu vivo pra consertar

Na boiada já fui boi, mas um dia me montei
Não por um motivo meu, ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse, porém por necessidade
Do dono de uma boiada cujo vaqueiro morreu

Boiadeiro muito tempo, laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente, pela vida segurei
Seguia como num sonho, e boiadeiro era um rei
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando
As visões se clareando, até que um dia acordei

Então não pude seguir valente em lugar tenente
E dono de gado e gente, porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente
Se você não concordar, não posso me desculpar
Não canto pra enganar, vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém, que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse, por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu querer ir mais longe do que eu

Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
Já que um dia montei agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte num reino que não tem rei

Vem vem

morena saia da frente
que agora eu já vou passar

vem vem maria
vem vem joão
vem virgulino meu capitão

eu canto canto
eu brigo a briga
porque sou forte e tenho razão

saia da minha frente
que agora eu quero passar

vai companheiro
vai meu irmão
no paraíso canta a canção
que diz da vida
que diz da morte
que anda solta no meu sertão

vem vem maria
vem vem joão
vem virgulino meu capitão

eu tomo a vida que esta na morte
se a morte as vezes é solução

Ventania (De como um homem perdeu seu cavalo e continuou andando)

Meu senhor, minha senhora
Vou falar com precisão
Não me negue nessa hora
Seu calor, sua atenção
A canção que eu trago agora
Fala de toda a nação

Andei pelo mundo afora
Querendo tanto encontrar
Um lugar pra ser contente
Onde eu pudesse mudar
Mas a vida não mudava
Mudando só de lugar

Que a morte que eu vi no campo
Encontrei também no mar
Boiadeiro, jangadeiro iguais
No mesmo esperar
Que um dia se mude a vida
Em tudo e em todo lugar

Pra alegrar eu tenho a viola
Pra cantar, minha intenção
Pra esperar tenho a certeza
Que guardo no coração
Pra chegar tem tanta estrada
Pra correr meu caminhão

Já soltei o meu cavalo
Já deixei a plantação
Eu já fui até soldado
Hoje muito mais amado
Sou chofer de caminhão

Já soltei o meu cavalo
Já deixei a plantação
Eu já fui até soldado
Hoje muito mais amado
Sou chofer de caminhão

Já gastei muita esperança
Já segui muita ilusão
Já chorei como criança
Atrás de uma procissão

Mas já fiz correr valente
Quando tive precisão
Amor pra moça bonita
Repeito pra contra mão
Saudade vira poeira
Na estrada e no coração

Riso franco, peito aberto
Sou chofer de caminhão
Se você não vive certo
Se não ouve o coração
Não se chegue muito perto
Não perdoo traição

Riso franco, peito aberto
Vou cantar minha canção
De setembro a fevereiro
O que vir não vou negar
Rodando país inteiro
Norte, sul, sertão e mar
Aprendi ser tão ligeiro
Que ninguém vai segurar

Fui vaqueiro e jangadeiro
No campo e no litoral
Cantador serei primeiro
Cantando não por dinheiro
Por justo anseio geral
Cantador serei primeiro
Cantando não por dinheiro
Por justo anseio geral
Cantando por justo anseio geral

Você que não vem

Onde vai você
Que não vem
Onde vai você
Que não vem.
Você que chegou chorando
Comigo viveu sonhando
E depois partiu
Deixando aqui o seu bem
Fazendo da tristeza
O bem maior que a vida tem.
Vou procurar felicidade
Deixar toda a tristeza
Viver só de saudade
Das coisas que esse amor
Somente promete
Ficou nas promessas
Tanto tempo se perdeu
Ah! Se perdeu

Vou caminhando

Vou caminhando
Sorrindo, cantando
Meu canto e meu riso
Não são pra enganar

Quem vem comigo
Bem sabe o que digo
Que há muito motivo
Pra gente chorar

Mas se lastimar
De nada vai valer
Já vi mãe chorar
Criança não crescer

Um menino que morreu
Um pai que em vão padeceu
Pela vida vou lembrando
Que lembrando espero eu

E vou caminhando
Sorrindo, cantando
Até que um dia.

Rancho da rosa encarnada

Vejam quantas coisas novas vamos contar
Nas cantigas mais antigas
Que o mei Rancho da Rosa
Encarnada escolheu pra cantar
Pelas calçadas enfeitadas se vê
Tanta gente pra nos receber
Somos cantores
Cantamos as flores
Cantamos amores
Trazemos também
A notícia da grande alegria que vem
Pra durar mais que um dia
E ficar como antigas cantigas
Que não morrem
Que não passam jamais
Como passam sempre os carnavais.

Quem quiser encontrar o amor

Quem quiser encontrar o amor
Vai ter que sofrer
Vai ter que chorar
Amor assim não é amor,
É sonho, é ilusão
Pedindo tantas coisas
Que não são do coração.
Quem quiser encontrar o amor
Vai ter que sofrer
E ter que chorar.
Amor que pede amor
Somente amor
Há de chegar
Pra gente que acredita
E não se cansa de esperar
Feliz então sorrindo
Minha gente vai cantar
Tristeza vai ter fim
Felicidade vai ficar.
Quem quiser encontrar o amor
Vai ter que esperar
Vai ter que esperar.

Quem é homem não chora

Quem é homem não chora
Meu amor foi embora
E hoje eu choro só de lembrar

Meu amor foi embora
Quem é homem não chora
Mas eu vou viver a chorar

Quem nunca amou nunca sofreu
Não chorou mais não viveu
Vai falar só por falar

Quem sebe bem do seu valor
Não vai deixar de amar pra não chorar
Coisa tão triste é ver um bem se acabar
Muito mais triste porém é nunca amar

Réquiem para matraga

Vim aqui só pra dizer
Ninguém há de me calar
Se alguém tem que morrer
Que seja pra melhorar

Tanta vida pra viver
Tanta vida a se acabar
Com tanto pra se fazer
Com tanto pra se salvar
Você que não me entendeu
Não perde por esperar

Canção do breve amor

Breve
Foi a felicidade que trouxe o breve amor
Breve
Como a mais breve estrela que no céu passou
Breve o instante comovente da paixão
Instante que redime
E faz sofrer e faz chorar o coração
Breve
Como a perdida flor
Que longe floresceu
E o homem não colheu pra o seu amor
Breve foi a felicidade
Como longa essa saudade
Como triste o nosso amor

Bandeira branca

Certeza no coração
Bandeira branca no ar

(tou sonhando mané na viola
E agora)

Pode então ô sonhar

(no meio da minha cara dela
Na frente no vou espantar
O fazem então a careta
E dizem então
Maria
Fernanda que tão fernandar
Mais nunca mais quis fernandar
Pode ter
A menina
Passar
Quem disse agora sorrindo
Passar)

Certeza no coração
Bandeira branca no ar
Alerias e tristezas
Deixo correr misturar
Quem sou eu morena linda
Quem sou pra separar
O que se juntou na vida
Que faz rir que faz chorar

(quem sou eu pra separar) bis

Quem sou eu morena linda
Quem sou pra separar

Certeza no coração

Não tem erro nesta história
Nem vai na cantiga errar
Quem conhece a história antiga
E ainda sabe recontar
Se for preciso morena
Na frente ainda vai inventar

E de trás pra frente bis

“sali dessas quiza” volta
No fim vou principiar
Já disse um cantor mais forte
Da terra pra me ensinar

Tanto faz dá na cabeça
Como na cabeça dá bis

(o templo do cego aderaldo
Sofrendo a viola rendar)

(mané da viola também
Quem de agora quer violar)

Quem sou eu morena linda
Quem sou pra separar

(quem sou eu morena linda
Quem sou pra separar)

O que se juntou na vida
Que faz rir que faz chorar

Tanto faz dá na cabeça
Como na cabeça dá

Não tem erro nesta história
Nem memória vai faltar
O juízo e a justória
A meu povo e quem vai marcar

(a meu povo e quem vai marcar)

Não se passa limpo a sorte
Nem na vida e nem na morte
Não queira morena linda
Que eu queira agora passar
Só bota a mão na rudilha
Quem pode o pote pegar
Quero ver
E quero a rainha
Do reino quero reinar

(quero ver
E quero a rainha
Do reino quero reinar)

(morena entrou nessa roda
E agora vai violar)

(deixa mané a menina
Na roda do samba passar)

Dentro dessa roda
Mané da viola vai violar

A dor já se compreendeu
Meu grito já sei guardar
E mais ainda morena
De longe meu canto dá
Um doce morena linda
Pra ainda hoje encantar
Voce que está tão distante
Mais que vai tanto esperar

(bem doce morena linda)

A paca bem no coqueiro
Já não se mexe dá

(empaca morena na roda
Empaca que eu quero passar)

Quem vive contando estórias
Poucos diz a precisão
Tem muitas horas de glória
Que podem ser perdição
Mas eu que contando o relato
Por dever de profissão
Quando chegam essas horas

Dos fatos faça memória bis

(dos fatos faça memória) bis

Cansei de imaginação bis

E da perdição ou glória

Arranco uma nova história
Morena
Cada vez com mais razão bis

Não paro começo de novo
Na roda do meu cantar
Quem quiser pode sair
Quem quiser pode ficar
A roda do samba de novo
Agora de novo a rodar
E tudo começa outra vez
Com mané na viola a violar

(vagabundo coqueiro
Mané na viola a violar) bis

Certeza no coração
Bandeira branca no ar bis

Alegrias e tristezas
Deixo correr misturar

Quem sou eu morena linda
Alerias e tristezas
Deixo correr misturar
Quem sou eu morena linda
Quem sou pra separar
O que se juntou na vida
Que faz rir que faz chorar
Quem sou eu morena linda
Quem sou pra separar

(tanto faz dá na cabeça
Como na cabeça dá) bis

(quem é que faz) bis

(tanto faz dá na cabeça
Como na cabeça dá) bis

Não tem erros nesta hitória
Nem vai na cantiga errar
Quem conheçe a história antiga
E ainda sabe recontar
Não erra morena linda
Pode muito mais se criar
Na invenção seja bela
Também pode misturar
Também pode se perder
Quem depois sabe encontrar
Não tem erro na cantiga
Já disse vou voltar

Tanto faz dá na cabeça
Como na cabeça dá bis

Mas dez mil vezes
Quem disse que eu vou negar
Se meu pai mandou dizer
Como é que eu vou negar
E voce morena linda
De longe a me esperar

Aruanda

Vai, vai, vai pra aruanda
Vem, vem, vem de Luanda
Deixa tudo o que é triste
Vai, vai, vai pra aruanda

Lá não tem mais tristeza
Vai que tudo é beleza
Ouve esta voz que te chama
Vai, vai, vai

Aroeira

Vim de longe, vou mais longe
Quem tem fé vai me esperar
Escrevendo numa conta
Pra junto a gente cobrar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar

Noite e dia vêm de longe
Branco e preto a trabalhar
E o dono senhor de tudo
Sentado, mandando dar
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar
E a gente fazendo conta
Pro dia que vai chegar

Marinheiro, marinheiro
Quero ver você no mar
Eu também sou marinheiro
Eu também sei governar
Madeira de dar em doido
Vai descer até quebrar
É a volta do cipó de aroeira
No lombo de quem mandou dar
É a volta do cipó de aroeira
No lombo de quem mandou dar

A maré encheu

A maré encheu
A maré vazou
Os cabelos da Morena
O riacho carregou

Era tão bonito a gente amando
Hoje vou sozinho vou lembrando
Ela que partiu, partiu chorando
Eu não sei chorar, vivo cantando

A maré encheu
A maré vazou
Os cabelos da Morena
O riacho carregou

Vida sem amor não vele nada
Samba só se faz com batucada
Triste só tem vez de madrugada
Ou mais, meu amor com minha amada

A maré encheu
A maré vazou
Os cabelos da Morena
O riacho carregou

A canção primeira

A canção primeira
como a derradeira
não vá, te negar

A canção primeira
sem eira e nem beira
é só te lembrar

Na viola amiga,
que é chegada antiga
pra te acompanhar

Da canção primeira
livre e livradeira
que eu quero te dar

Compreende amiga
que eu não marque ainda
quando te encontrar

Que eu faça cumprida,
tanto quanto a vida
que foi só cantar

Dessa história antiga,
às vezes cantiga
pra eu poder contar

De ti companheira,
tu de corpo inteira
como eu pude amar

E perdoa amiga,
que eu não vá correndo
hoje te abraçar

Nem cortar caminho,
nessa caminhada
que é pra te encontrar

Que eu guarde a esperança,
que vem vindo o dia
de poder voltar

Sem ter na chegada,
que morrer amada,
ou de amor matar.

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores (caminhando)

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Antigas lições
De morrer pela pátria
E viver sem razão

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer