Não Tem Tradução

O cinema falado é o grande culpado da transformação
Dessa gente que sente que um barracão prende mais que o xadrez
Lá no morro, seu eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do Inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
Mais tarde o malandro deixou de sambar, dando pinote
Na gafieira dançar o Fox-Trote
Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de português
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love you
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone..


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4 comentários em “Não Tem Tradução”

  1. Fernanda Sleiman

    O Brasil no inicio do século XX estava recebendo influencia norte-americana, os Estados Unidos teve um significativo crescimento após a Primeira Guerra Mundial, e exportava sua cultura e ideologia para o resto do mundo. O estilo de vida americano invadia as terras brasileiras, trazendo o como grande novidade para terras tupiniquins o “cinema falado.” A sociedade se inspirava nos filmes e atores americanos, as mulheres se vestiam como Greta Garbo, tudo que era de fora denotava qualidade, e por isso deveria ser imitado. Essa influencia teve inicio na década de 1920, os brasileiros admiravam e conheciam as produções cinematográficas e as músicas estrangeiras, a França, por exemplo, desde o tempo da Belle Epoqué exercia forte influencia sobre o Brasil, os Estados Unidos por sua vez, estava ganhando espaço, seus produtos culturais estava sendo considerado sinônimo e status.
    Como um argucioso observador de seu tempo, Noel Rosa compôs o samba Não Tem Tradução em 1933, onde não apenas registra esse novo costume carioca, como também faz uma critica á “onda de estrangeirismo” que assolava a sociedade brasileira, e logo na primeira estrofe, Noel já aponta o culpado

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