Análise de Letras

A Revolta dos Dândis

Entre o rosto e o retrato, o real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez
Entre o uniforme e a nudez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre a verdade e o rock inglês
Entre os outros e vocês

Eu me sinto um extrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão

Entre mortos e feridos
Entre gritos e gemidos
A mentira e a verdade
A solidão e a cidade
Entre um copo e outro da mesma bebida
E entre tantos corpos com a mesma ferida

Eu me sinto um extrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão

Entre a crença e os fiéis
Entre os dedos e os anéis
Entra ano e sai ano, sempre os mesmos planos!

Wntre a minha boca e a tua há tanto tempo, há tantos planos
Mas eu nunca sei pra onde vamos

E eu me sinto um extrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
E que não passa de ilusão

Que não passa por aqui, não
E que não passa de ilusão!

Comentários

Jean Endres

12/07/2010

A Revolta dos Dandis é o título de um dos capítulos do livro "O Homem Revoltado" de Albert Camus. Esta letra é puramente existencialista, pra quem não conhece o existencialismo é bom ler Kierkegaard e depois Sarte e depois Camus entre outros. Basicamente o que a letra trata é o questionamento sobre qual o sentido de viver esta vida em que as escolhas são pré-determinadas. "estrangeiro passageiro de algum trem" é o próprio sujeito vivendo o "trem da vida", sobre trilhos pré determinados. Na segunda parte da música ele fala da diferenca entre a os dedos e os anéis a crenca e os fiéis etc etc. Ou mesmo na primeira entre o rosto e o retrato, o real e o abstrato tratam da falta de liberdade, nascemos todos condenados a viver e a morrer, e todos os sentimentos e escolhas são pré determinadas. AHH não sei se consegui explicar direito, mas isso é o que é. E sim, o Estrangeiro é o personagem do livro homônimo, um cara que vive completamente alienado de qualquer sentimento e é portanto "livre".

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Juarez Veiga

13/04/2010

Caro Jeferson, muito legal sua retórica, acredito, no entanto que foi usado o termo Dandis justamento para fazer alusao a esses "problemas" esses questionamentos. O personagem titulo (Dandi) se sente um estrangeiro um passageiro que tudo vê, observa, porém nada faz para interceder, como um Dandi senão alheio aos questionamentos, incapaz de decidir sobre eles. Forte abraço.

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Mateus

22/03/2010

Ele usou dândis pq a palavra quer dizer inteligente sábio, logo a música fala sobre a revolta dos sábios ou intelectuais.

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Jeferson Martins

17/02/2009

Essa música é fabulosa... Ela é uma visão do Livro de Alberto Camus, "O Estrangeiro": Ve-se claramente isto, através do refrão: "Eu me sinto um estrangeiro". O livro conta a história de Meursault, uma personagem cuja personalidade é fora dos padrões, o que encaixa o livro no que chamamos de Literatura do Absurdo. Ele simplesmente não toma decisões... É... Verdade... Ele é meio indiferente às coisas... Tentarei reproduzir, de cabeça, um diálogo dele, no livro: A namorada dele: - você quer se casar comigo? Meursault responde: - Sim. - Mas você me ama? - Não. - Se outra mulher lhe pedisse em casamento, você aceitaria? - Provavelmente sim. Eu não vou contar a história do livro, pois perderia a graça do futuro leitor, mas para analisar essa música, tornou-se necessário falar dessa peculiaridade da história. Pois bem, reparem que o Eu-Lírico, assim como a personagem do livro, está sempre "em cima do muro", sempre entre uma coisa e outra, nunca tomando uma posição específica: "Entre o rosto e o retrato, o real e o abstrato Entre a loucura e a lucidez Entre o uniforme e a nudez Entre o fim do mundo e o fim do mês Entre a verdade e o rock inglês Entre os outros e vocês" Há uma outra música, entitulada A Revolta de Dandis II. que segue o mesmo tema: Já não vejo diferença entre os dedos e os anéis Já não vejo diferença entre a crença e os fiéis Tudo é igual quando se pensa em como tudo poderia ser Há tão pouca diferença e há tanta coisa a fazer Esquerda e direita, direitos e deveres, os 3 patetas, os 3 poderes Ascenção e queda, são os dois lados da mesma moeda Tudo é igual quando se pensa em Como tudo poderia ser Há tão pouca diferença há tanta coisa a escolher é tanta coisa a fazer Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo Mas não há mais muito tempo pra sonhar Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo Mas não há mais muito tempo pra sonhar Pensei que houvesse um muro entre o lado claro e o lado escuro Pensei que houvesse diferença entre gritos e sussurros Mas foi engano, foi tudo em vão Já não há mais diferença entre a raiva e a razão Esquerda e direita, direitos e deveres, os 3 patetas, os 3 poderes Ascenção e queda, são os dois lados da mesma moeda Tudo é igual quando se pensa em como tudo poderia ser Há tão pouca diferença,tanta coisa a fazer Tanta coisa a fazer E os nossos sonhos são os mesmos,a tanto tempo mas não há mas tanto tempo pra sonhar.. Nossos sonhos são os mesmos,a tanto tempo mas não há mas tanto tempo pra sonhar.. Tempo pra sonhar Nossos sonhos são os mesmos,amuito tempo mas não há mas tanto tempo pra sonhar.. Nossos sonhos são os mesmos,a muito tempo mas não há mas tanto tempo pra sonhar.. Tempo pra sonhar Tempo pra sonhar Tempo pra sonhar Tempo pra sonhar Vamos possuir retrato no real e o abstrato Entre a loucura e a lucidez Entre o fim do mundo e o fim do mês Entre a verdade e o Rock inglês Essa me lembra o final do livro e dá uma razão à palavra do título "REVOLTA", porém não entendo pq Gessinger usou Dândis, que se não me engano representa "mauricinho", "playboy".

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