Vivemos na correria;
Estamos sempre apressados.
Prá lá e prá cá todo o dia;
Todo mundo estressado.
Às vezes até encontramos;
Um conhecido do bairro.
Dizemos um, “Oi, tudo bem”?
Tchau, estou atrazado!
Andamos pela cidade;
No meio da multidão.
Sempre muito calados;
Cheios de solidão.
O nosso tempo é contado;
Não dá prá ficar parado.;
Há tanta coisa a fazer;
Corremos prá todo lado.
Mas, Deus as vezes intervem;
E nos dá uma colher de chá;
Manda uma chuva ligeira;
E nos obriga a parar.
E mesmo contrariados;
Buscamos injuriados;
Onde nos abrigar.
Até a chuva passar.
E quando corremos zangados;
Debaixo de uma marquize.
Olhamos prá quem está ao lado;
E como estamos parados;
Sem nada para fazer;
Começamos a dizer:
Que tempo mais esquisito!
Isso é hora de chover?
O tempo mudou de repente;
Saí de casa com sol!
E vem essa chuvarada;
Que só empata a gente!
Meu carro está longe daqui;
Eu não quero me molhar.
Meu patrão que me desculpe;
Só saio se a chuva parar.
E a moça bonita ao lado;
Fala agoniada:
-O ponto do ônibus é longe;
E essa chuva danada!
Tenho consulta marcada;
Taxi nem aparece;
E já estou atrasada;
Que dia! Ninguém merece!
E outro comenta também;
O clima mudou, com certeza.
É tudo culpa do homem;
Que destrói a natureza.
Esse pé d’agua vai longe;
Olha só a correnteza!
Me empresta o telefone;
Vou avisar a Teresa.
E continuam a conversa;
Falam dos compromissos;
Mas, já que perderam a hora;
Contam aonde moram;
Onde é seus “serviços”;
Dos filhos que moram “fora”;
Do surto de gripe da hora;
Da inflação que assola.
Falam da insegurança;
Que assola o nosso país;
Da pobreza que só cresce;
Do dólar que sobe e desce;
Daquele acidente infeliz;
Do time do coração;
E com esperança diz:
Ah, vai ser campeão!
Enquanto a chuva cai;
A prosa fica até boa;
Mas, é só dar um estio;
E todo mundo se vai;
Cada um pro seu destino;
Sem perceber o presente;
De Deus juntando pessôas;
Numa chuva irreverente!
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