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Borandá

Vam’ borandá
Que a terra já secou, borandá
É, borandá,
Que a chuva não chegou, borandá
Já fiz mais de mil promessas
Rezei tanta oração
Deve ser que eu rezo baixo
Pois meu Deus não ouve não
Deve ser que eu rezo baixo
Pois meu Deus não ouve não
Vou me embora, vou chorando
Vou me lembrando do meu lugar
É, borandá
Que a terra já secou, borandá
É, borandá,
Que a chuva não chegou, borandá
Quanto mais eu vou pra longe
Mais eu penso sem parar
Que é melhor partir lembrando
Que ver tudo piorar
Que é melhor partir lembrando
Que ver tudo piorar

Chovendo na roseira

Olha 
Está chovendo 
Na roseira
Que só dá rosa 
Mas não cheira
A frescura 
Das gotas úmidas
Que é de Luísa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém

Pétalas de rosa 
Carregadas 
Pelo vento
Um amor tão puro 
Carregou 
Meu pensamento

Olha 
Um tico-tico 
Nora ao lado
E passeando 
No molhado
Adivinhou 
A primavera

Olha 
Que chuva boa 
Prazenteira
Que vem molhar 
Minha roseira
Chuva boa criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que trás o azul

Olha 
O jasmineiro
Eestá florido
E o riachinho 
De água esperta
Se lança 
Em vasto rio 
De águas calmas

(4x):
Ah 
Você é de ninguém

Trenzinho do caipira

Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade e noite a girar

Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra
Vai pela serra
Vai pelo ar

Cantando pelas serras do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar no ar no ar no ar no ar
Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino

Cidade e noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra
Vai pela serra
Vai pelo ar

Cantando pelas serras do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar, no ar

Memórias de Marta Saré

A casa lá na fazenda 
A lua clareando a porta 
Deixando um brilho claro 
Nas pedras dos degraus 
Cristal de lua 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro…

O rosário obrigatório 
O jantar, lá na cozinha 
Todo dia à mesma hora 
As histórias de Dorinha 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro 
Pra dentro

A lanterna azul partida 
A dor, a palmatória, a raiva 
A cantiga mais sentida 
Um galope de cavalo 
Moço Severino 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro

Bate forte o coração 
Dor no peito magoado 
O sorriso mais sem jeito 
Do primeiro namorado 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro, Marta Saré 
Pra dentro 
Pra dentro

Arrastão

Eh! tem jangada no mar
Hei! hei! hei!
Hoje tem arrastão
Eh! todo mundo pescar
Chega de sombra João…

Jovi, olha o arrastão
Entrando no mar sem fim
Eh! meu irmão me traz
Yemanjá prá mim…(2x)

Minha Santa Bárbara
Me abençoai
Quero me casar
Com Janaína..

Eh! puxa bem devagar
Hei! hei! hei!
Já vem vindo o arrastão
Eh! é a Rainha do Mar
Vem!
Vem na rêde João

Prá mim!…

Valha-me Deus
Nosso Senhor do Bonfim
Nunca jamais se viu
Tanto peixe assim…(2x)

Minha Santa Bárbara
Me abençoai
Quero me casar
Com Janaína..

Eh! puxa bem devagar
Hei! hei! hei!
Já vem vindo o arrastão
Eh! é a Rainha do Mar
Vem!
Vem na rêde João

Prá mim!…

Valha-me Deus
Nosso Senhor do Bonfim
Nunca jamais se viu
Tanto peixe assim…(3x)

Pra dizer adeus

Adeus
Vou pra não voltar
E onde quer que eu vá
Sei que vou sozinho
Tão sozinho amor
Nem é bom pensar
Que eu não volto mais
Desse meu caminho
Ah, pena eu não saber
Como te contar
Que o amor foi tanto
E no entanto eu queria dizer
Vem
Eu só sei dizer
Vem
Nem que seja só
Pra dizer adeus

Pianinho

Em vez de ir bem direto àquele assunto que me traz
Eu vim chorando leve de viés…
Gravei de ouvido tantas confissões musicais
Móveis e imóveis tramas que a onda faz
Tangendo a lua branca no convés

E sem negar o sonho não botei nada demais
Um truque se transforma num revés
E uma voz de longe disse assim: Ô rapaz
Falta de medida só revela o incapaz
Imita a simetria das marés

Falando em chopp, bonde, bandolim, retratos, jazz
Moderna e lá no tempo do mil réis
Lembrando então que agora daqui a pouco é jamais
Nazareths, valzinhos, tons, garotos, raveis – reconheci a voz do Radamés

Lembrando então que agora daqui a pouco é jamais
Nazareths, valzinhos, tons, garotos, raveis – reconheci a voz do Radamés
Reconheci a voz do Radamés

Ave rara

Minha vida peregrina
Vai em busca de você
Como se eu fosse um malê
E você fosse a Revelação

Do poente vem teu canto
Ave rara do Islã
Quem é pedra como eu sou
Bebe a água do amanhã

Ah,
Tanta sede é meu destino
Esse amor é beduíno
E o oásis teu lençol

Mas sempre no fim da viagem
Você volta a ser miragem
Areia e sol

Ponteio

Era um, era dois, era cem
Era o mundo chegando e ninguém
Que soubesse que eu sou violeiro
Que me desse o amor ou dinheiro…

Era um, era dois, era cem
Vieram prá me perguntar:
“Ô voce, de onde vai
de onde vem?
Diga logo o que tem
Prá contar”…

Parado no meio do mundo
Senti chegar meu momento
Olhei pro mundo e nem via
Nem sombra, nem sol
Nem vento…

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá cantar…(4x)

Prá cantar!

Era um dia, era claro
Quase meio
Era um canto falado
Sem ponteio
Violência, viola
Violeiro
Era morte redor
Mundo inteiro…

Era um dia, era claro
Quase meio
Tinha um que jurou
Me quebrar
Mas não lembro de dor
Nem receio
Só sabia das ondas do mar…

Jogaram a viola no mundo
Mas fui lá no fundo buscar
Se eu tomo a viola
Ponteio!
Meu canto não posso parar
Não!…

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá cantar, prá cantar
Ponteio!…(4x)

Pontiarrrrrrrr!

Era um, era dois, era cem
Era um dia, era claro
Quase meio
Encerrar meu cantar
Já convém
Prometendo um novo ponteio
Certo dia que sei
Por inteiro
Eu espero não vá demorar
Esse dia estou certo que vem
Digo logo o que vim
Prá buscar
Correndo no meio do mundo
Não deixo a viola de lado
Vou ver o tempo mudado
E um novo lugar prá cantar…

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá cantar
Ponteio!…(4x)

Lá, láia, láia, láia…
Lá, láia, láia, láia…
Lá, láia, láia, láia…

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá cantar
Ponteio!…(4x)

Prá cantar
Pontiaaaaarrr!…(4x)

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Prá Cantar!

A Moça Do Sonho

Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó

Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu

Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais
(mais…)