Cotidiano

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pr’eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde, como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
Me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode as seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã


Letra Composta por: Chico Buarque
Melodia Composta por:
Álbum: Construção
Ano: 1971
Estilo Musical:

37 comentários em “Cotidiano”

  1. Willianey C.S.

    O nome da música já diz tudo!!

    Uma eterna repetição dos comportamentos diários, o homem (marido) pensa em pedir “Chega!!!” …
    Ficando com um grito calado roendo sua aflição fria e sem ânimo.

    Desiste de desistir, continua fingindo como se nada acontece-se já que tem sua vida (família, trabalho, etc).

    Já vi isso aconter e é um sofrimento.

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  2. Rubens Mota

    A genialidade do Chico Buarque é algo sensacional! As metáforas que ele usa nesta letra para descrever um dia-a-dia trivial de um brasileiro comum são a prova eloquente de que ele é ímpar. Só para citar algumas, destaco: as bocas “…de hortelã” (beijo com gosto de creme dental), “…de café” (beijo com gosto de café); “… de feijão” (beijo com gosto de feijão) além, é claro, das “bocas” de paixão e de pavor. Todas essas “bocas” magistralmente encadeadas em sequência no texto para representar o desenrolar autêntico da vida em comum de um casal comum. Bravo, bravíssimo!!!

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      1. JUNIO ROCHA DA SILVA

        9(Uma eterna repetição dos comportamentos diários, o homem (marido) pensa em pedir “Chega!!!” …
        Ficando com um grito calado roendo sua aflição fria e sem ânimo.
        Desiste de desistir, continua fingindo como se nada acontece-se já que tem sua vida (família, trabalho, etc).

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      2. JUNIO ROCHA DA SILVA

        (Uma eterna repetição dos comportamentos diários, o homem (marido) pensa em pedir “Chega!!!” …
        Ficando com um grito calado roendo sua aflição fria e sem ânimo.
        Desiste de desistir, continua fingindo como se nada acontece-se já que tem sua vida .

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  3. Lúcia Santana

    Parece que ele esta falando de um casamento falido. Onde não há mas espaço para o amor e o tesão não toma mas conta da cama.Ele não consegue mais sentir o gosto do beijo, o gosto da lingua, apenas senti o gosto do cotidiano em forma de beijo. E ele pensa na separação, mas ainda não tem coragem de largar tudo, de sair de casa, de dizer Adeus. Então ele prefere viver na mesmice do dia á dia, tem medo de faze-la sofrer.

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  4. acho que a letra dessa musica transforma em musica a monotonia de um casal de baixa renda,apaixonado um pelo outro, com as preocupações do dia-a-dia, mas que por falta de meios não consegue sair da rotina monotona do cotidiano.

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  5. Trazendo para o lado educacional, percebo que a letra da música retrata a realidade das escolas tradicionalistas, nas quais predomina o método de repetição
    mecânica, sem inovação alguma…

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  6. Samantha M.V.A.S

    Comparando a musica com o planejamento escolar, o docente costuma a fazer das aulas um cotidiano, trivial onde fazem atividades repetidivas e sem nenhuma motivão. Refletindo sobre isso, nós docentes devemos fazer justamente o contrário, devemos planejar nossas aulas inovando sempre para a efetivação satisfatória da aprendizagem, temos que ter flexibilidade.

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  7. A música prossegue repetindo palavras, num ritmo constante e repetitivo, no qual as ações se sucedem de modo sempre imprevisível. A música não nos sugere paixão nem tampouco ódio entre os conjuges. Apenas descreve a rotina diária de um casal, que pode significar segurança como também um certo tédio.

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  8. Essa música me remete a uma relação falida que se sustenta pela inércia do casal. ´Principalmente dele, que parece não ´não aguentar mais a rotina mas prefere se “calar com a boca de feijão” para não incomodar a mulher que lhe faz tudo para agradar.
    É possivel ver isso em muitos relacionamentos atuais, onde mesmo sofrendo algumas pessoas preferem ficar juntos por estarem acostumadas a viver juntos.
    a genialidade de Chico se dá tanto na letra quanto no tom da música, em que o a baladinha ilustra o ritimo da vida do casal.

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  9. Tânia Barros ;)

    Observa-se que a música expressa a vida intediante de um homem casado por conta de uma vida rotineira mais por conta da eventual responsabilidade familiar e pelo comodismo com tal vida deixa-se levar por ela sem muitas queixas “engolindo” sua vontade de ter uma vida mais vamos dizer que tribulatoria. Muitos casamentos acabam por que os casais deixam de fazer coisas legais juntos como viajar,ir a praia,ir a uma festa, mudar sempre que possivel de visual não acho que casamento precise ser uma coisa que se torne tédio se o casal se ama tem que buscar está se divertindo se todo casamento fosse ruim não tinha gente que era casado a mais de 40 anos por exemplo depende dos dois quererem ficar juntos,buscarem não ficar tão presos ao trabalho e aaa meu CURTIR! TODOS OS RELACIONAMENTOS SÃODIFICEIS! Seja com sua mãe,com seu irmão sempre irão haver desavenças ninguem pode querer felicidade a todo momento ela é transitoria e ela não está no outro está em nós!

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  10. José Geraldo Delprete

    Parece uma cronica musicada, na qual o cotidiano é retratado de uma forma ambígua , que tanto pode ser uma relação que caiu na mesmice da falta de novidades ou então a total falta de coragem em inovar .

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  11. Os três primeiros quarteots e os dois últimos explicitam “todo dia” e remete à atividade diária.
    entretanto, deve-se considerar o que está subentendido e o pressuposto, pois esses dois são distintos. O que está subentendido é a relação de diária de um casal; que não poderemos nunca saber se a segunda pessoa é um homem é o pressuposto.

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  12. Brilhante! A vida rotineira e atada ao cotidiano de levantar e trabalhar pela mais básica necessidade é pontuada, para o marido, pelos beijos da mulher, que tem um gosto dependendo do horário, o que acaba também marcando e pontuando o tempo. Trata-se, assim, de um casal apaixonado, que ainda é consciente da própria paixão em meio à rotina opressiva pelo sustendo! Bravo!!!

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  13. Também acho que a musica fala de uma relaçao entre homem e mulher. A mulher apaixonada não quer perder o marido (“Toda noite ela diz pra eu não me afastar” e “E me beija com a boca de paixão”); já o homem nao vê mais graça na relação e pensa “em poder parar” e “dizer não”. Só que a conveniência do matrimônio o faz calar “com a boca de feijão”.
    Essa musica é uma linda forma de dizer que a rotina esfria a vida de um casal e coloca em risco o casamento.

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  14. Retrata o cotidiano do cidadão, que é acordado todos os dias pela mulher da mesma forma e segue o dia da mesma forma. Só que esse cotidiano cai na mesmice. Assim ele pensa em poder parar – mudar essa rotina – quando tá cedo, mas quando chega ao meio-dia ele já se acostuma novamente e desiste de parar a rotina. Coisa que comumente as pessoas fazem… dizer que vai mudar a vida quando acorda ou dorme e ao fim da tarde percebe-se que repetiu as mesmas coisas de sempre.
    A rotina se percebe também pelo fato do Chico repetir as mesmas estrofes, como num loop eterno. A rotina que nunca para.. e se repete, repete, repete. Linda música!

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  15. Neuzelito filho

    Ao meu ver, pode ter uma interpretação no contexto da ditadura militar.A mulher teme q seu marido “desapareça” , “Todo dia ela diz que é pr’eu me cuidar” ,e com sua chegada do trabalho ela se sente aliviada , “Ela pega e me espera no portão Diz que está muito louca pra beijar E me beija com a boca de paixão.”.
    Chega um momento que o marido não aguenta tanta repressão , e por um momento decide não aceitar mais aquilo, “Todo dia eu só penso em poder parar;
    Meio-dia eu só penso em dizer não”, mas lembra que tem uma familia para cuidar e acaba por desistir,”Depois penso na vida pra levar
    E me calo com a boca de feijão.”
    Linda música!

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  16. A música foi uma forma de Chico mostrar como era seu cotidiano na ditadura, como na época não se podia ser claro, a forma que ele usou pra isso, foi “caricaturizar” a polícia como a “mulher”, isso dá pra perceber em todos os trechos da música, mas fica evidente em trechos como:

    Todo dia ela faz tudo sempre igual
    Me sacode às seis horas da manhã…
    Todo dia ela diz que é pr’eu me cuidar…
    Diz que está me esperando pro jantar….
    E me beija com a boca de café

    Todo dia eu só penso em poder parar
    Meio dia eu só penso em dizer não
    Depois penso na vida pra levar
    E me calo com a boca de feijão

    Seis da tarde, como era de se esperar
    Ela pega e me espera no portão

    Toda noite ela diz pra eu não me afastar
    Meia-noite ela jura eterno amor
    Me aperta pra eu quase sufocar
    E me morde com a boca de pavor

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  17. Gesileide Oliveira

    Quando ele diz que só pensa em parar, ele se refere a dizer não ao patrão opressor e encarar uma greve. Depois pensa na vida prá levar e se conforma pq sabe que só ele vai mudar tudo mas não muda.

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  18. A música não é sobre o cotidiano de um relacionamento entre homem e mulher, e sim uma metáfora sobre o cotidiano em um governo militar.

    Não se pode analisar essa letra ignorando o contexto histórico e o restante do disco.
    O disco “Construção” foi gravado no ápice do governo militar, marcando a volta de Chico Buarque do exílio na Europa.

    Algumas músicas são sutis, mas outras deixam bem evidente o descontentamento de Chico com o governo, “Deus Lhe Pague”, “Construção”, “Cordão”, “Samba de Orly”.

    Se você ouvir todas as faixas em sequência, é evidente que “Cotidiano” tem algo a dizer.
    Ela descreve um cenário em que o governo fazia uma propaganda nacionalista, de amor a pátria e aos brasileiros, mas tentava botar todo mundo na linha (rotina) e pegava os “subversivos” de surpresa.

    A análise do “lullycat” exemplifica muito bem o que eu quero dizer com os versos da música.

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    1. Lilian Ethel

      Descreve a rotina de um casal em 1971, época da ditadura militar no Brasil, com uma censura muito forte. Cotidiano é uma canção de protesto disfarçado conforme seu contexto histórico!… é claro Marcelo. Mto bom.

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  19. Ricardo Rodrigues

    Chico Buarque é genial…
    Retrata o quanto a ditadura retratando o dia-a-dia e como chico repete a música e os versos… ele é um gênio

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  20. Luis Andrade

    Existe varias interpretações embutidas na musica, cada ouvido interpreta de um jeito, cada um sente a musica de um jeito. A genialidade de Chico nos leva ao nosso universo complexo em forma de musica. Sinto ao ouvir essa musica, a esperança perdida nos casamentos atuais…

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  21. Francisca Barroso

    A genialidade de chico em forma de metáfora falar da ditadura usando uma mulher do lar, enfadonha, rotineira, cansativa e sufocante que apesar das palavras de carinho e posse o morde com a boca de pavor…Mas é uma musica quem trazendo para outra situação, temos diversas versões. Salve Chico Buarque, um gênio da humanidade.

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  22. lindo de se ouvir e ler. essa é uma das musicas que mais me faz sentir. se tornou tudo muito certo, sem espaço para mudança. viver se torna apenas uns dias repetidos e a mesma conversa de sempre. o cotidiano é certa ditadura. e essa musica me fez entender maravilhosamente esse lado. ficamos presos a todos os aspectos da sociedade. e a falta de liberdade trás todo aquele desgaste. a paixão se torna apenas obrigatoriedade, um vai e volta de relacionamentos mecânicos. a vida se transforma nessas mesmices sem graça. dias após dias de limitação. é triste. ainda mais para chico, em meio a ditadura. falta de liberdade no cotidiano, mas também nos sentimentos, na expressividade.

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  23. A MULHER TRAIU?
    Trata-se, como a maioria das músicas desse mestre, de um texto com várias camadas de interpretação. Veja-se que não há necessariamente uma interpretação única e engessada. Nos diversos caminhos de leitura, há várias possíveis, a ditadura, um louvou à doce vida cotidiana de casal, um desabafo da monotonia de um casal.
    Porém, ouvindo com atenção a interpretação vocal do autor na versão de estúdio, recentemente me ocorreu um duplo sentido nas BOCAS que ela usa para beijá-lo… Ele fica o dia fora. Quando ele volta, ela o beija com a boca de Café, de Feijão (apelidos comuns na época a homens afrodescendentes), do Hortelão (ouça a pronúncia), do Paixão (Sobrenome)… insinuando que ela o beijava ainda com o gosto da boca de um de seus amantes na boca… 6 da tarde (como era de se esperar) ela me espera no portão (ou estaria chegando em casa àquela hora, coincidentemente flagrada no portão?). A malícia (tanto do homem quanto da mulher, (do malandro) é comumente retratada pelo Chico. Eis uma sugestão de leitura do texto. Abraços.

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  24. JUNIO ROCHA DA SILVA

    (Uma eterna repetição dos comportamentos diários, o homem (marido) pensa em pedir “Chega!!!” …
    Ficando com um grito calado roendo sua aflição fria e sem ânimo.
    Desiste de desistir, continua fingindo como se nada acontece-se já que tem sua vida .

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  25. JUNIO ROCHA DA SILVA

    (Uma eterna repetição dos comportamentos diários, o homem (marido)
    Desiste de desistir, continua fingindo como se nada acontece-se já que tem sua vida .

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  26. Adilson Galvão de Miranda

    Fazendo a Analise Síntática da letra, Chico fez todos os verbos no Modo Presente do Indicativo –
    ( tudo que se faz no dia a dia ). Daí então veio o nome Cotidiano

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