Análise de Letras

A fábula

Era uma vez um planeta mecânico
Lógico, onde ninguém tinha dúvidas
Havia nome pra tudo e para tudo uma explicação
Até o pôr-do-sol sobre o mar era uma gráfico

Adivinhar o futuro não era coisa de mágico
Era um hábito burocrático, sempre igual
Explicar emoções não era coisa ridícula
Havia críticos e métodos práticos

Cá pra nós, tudo era muito chato
Era tudo tão sensato, difícil de agüentar
Todos nós sabíamos decor
Como tudo começou e como iria terminar

Mas de uma hora pra outra
Tudo que era tão sólido desabou, no final de um século
Raios de sol na madrugada de um sábado radical
Foi a pá de cal, tão legal

Não sei mais de onde foi que eu vim
Por que é que estou aqui
E para onde devo ir
Cá pra nós, é bem melhor assim
Desconhecer o início e ignorar o fim
Da fábula

Comentários

Ricardo

09/03/2011

Eu penso que é retrata uma quebra de um paradigma mecanicista, onde se pode prever tudo. E no final de um século (XIX) tudo começa a se transformar. A Ciência muda completamente... EX: Quântica, relatividade e o efeito borboleta na teoria do Caos... Nada mais é visto como previsível, fácil de se decifrar. Cá pra nós, um mundo sem essas idéias determinísticas é bem mais real. "Cá pra nós, é bem melhor assim desconhecer o início e ignorar o fim da fábula"

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Fabricio

20/12/2010

Só lembrando, uma versão da Logical Song ~~ Supertramp

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Raí Mariano

13/10/2010

Na minha opinião essa música retrata bem o que se fala no livro "um discurso sobre as ciências" em que é posto toda a história da ciência com seus paradigmas e crises desde o século XVI até os dias de hoje. O planeta mecânico seria a predominância das ciências naturais (paradigma da ciência moderna) como a mais pura ciência para explicar todas as coisas (séc. XVI até o século XVIII). Adivinhar o futuro e explicar emoções já seriam mostras da crise da ciência moderna para a pós-moderna em que se revela vários autores de ciências sociais como Karl Marx e Freud. Após a ciência pós-moderna só nos resta especular, já que o que vale na ciência é o bom-senso (a pá de cal). Humberto Gessinger assume uma postura também descrita no livro que é a de assumir a dúvida ao invés de sofrer com ela em suas dualidades. Assume também a insegurança ao invés de fugir dela: "Cá pra nós, é bem melhor assim desconhecer o início e ignorar o fim da fábula"

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