Foi-se o tempo em que ter o que dizer
serviu pra alguma coisa
e encontrei sentido em manter
passos que nada de novo
oferecem ou esperanças de que
tudo isso irá ter fim.
Porque “hoje é mais um dia
como outro dia qualquer” e meus
olhos não acham sentido algum
quando a luz se apaga
e já não vejo as placas.
Me diz pra onde eu vou
quando a voz se cala
e só me restam mágoas.
Me diz quem é que eu sou
quando a um mar de nada
entrego minhas forças
e desisto de entender.
De que vale olhar tanto o espelho
se ninguém vai te procurar ?
De que vale guardar tanto segredo
se ninguém se interessa
por tudo o que você pensa
ter de melhor nessa vida ?
É só mais um dia comum
em que o céu desaba e estrelas de lata
ferem nossas mãos. É só outra ambição
a ser cultivada e depois destroçada.
É só outra ilusão. Me diz pra que então
pensar não ser água e tentar inflamar
nossos corpos em vão. Me diz qual a razão
de cultivar a estrada quando sei que nada
nasce de nossas mãos. É inocência então
crer sobreviver ao dia comum
quando na verdade ele é quem
manda em nossa vida e nos dá o gosto da partida
mesmo sem nunca termos saído daqui.
É só um dia então como outro dia qualquer,
em que você não é ninguém
especial pra ninguém.
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