Bancarrota Blues

Uma fazenda
Com casarão
Imensa varanda
Dá gerimum
Dá muito mamão
Pé de jacarandá
Eu posso vender
Quanto você dá?

Algum mosquito
Chapéu de sol
Bastante água fresca
Tem surubim
Tem isca pra anzol
Mas nem tem que pescar
Eu posso vender
Quanto quer pagar?

O que eu tenho
Eu devo a Deus
Meu chão, meu céu, meu mar
Os olhos do meu bem
E os filhos meus
Se alguém pensa que vai levar
Eu posso vender
Quanto vai pagar?

Os diamantes rolam no chão
O ouro é poeira
Muita mulher pra passar sabão
Papoula pra cheirar
Eu posso vender
Quando vai pagar?

Negros quimbundos
Pra variar
Diversos açoites
Doces lundus
Pra nhonhô sonhar
À sombra dos oitis
Eu posso vender
Que é que você diz?

Sou feliz
E devo a Deus
Meu éden tropical
Orgulho dos meus pais
E dos filhos meus
Ninguém me tira nem por mal
Mas posso vender
Deixe algum sinal


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2 comentários em “Bancarrota Blues”

  1. O eu-lirico está vendendo uma fazenda colonial com escravos dentro para um outro possível colonizador. Na letra ele romantiza a situação dos escravizados e da violência por esses sofrida com memórias boas do colonizador. Para além dessa interpretação direta vejo a letra como também uma crítica ao colonialismo atual, minha interpretação esse grande território colonial não é só uma fazenda, é o Brasil sendo vendido para imperialistas e colonizadores que se interessem em nos explorar no passado e atualmente.

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