Mano a Mano

Meu pára-choque com seu pára-choque
Era um toque
Era um pó que era um só
Eu e meu irmão
Era porreta
Carreta parelha a carreta
Dançando na reta
Meu irmão
Na beira de estrada valeu
O que era dele era meu
Eu era ele
Ele era eu

Ela era estrela
Era flor do sertão
Era pérola d’oeste
Era consolação
Era amor na boléia
Eram cem caminhões
Mas ela era nova
Viçosa, matriz
Era diamantina
Era imperatriz
Era só uma menina
De três corações
E então

Atravessando a garganta
Jamanta fechando jamanta
Na curva crucial
Era uma barra, era engano
Na certa, era cano
Na mão, mano a mano
Pau a pau
Na beira de estrada se deu
Se o que era dele era meu
Ou era ele ou era eu

Ela era estrela
Era flor do sertão
Era pérola d’oeste
Era consolação
Era amor na boléia
Eram cem caminhões
Mas ela era nova
Viçosa, matriz
Era diamantina
Era imperatriz
Era só uma menina
De três corações
E então

Então lavei as mãos
Do sangue do
Meu sangue do
Meu sangue irmão
Chão


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Estilo Musical:

6 comentários em “Mano a Mano”

  1. Rogério Alves de Oliveira

    Esta é uma daquelas músicas que você se pega cantando, ou cantarolando, ou assoviando, em um dia qualquer, e nem lembra quando foi a última vez que ouviu. Geralmente, quando isso acontece, você ouviu há pouco tempo. Mas isso não importa tanto. Compositores como João Bosco e Chico Buarque fazem canções assim. Obras-primas, que “grudam” no ouvido ou no cérebro, e fica reverberando deliciosamente por dias. Infelizmente, nosso ouvido nem sempre é tão erudito, e outros tipos de músicas, bem menos cotadas, e normalmente de autores menos cotados ainda, também se “grudam” e nos pegamos cantarolando, e constrangidos tentamos “limpar” da memória… mas quero falar das boas músicas, essas como Mano a Mano, e que nos dão orgulho quando nos pegamos assoviando.
    Quando viajo pelo Brasil e passo por cidades como Pérola d’Oeste, no Paraná, ou Diamantina, em Minas, por exemplo, sempre essa música me vem à mente.
    Por causa disso, outro dia entrei no Google e procurei um lugar onde alguém comentasse sobre letras de músicas e tal, e acabei vindo até aqui, o analisedeletras.com.br – um achado até então, e que eu espero passar a frequentar.
    Quanto a esta música, Mano a Mano, de Chico e João Bosco, dois gigantes, na minha modesta análise, fala de dois caminhoneiros, talvez grandes amigos, talvez mesmo irmãos de sangue, a letra não deixa claro. O que entendi da linda letra é que um deles tinha uma mulher, ou teve em algum momento essa mulher, e o outro também a teve… e o primeiro lavou sua honra, matando o amigo/irmão por causa das traição. Isso parece óbvio. Minha análise é esta, e minha proposta é que mais gente analise, e traga à discussão detalhes que eu provavelmente não percebi na letra. A letra, a melodia, e as interpretações tanto de J. Bosco quanto de Chico são tão maravilhosas, que o melhor mesmo é curtir o som sem se atentar tanto à história. Mas fazer isso também é importante. Vamos lá. Digam o que pensam e vamos discutir essa obra-prima.

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  2. Rogerio Cavaletto

    Concordo integralmente com o comentário do meu xará. Acrescento ainda que a genialidade dos compositores é tanta que eles conseguiram fazer com que todos os atributos da menina fossem cidades brasileiras: Estrela – RS; Flor do Sertão – SC; Pérola d’Oeste – PR; Consolação – MG; Nova (Nova Iguaçu -RJ; Nova Lima – MG, etc.); Viçosa – MG; Matriz (Matriz de Camaragibe – AL); Diamantina – MG; Imperatriz – MA e Três Corações – MG. Destinos conhecidos pelos caminhoneiros que cruzam nossas estradas.
    Em relação a Três Corações, mostra a ambiguidade de ser natural daquela cidade ou estar vivendo um triângulo amoroso. Tudo isso envolto por uma melodia magnífica e um arranjo primoroso. Infelizmente não obteve o sucesso merecido

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  3. A minha única discordância é entre Nova e Viçosa, pois existe a cidade de Nova Viçosa na Bahia. No mais, além de concordar com ambos os comentários, só resta dizer que é uma música sensacional, de uma poesia única que só dois gigantes como Chico e Bosco conseguiriam fazer.

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  4. Decio Pedroso

    Ao que já foi dito anteriormente, sobre o que concordo integralmente, especialmente a lamentar que não tenha feito tanto sucesso como merecia, gostaria apenas de enfatizar que os dois eram inseparáveis e enfrentavam juntos e com desprendimento todas as agruras das estradas. Nesse ponto, a descrição do ambiente e as analogias remetem à dureza da profissão, mas com otimismo e alegria.
    Num segundo momento, surge a figura feminina, cuja descrição já foi muito bem retratada pelos que me antecederam, e que era tão maravilhosa que valia “cem caminhões”, ou seja, uma grande transportadora, que é o sonho de todo caminhoneiro.
    Logo em seguida, é muito interessante como o clima descrito muda completamente. As analogias remetem a paisagens e ocorrências típicas das estradas, mas também a briga, disputa, enfrentamento. É como se na primeira parte fosse um dia de sol iluminado e na terceira, uma tempestade desabasse sobre os protagonistas. Acho absolutamente genial o emprego das expressões “Atravessando a garganta”, que pode ser entendido como os caminhões cruzando o citado acidente geográfico, como também a óbvia agressão. “Na certa era cano”, o cano pode ser entendido tanto como problema quanto como arma. “Mano a mano” é de um cinismo lindo, pois na primeira parte eles eram irmãos, ou como irmãos e no final estão em uma disputa “mano a mano”, ou seja, entre eles somente. E finalmente, o “O que era dele era meu / Eu era ele / Ele era eu” foi para o diametralmente oposto “Se o que era dele era meu / Ou era ele ou era eu”
    Fantástico.

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  5. Ressuscitando os comentários porque somente hoje conheci esse site de análise de letras. Muito bacana, por sinal.
    Ao que já foi dito, tenho apenas a acrescentar que o próprio Chico afirma se tratar de nomes de cidades, etc, como já foi dito aqui. Mas há quem era também expressa referência à cidade de Brasília (a pérola d’oeste, flor do sertão, ‘matriz’ do Brasil), visão reforçada pela menção à Diamantina, terra natal de Kubitscheck, seu idealizador. Os ‘cem caminhões’ referindo-se aos diversos caminhões utilizados para sua construção.
    Por fim, e para não me estender muito, a menção ao acidente que vitimou Kubitscheck, que ‘na beira da estrada se deu…’
    Será essa uma interpretação razoável? Em todo caso fica aí minha contribuição.

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