Gente Humilde

Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Como um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a tudo
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar

São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar


Letra Composta por: Chico Buarque, Garoto (Aníbal Augusto Sardinha), e Vinicius de Moraes
Melodia Composta por:
Álbum: Origens
Ano: 1981
Estilo Musical:

11 comentários em “Gente Humilde”

  1. nessa musica Chico Buarque mostra a vida simples do povo brasileiro,povo que luta,trabalha,mora no subúrbio,”não tem com quem contar”mas que para o poeta essa gente humilde vive melhor que ele,que chega a sentir inveja dessa gente.o poeta tem vontade de viver longe dos “holofotes”(um desejo de eu viver sem me notar),ter uma vida simples como gente humilde.ele tem consciência do sofrimento do povo e se sente frustrado por não poder fazer nada pra mudar a situação dessa gente(me dá uma tristeza…de eu não ter como lutar)e mesmo não sendo uma pessoa religiosa ele pede pra que Deus cuide dessa gente(e eu que não creio peço a Deus por minha gente)ele se angustia com as condições de vida da pobreza.Com tantas boas características de Chico uma das que mais me chama a atenção é essa afinidade que ele tem com os menos favorecidos.ele sabe (e todos sabemos)que não se trata de um artista do povão mas em quase todas as suas obras a simplicidade do povo brasileiro está presente.nascido numa sociedade privilegiada,de uma família tradicional era pra ele cantar um outro tipo de vida.talvez a herança do pai que era sociólogo(Sérgio Buarque)tenha mexido com sua maneira de ver o mundo.

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  2. O que mais me chama a atensão é a frase: “E eu que não creio…”, Chico é agnóstico, mas num momento de profunda ternura pelo seu povo pede a Deus por eles. Emocionante.

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  3. jean pierre

    São casas simples
    Com cadeiras na calçada
    E na fachada
    Escrito em cima que é um lar
    Pela varanda
    Flores tristes e baldias
    Como a alegria
    Que não tem onde encostar
    E aí me dá uma tristeza
    No meu peito
    Feito um despeito
    De eu não ter como lutar
    E eu que não creio
    Peço a Deus por minha gente
    É gente humilde
    Que vontade de chorar

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  4. Lucas Lemos

    Boa tarde!

    Apenas para complemento… Essa “música” é do Chico sim! Em parceria com o Garoto e com o Vinicius de Moraes. Além do mais, essa foi a primeira parceria do Chico com o Vinicius.
    Sabemos que a letra não é por completo do Chico, mas ele tem parceria em alguns versos sim.
    No demais, ótima postagem e grande POEMA!!!

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      1. Dante Soares Carnevale

        Notas sobre Gente humilde
        Por Humberto Werneck

        Letra – ¨Gente Humilde

        Teria surgido nos anos quarenta, durante uma visita do violonista Garoto (Aníbal Sardinha) a um subúrbio carioca. De repente, ao observar aquelas pessoas e suas casas modestas, ele resolvera homenageá-las numa canção.

        Tempos depois, acabaria gravando-a num acetato para o professor mineiro Valter Souto, registro que possibilitou a sobrevivência da composição, que se mantinha inédita em disco comercial.

        Finalmente, quase quinze anos depois da morte de Garoto, Baden Powell mostrou-a a Vinicius de Moraes que, apaixonando-se pelo tema, deu-lhe uma letra em parceria com Chico Buarque.

        Aliás, uma letra primorosa que, segundo o próprio Chico, é quase toda de Vinicius: “São casas simples, com cadeiras na calçada / e na fachada escrito em cima que é um lar / pela varanda, flores tristes e baldias / como a alegria que não tem onde encostar…”.

        Em que pese um certo exagero sentimental, o poema exprime em belas imagens a admiração comovida dos autores pelo modo de vida conformado daquela gente, “que vai em frente, sem nem ter com que contar”.

        Fonte: Livro 85 anos de Música Brasileira Vol. 2, 1ª edição, 1997, editora 34.

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