O Vampiro e o Helianto

Ei Lucien, não vá morrer
Que espero-te com os pés
Transformados em raízes
Pelo tempo em que me alimentei de lágrimas
É de orvalho, meu ópio,
Que ainda me faz esquecer da dor
De querer que tal antes
Quando hoje passo as horas feito tolo
Seguindo o curso do sol

Se amanhece,
Aqui estou a selar tua fonte
Com o beijo que marca que te projeto
E, se escurece, me falta tanto um rumo
Que me perco em memórias
De como passei, oh Lucien
A ver meus dias qual tua sombra eterna
E minhas noites qual, de teus caprichos,
Amaldiçoada viúva

Por isso me recuso a deixar-te partir assim
Feito poeira nos bancos
Quando a chuva vem e canta seu desepero
Sobre esse inferno em que, morto,
Fevereiro, se faz perceber

Não aceito Lucien,
Não me peça pra te deixar partir
Ou ao menos não me deixa aqui feito flor triste…
Não me deixa…
Não me deixa aqui se sei que não vens…
Não me deixa ao sol e sem meu vampiro…


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