Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor
Letra Composta por: Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro
Melodia Composta por:
Álbum: Canto das três raças
Ano: 1976
Estilo Musical:
ESTA LETRA RETRATA O SOFRIMENTO DOS NEGROS NA ÉPOCA DA ESCRAVIDÃO. O NEGRO CANTA MAS ERA DE DOR. CANTAR, PRA NÃO CHORAR.
Não só os negros, essa musica fala das lutas do povo brasileiro, inclui os índios e os inconfidentes (provavelmente mais brancos), fala “TODO o povo dessa terra”. O proprio título inclui as “TRES raças”.
1 resposta · História
Melhor resposta
Interpretando o Texto
A primeira estrofe já começa sugerindo a nossa ignorância a respeito da própria História do Brasil, ao mesmo tempo em que se transforma numa aula da matéria, ao vivo, contada fora das salas de escolas com Educação Padronizada.
O primeiro a sofrer as consequências da invasão territorial foi o índio, seguido, já na segunda estrofe, pelo negro escravo, com ambos demonstrando o sofrimento, pelo canto triste do oprimido em, sabe-se lá quantos, movimentos de resistência além do Quilombo dos Palmares, hoje, um mero folclore.
Ainda na segunda estrofe, surge a terceira raça, a branca, também oprimida desde a, hoje também folclórica, Inconfidência Mineira.
A terceira estrofe conta das tentativas de resistência, das três raças, que acabaram por resultar em um lamento único, descrito no Refrão, com repetição, logo abaixo.
A quarta estrofe já nos transporta para a atualidade, onde sugere que a escravidão, a despeito da Abolição Folclórica do Treze de Maio, persiste e faz de todos nós escravos modernos de uma nova colonização, onde o Capital se usa do trabalhador sem os devidos respeito e valorização.
Independentes de cor ou raça, permanecemos todos escravos, pela Ignorância Cultural Acomodada.
Mas essa pequena idéia do texto ainda é muito pouco para tentar traduzir a toda a beleza do Samba, pois nos dá, quando muito, uma breve aula de História, mostrando a cultura dos compositores.
Maravilhosa sua análise, também sinto que é disso que se trata. O sofrimento das três raças.
Desculpem a intromissão, só reti
ficaria a parte do índio, pois o índio referido na música é o negro das tribos africanas.
Não o índio brasileiro.
Não, amiga, o próprio autor fez uma análise. Vou colar aqui uma parte do texto onde ele explica:
“…A Terra foi tomada em nome do rei. E o índio guerreiro foi vencido e escravizado ao trabalho da lavoura, em favor da civilização. E, do cativeiro, ecoaram os primeiros cantos tristes que começaram a definir o nosso canto brasileiro. Dado ao gigantismo da nova nação descoberta, precisavam os conquistadores de muitos e muitos braços para o trabalho, que se prenunciava tão grande quanto o próprio território. E importaram de suas colônias africanas a raça nascida escrava: a raça negra…”
Acho que as respostas está ao contrario das estrofes pq eu acho que a terceira não é a segunda pq fala do lamento
Muito boa música, as 3 raças em olhos artísticos enriquecidos
Quais sao as 3 raças q a musica falar
Índio ,negros e brancos
As três raças do título são os povos que formaram o povo brasileiro. Primeira raça: indígenas já habitavam o Brasil e foram escravizados pelos portugueses. Como conheciam a região, conseguiam escapar para dentro das matas. Quando não conseguiram escravizar o indígena, os europeus traficaram, de terras africanas, pessoas que se tornaram escravas principalmente em razão das guerras entre tribos rivais. Esses desconheciam a terra e poucos conseguiram fugir do cativeiro. É a segunda raça. A terceira raça, são brasileiros brancos e portugueses que já sentiam pertencentes ao Brasil, citando os participantes da Inconfidência Mineira, que são mortos e exilados pela Coroa Portuguesa. Depois, Já não se dividem em indígenas, africanos e portugueses, as três raças se tornam “o povo dessa terra”. Já, em um país independente, as três raças se tornam o trabalhador, explorado economicamente, ainda está cativo do poder econômico. E o canto é ensurdecedor, pois são milhares de pessoas, brasileiros, nessa condição.