Compositor(a) da letra: Carlinhos Brown e Herbert Vianna
Álbum da letra: Vamo batê lata
Ano de lançamento: 1995
Rodas em sol, trovas em dó
Uma brasileira, ô
Uma forma inteira, ô
You, you, you
Nada demais
Nada através
Uma légua e meia, ô
Uma brasa incendeia, ô
You, you, you
Deixa o sal no mar
Deixe tocar aquela canção
One more time
Tatibitate
Trate-me, trate
Como um candeeiro, ô
Somos do interior do milho
E esse ão de são
Hei de cantar naquela canção
One more time
Nada demais
Nada através
Uma légua e meia, ô
Uma brasa incendeia, ô
You, you, you
E esse ão de são
Hei de cantar naquela canção
One more time…
Roberto Melanez disse:
A letra dessa música, a exemplo do que ocorre em Açaí do Djavan, não possui um sentido textual. Sua construção foi baseada na sonoridade das palavras. em um aentrevista, o herbert afirmou que ia anotando e transformando em palavras o cantarolar do Carlinhos Brown.
Thiago dos Reis disse:
(Rodas em sol, trovas em dó /Uma brasileira, ô / Uma forma inteira, ô /You, you, you)
No primeiro verso ele quer dizer que ela é como música pra ele, citando notas musicais, trovas e rodas de dança. Também faz-se uma alusão ao interior e às cantigas. Logo em seguida ele cita que ela é apenas uma brasileira e logo depois afirma que ela é completa pra ele, uma forma inteira. E então ele diz quem ela é: you, you you (três vezes porque ela é as três coisas).
(Nada demais /Nada através / Uma légua e meia, ô / Uma brasa incendeia, ô / You, you, you)
Depois de afirmar que ela é completa, ele diz que ela não é nada demais, e não tem nada além do que as outras têm. Porém mesmo distante (uma légua e meia) é ela quem o faz incendiar. Novamente é feita a alusão ao interior -talvez sertão.
Deixa o sal no mar/ deixe tocar aquela canção / one more time
Nessa estrofe o eu-lírico pede para que ela deixe cada coisa em seu lugar, daí a metáfora o sal no mar. E depois faz outra metáfora referindo-se ao relacionamento dele com a pretendente como uma canção. Ele pede mais uma chance, mesmo estando longe.
(Tatibitate / Trate-me, trate / Como um candeeiro, ô / Somos do interior do milho)
Tatibitate é a forma como se fala com recém nascidos, e tatibitate é um tatibitate do verso seguinte (trate-me trate). Aí Herbert Vianna utilizou um jogo de palavras. Ele pede com carinho para que ela o veja novamente como a luz da vida dela e termina insinuando que os dois são pobres, pois a espiga é a parte rejeitada do milho.
(E esse ão de são / Hei de cantar naquela canção / One more time)
O ão de são é o fim da história, e no verso seguinte ele faz o aviso de que o relacionamento deles continuará mais uma vez.
wandsley disse:
Muito coerente. Obrigado.
Guilherme Lisboa disse:
Bela interpretação, impecável.
Barreto disse:
Análise sensacional! Lacrou!
Marcelo Ferreira disse:
Cara, a música ficou nítida depois da sua explicação. Muito boa mesmo.
Ton Araújo disse:
Acho q essa canção é uma crítica ao público do rock in rio,não quiseram falar pra não se queimar,o fato é que o Herbert ficou muito incomodado com o q o público estava fazendo com os artistas brasileiros,ele chegou até a critica-los publicamente no show,logo após ele gravou canção da Paula toller q foi vaiada e o brown recebeu garrafada.Na canção ele traz referência do festival”rodas em sol”em alusão a roda gigante…”Uma brasileira”q o festival era de origem brasileira…”Deixa o sal no mar(referência aos turistas)”…”somos do interior (mostrando q o brasileiro é genuinamente caipira)”…”Deixa tocar aquela canção”, daí ele começa a inserir palavras inglesas em referência a line up do festival ser majoritariamente internacional,onde apesar do festival ser brasileiro,os artistas de fora eram mais privilegiado.
Andreia disse:
O que fizeram com Carlinhos Brown foi horrível, pois ele é simplesmente um dos maiores músicos desse país, isso só revela o quanto somos pobres em relação a cultura genuinamente brasileira.
Diego Monteiro disse:
Gostei muito! Parabéns!
Sérgio Soeiro disse:
Thiago,
Com todo respeito à sua análise, me permita discordar da mesma. Essa letra nem é do Herbert. É do Carlinhos Brown. Na verdade não há o que interpretar nessa música. Trata-se de uma brincadeira dos músicos e não quer dizer absolutamente nada. Bom, a não ser que seja feito um imenso estudo psicológico “em busca das razões que levaram os músicos a bla, bla, bla”…
Enfim, os Paralamas fizeram uma melodia bem animadinha, aí o Carlinhos saiu colocando frases soltas, sem nenhuma ligação entre sí, mas que “coubessem” no andamento musical. Gostaram do resultado e gravaram. Simples assim.
Abraço.
canção do sal disse:
Preciso da interpretação para trabalhar com meus alunos
Egidio disse:
essa musica como disse o colega ai em cima foi uma lombra do brown, hebert corria atras anotando o que ele cantava, não tem sentido. cara que tentou faze a anilse viajou mais do que brown.
Gozart disse:
Não concebo que a parte rejeitada do milho seja a espiga, mas bem a casca.
Joy disse:
Quando um compositor escreve uma canção dificilmente ele joga palavras ao vento sem um sentido especial.
É impossível fazer uma canção tão bela e repleta de coesão sem que o compositor se preocupe em dar sentido a letra, por mais que tenha sido uma brincadeira.
Concordo com o Thiago em sua análise muito bem elaborada sobre a música.
Geovani disse:
Ou não
https://www.youtube.com/watch?v=pFoKjjcLopE
José Roberto de Sá disse:
A interpretação, ou melhor a análise é ótima, assim como é a letra da música. A questão da espiga está corretíssimo.
Hugo Vinicius Ramos Simões disse:
Belíssima música, porém nunca entendi o quis dizer, à análise do carinha aí acima foi muito boa, conseguiu dar um verdadeiro sentido a música que me parecia sem sentido, só não sei se realmente era isso que os Paralamas quiseram dizer.
Angelo disse:
Quando algum compositor coloca sua musica em um cd ela tem a propriedade de se moldar a todas as interpretações.
Portanto, eu achei a colocação da análise do Thiago perfeita.
Lucy Miranda disse:
Perfeito, Thiago! Parabéns!! Ótima análise.